Por onde andei - Anavitória ♪
Cena censurada: Clara e Helena se beijam outra vez e bebem vinho (4/5).
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Clara já tinha feito de tudo. Absolutamente tudo.
Já tinha tentado se distrair mexendo no celular. Já tinha percorrido todos os canais que gostava na televisão — e até os que não gostava — e não tinha conseguido encontrar nenhum que fosse capaz de entretê-la por mais de trinta segundos. Já tinha passado algum tempo conversando com Rafa para ver se aquela bendita hora passava, enchendo-o de perguntas sobre a faculdade, querendo saber de Kate e como ia o namoro deles, e aproveitando a oportunidade para sondar o filho a respeito de Jeni, se sua irmã tinha comentado alguma coisa com ele sobre o que tinha acontecido entre ela e Theo — não só porque era naturalmente curiosa, mas porque seria reconfortante saber que em algum âmbito da sua vida, seu marido estava no mais completo caos assim como ela.
Já tinha passado minutos infindáveis pensando em tudo o que diria a Helena e sentido o seu estômago revirar de nervoso mais de uma vez. Já tinha recorrido ao Google e esquematizado uma espécie de plano B, caso as coisas dessem errado, e, felizmente, havia encontrado tudo o que precisava a tempo. Já tinha andado de um lado para o outro da sala a ponto de fazer um buraco no chão, totalmente impaciente com aquela espera interminável por Helena. Já tinha lutado contra a própria vontade de descer até a academia à sua procura e vencido aquela mesma batalha sucessivas vezes. Já tinha se maquiado para tentar disfarçar a cara de choro para que Helena não notasse que ela estava com o rosto todo inchado e vermelho — com as pálpebras do dobro do tamanho normal —, mesmo que soubesse que Helena tinha percebido que ela chorava ao telefone. Clara já tinha feito de tudo para que a hora passasse e aquela espera infinita acabasse logo de uma vez, mas ela nunca batia à sua porta.
Por um breve momento, Clara se questionou se Helena não tinha ido embora, se não tinha ido direto para casa como sempre fazia e se esquecido dela.
Muito provavelmente, se fosse qualquer outra pessoa, Clara até poderia ter se deixado levar por tais pensamentos e acreditado fielmente neles. Mas aquela era Helena.
Helena.
He-le-na.
E, de alguma forma, mesmo depois de tudo o que havia acontecido, o seu coração tinha a total certeza de que ela jamais faria isso.
Jamais.
Porque Clara sabia que quando Helena prometia algo, ela cumpria. Ia até o fim. Confiava nela mais do que em qualquer um — agora conseguia enxergar isso com exatidão —, porque Helena já tinha lhe provado diversas vezes, através de palavras e também de atitudes, que Clara poderia se jogar ao vento, do mais alto céu, que ela estaria lá embaixo para pegá-la no colo e lhe dar toda a segurança do mundo outra vez. E isso foi mais do que suficiente para que aquela dúvida não lhe assombrasse mais.
Clara só precisava permanecer firme e aguentar mais um pouquinho. Só precisava se distrair com alguma coisa e, quando menos esperasse, Helena subiria e acabaria com aquela agonia em seu peito.
Mas que horas isso aconteceria? Quando ela chegaria? Quando Clara ouviria o som da campainha e veria Helena de novo? Parecia que ela estava há semanas, meses, anos, séculos, milênios sem encontrá-la!
Clara gostaria de ter perguntado se a sua última aula ia até às sete, às oito, às nove, às dez...
Meu Deus!
Se fosse até às dez, ela iria enlouquecer!
Talvez até fosse melhor tomar um calmante só para garantir, porque senão com certeza iria ter uma crise nervosa!
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Tudo O Que Nunca Tiveram | Clarena
FanfictionColetânea de cenas censuradas, cenas que aconteceram na minha cabeça e domestic scenes entre Clara e Helena.