Cor de Marte - Anavitória ♪
Headcanon: Primeira vez de Clarena + Cena Pós-banho
*Alerta de Conteúdo Adulto*
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Era a segunda vez que Helena estava ali. A segunda vez em menos de uma semana que entrava naquele quarto.
Se no dia anterior alguém tivesse dito a ela que em menos de 24 horas Clara contaria que tinha colocado Theo para fora de casa e pedido o divórcio, Helena teria morrido de tanto gargalhar... Ou então de chorar, porque era uma piada muito cruel e sem graça de se fazer com alguém na posição dela — que vivia em função de que esse dia chegasse.
No fundo, Helena já estava cheia de dúvidas. Não acreditava mais que aquilo aconteceria em tão pouco tempo porque as coisas que Clara dizia eram no mínimo desanimadoras. Para falar a verdade, às vezes chegava a pensar que aquilo não aconteceria nunca.
Achou até mesmo que Marília estaria sempre certa no fim das contas e que ela seria mais uma daquelas que faziam parte de suas estatísticas: amante não tinha lar. Seu final feliz sempre comprometido pela irredutibilidade corrompida em ter aceitado ser a outra.
Porque no fundo era isso o que tinha acontecido. Helena tentava se convencer de que não era bem assim, que as coisas entre elas eram diferentes, que a situação era outra... Mas uma vozinha na sua cabeça insistia em dizer que, se ela tinha concordado em esperar por Clara até que conseguisse se separar de Theo e nesse meio tempo continuava se encontrando com ela às escondidas para que pudessem estar juntas, como não seria chamada de amante?
No dia em que Clara contou a ela sobre a sessão de fotos e o jantar da família feliz, Helena até foi capaz de engolir parte da sua própria frustração naquele momento. Os dedos de Clara no seu pescoço e as palavras sobre um possível futuro para as duas a distraiu da incerteza e da fragilidade da relação entre elas.
Mas quando chegou em seu carro para ir para o próximo aluno, a voz da Rainha da sofrência tocou na rádio — tão propícia àquele momento — fazendo Helena derramar as lágrimas guardadas e gritar a letra da música enquanto dirigia:
"Sobrevivo de olhares
E alguns abraços que me deu
E o que vai ser de mim?
E o meu assunto que não muda
Minha cabeça não ajuda
Loucura, tortura"
Era assustador ver o quanto já estava envolvida naquela história e o quanto tinha ultrapassado seus limites e seus princípios morais por Clara.
Helena pensou que o status de "amante" a acompanharia por tempo indeterminado, porque não seria capaz de catar suas coisas e se retirar. Ela se lembrou no mesmo instante de quando jurou a si mesma que nunca assumiria aquele papel na vida de ninguém.
Primeiro, por conta de tudo o que tinha acontecido entre os pais e culminado no fim do casamento deles no final da sua adolescência. E depois pelo que tinha passado com Paula.
Helena era uma das filhas mais velhas e acompanhou bem de perto todo o tormento na vida da mãe após a descoberta da traição: os anos de casamento se desfazendo à sua frente, a tristeza profunda diante de toda aquela dor que parecia cortá-la em mil pedaços, a vida correndo e obrigando dona Adalgisa a se reinventar sem nunca ter trabalhado na vida, não dando a ela nem o tempo de sofrer solitária. Porque quando se é adulto, e ainda por cima com quatro filhas, é assim. Você não tem alternativa a não ser encarar e viver. Não tem tempo de chorar e sofrer.
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Tudo O Que Nunca Tiveram | Clarena
FanfictionColetânea de cenas censuradas, cenas que aconteceram na minha cabeça e domestic scenes entre Clara e Helena.