Se eu falo de amor, você consegue me ouvir?

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Espalhe amor - Anavitoria ♪

Headcanon: Clara conhece a família de Helena (2/4).

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As mãos de Clara pareciam duas verdadeiras pedras de gelo e ela sentiu uma gota de suor descer pela espinha. Tudo ao seu redor passava quase em câmera lenta. O tilintar das chaves parecendo durar horas infinitas enquanto ela esperava a porta se abrir e encontrar Gisinha do outro lado.

Chegava a ser engraçado como sua percepção de tempo mudava completamente dependendo do que se passava dentro dela. Quando, no início, ir para academia era um martírio e só fazia cada mísero músculo do seu corpo doer absurdamente, as horas em meio aos aparelhos lhe pareciam excessivas e demoravam tanto a passar que ela quase colapsava.

Mas depois de um tempo, treinar tinha se tornado o ponto alto do seu dia. E tudo bem, no começo ela culpou a endorfina, a sensação de dever cumprido por ver as medidas diminuindo, e até mesmo o quanto Theo parecia mais satisfeito com o corpo dela.

Mas, em dado momento, foi impossível negar para si mesma que o que tinha tornado tudo aquilo prazeroso para ela tinha muito mais a ver com uma pessoa em específico do que com qualquer outra coisa. 

Helena.

Clara começou a ansiar por aquelas aulas todos os dias! As horas, que não diminuíram e nem aumentaram desde o primeiro treino, pareciam passar muito mais rápido do que antes. As risadas eram sempre certas e a leveza daqueles encontros — onde Clara só precisava estar, sem forçar nada ou cumprir uma expectativa — a extasiava.

E por um tempo, as coisas seguiram assim até que elas se beijaram e tudo mudou. Aquelas horas já não passavam apenas rápido, mas pareciam correr na velocidade da luz. Ao lado de Helena, horas pareciam minutos, e minutos soavam como segundos. Elas se tornaram absurdamente insuficientes para Clara.

O coração se alegrava e saltava dentro do peito quando a via e quando tinha de se despedir parecia murchar e ser invadido por uma tristeza que a fazia se sentir patética. Cada minuto com ela tinha se tornado pouco, tamanha era a necessidade de Clara em estar com Helena.

Quando enfim as duas começaram a namorar, ela achou que seria diferente e que teria o suficiente dela. Achou que se embebedaria de Helena e se sentiria saciada e satisfeita até que a encontrasse novamente. Mas as horas ao seu lado continuaram a passar voando,  — Clara achava que ainda pareciam passar mais rápido do que antes, se é que era possível — como se o relógio corresse mais rápido só por saber o quanto estar com ela era precioso para Clara. Só de birra! Só de pirraça!

Como era possível sentir aquilo? Como era possível sentir o amor de Helena supri-la de todas as maneiras possíveis, sem nunca enfadá-la? Como era capaz de sempre ter espaço para ela e sentir que sua vontade de Helena só crescia? Como não se cansava da sua presença? Como se sentia maravilhada toda vez que estava com ela? Por que o tempo não parava só para que ela pudesse aproveitar Helena? 

Era uma incógnita para Clara. Achou novamente que nunca tinha amado alguém daquela maneira.

Aquilo era demais. Era algo que ia além dela. Além de Helena. Além daquela situação. Ultrapassava o tempo, o plano, o que era certo e até o que era errado.

Tudo O Que Nunca Tiveram | ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora