Canção de Hotel - Anavitória ♪
Cena censurada: Clara e Helena se beijam outra vez e bebem vinho (1/5).
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Os dedos de Helena tamborilavam nervosamente em sua coxa enquanto ela encarava os números acima do elevador mudarem lentamente.
Seria possível que ele estivesse parando em cada mísero andar? Porque só isso explicaria o motivo de estar demorando tanto!
Ela já devia estar ali há mais de cinco minutos e ele sequer havia saído dos dois dígitos!
Isso era algo com que ela estava tendo dificuldade de se acostumar. O prédio onde morava há mais de três anos tinha apenas quatro andares, e o elevador, assim como o porteiro, era inexistente. Já tinha se adaptado aos lances de escada e há um bom tempo isso tinha deixado de ser um problema, — talvez apenas nos dias de mercado, mas isso era outra história — só que agora estava refém de uma lata de ferro que não se movia por nada e a fazia perder minutos preciosos!
Helena tentou apertar o botão outra vez para que o elevador chegasse mais depressa, mas a senhora de cabelos grisalhos ao seu lado foi mais rápida e apertou o botão já vermelho umas três vezes.
Talvez não fosse só Helena que estivesse impaciente.
Ela soltou um suspiro inconformada e olhou para a personal buscando algum tipo de compreensão mútua sobre como aquilo era um absurdo. Helena pensou que devia estar bem explícito no seu rosto o quanto também já estava de saco cheio, porque a senhorinha revirou os olhos e sacudiu a cabeça de um lado para o outro, reclamando em um volume tão baixo que Helena não conseguiu entender o que ela dizia.
Chegava a ser engraçado como todo dia era a mesma coisa e como mesmo assim, ela ainda esperava que fosse diferente toda vez.
Todo dia chegava, estacionava o carro em uma das vagas de Clara, e perdia uns dez minutos — talvez quinze — esperando pelo elevador. Todo dia cogitava subir os nove andares de escada — porque na sua cabeça, quem sobe 4, sobe 9 —, mas sempre que estava prestes a pegar a saída de emergência, o elevador chegava no último segundo.
Helena olhou para o visor acima das portas de metal e quase grunhiu ao ver que ele estava parado no décimo primeiro andar.
Jogou a cabeça para trás e respirou profundamente, completamente frustrada.
Não aguentou.
"Não é possível um negócio desse!" Não era uma pessoa que se estressava fácil, mas caramba quantas pessoas moravam naquele lugar? E porquê todas elas decidiam sair ao mesmo tempo e justo no momento em que ela chegava do trabalho?
"Ai, minha filha, depois das sete isso aqui fica um pesadelo!" A senhora de cabelos grisalhos deu os seus dois centavos sobre o assunto, e por mais que ela exibisse as sobrancelhas franzidas e o ar irritadiço, sua voz era tão fininha que a reclamação nem parecia de fato uma reclamação.
Helena balançou a cabeça em concordância porque estava aprendendo na prática que aquilo era realmente verdade. Pensou então se numa próxima reunião de condomínio poderia reclamar para que algo pudesse ser feito ou se deveria falar diretamente com o Seu Montenegro antes de qualquer coisa.
Só que ao pensar naquilo, ela acabou dando um sorriso bobo porque já até tinha sido incluída no grupo do prédio. E tudo bem, era só mais um detalhe, talvez uma besteira, mas tal coisa a fez sentir que isso era mesmo real, que essa era a sua nova realidade, que pertencia ali.
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Tudo O Que Nunca Tiveram | Clarena
FanfictionColetânea de cenas censuradas, cenas que aconteceram na minha cabeça e domestic scenes entre Clara e Helena.