Eu te enlaço e não me permito soltar

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Singular - Anavitória ♪

Headcanon: Dia seguinte à primeira vez.

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A luz que entrava pela fresta da cortina foi lentamente despertando Helena das poucas horas de sono. Se fosse qualquer outro dia ela reclamaria daquela claridade com toda a certeza, já que adorava dormir na completa escuridão. Mas ao abrir os olhos com certa indignação por aquela perturbação e se deparar com o quarto onde estava e quem estava ao seu lado, Helena não demorou nem um segundo para fazer a conexão e trocar a carranca por um sorriso resplandecente.

As lembranças da noite anterior vieram à sua mente como num sonho, e talvez, se não tivesse acordado com Clara em seus braços, ela não acreditaria que aquilo tudo tinha mesmo acontecido de quão perfeito havia sido cada detalhe.

Foi impossível ficar chateada ou pensar em qualquer outra coisa que não fosse nela. Ou melhor, nelas. Clara estava certa quando disse a Helena:

"Eu nunca fiz amor com tanto amor! "

Era exatamente assim que se sentia. Foi um momento de tanta entrega e vulnerabilidade, de tanto carinho e ternura na descoberta uma da outra, tanto fascínio por cada pedaço de pele exposto... De tanto amor em cada toque, tanta vontade de amar aquela mulher da forma mais pura e intensa que conhecia, que Helena se deu conta de que nunca tinha sido assim com ninguém antes, porque nunca tinha amado alguém daquele jeito tão genuíno.

Elas tinham dormido agarradas uma à outra, de conchinha, com Clara sendo abraçada por Helena e uma das pernas dela sobre as suas. E por mais que Clara tivesse o histórico de se remexer muito de um lado para o outro enquanto dormia, elas tinham continuado praticamente na mesma posição até que Helena despertasse.

Ela sentiu o cheiro de Clara inundá-la, percebendo que agora ele não pertencia somente a ela mas também parecia impregnado em sua própria pele. Gostou daquilo. Já tinha virado seu perfume preferido de todo o jeito.

Helena se perdeu naquele momento tão gostoso que era estar com Clara dormindo confortavelmente em seus braços, sentindo seu corpo contra o dela, o nariz em seu pescoço, a mão a envolvendo próxima ao peito e a de Clara sobre a dela. Era tanta paz e felicidade que Helena tinha certeza que explodiria a qualquer momento. Se sentiu a pessoa mais sortuda da face da Terra!

Agradeceu mentalmente por ser uma pessoa matutina — e de sono leve — e estar acordada para apreciar aquele momento em que o mundo todo parecia estar no mudo enquanto só elas existiam.

Era comum que Helena acordasse cedo até mesmo em dias que poderia dormir até mais tarde, como se o corpo já tivesse acostumado a levantar quase com o nascer do sol que o trabalho exigia. Mas além disso, ela realmente gostava de acordar cedo e aproveitar bem o dia.

Helena se esforçou para olhar pela janela na tentativa de ver o quanto já havia amanhecido através da mísera abertura da cortina, que apesar de naquele momento ter parecido pequena para tanto, tinha sido o suficiente para despertá-la.

Relaxou o corpo quando percebeu que ainda era cedo, ou pelo menos que parecia ser. Obviamente, não era o alvorecer a que estava acostumada a levantar, mas talvez fosse cedo o suficiente para se permitir curtir aquele momento mais um pouco.

Helena não teve como saber que horas eram de fato, já que o celular continuava na sala perdido em algum lugar da sua bolsa. Ela pensou em pegar seu relógio de pulso que estava na mesinha de cabeceira próxima a cama, mas não quis se desgrudar de Clara para isso.

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