O que é se acostumar e o que é morrer de amor?

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Carvoeiro - Anavitória

Headcanon: Helena leva Clara para a sessão de fotos. (2/2)

*Alerta de Gatilho*

Questões sobre homofobia serão tratadas no capítulo de forma leve (nada que quem é do fandom de clarena não tenha passado essa semana e tantas outras, risos), mas estou avisando caso você seja sensível a esse tema.

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Clara ainda estava com as bochechas vermelhas e o cabelo desordenado. Helena não parecia muito diferente dela, completamente desconcertada ainda tentando se recompor de alguma maneira e continuar dirigindo.

Clara tinha certeza que se estivessem em outro lugar não teriam parado tão cedo. Ela olhou para Helena e tentou reprimir um sorriso cheio de más intenções. Observou os lábios vermelhos da personal, marcados por ela, sua respiração ainda ofegante, e se sentiu um tanto orgulhosa em saber que ela era a responsável por aquilo.

Percebeu então que a pele de Helena era sensível, toda vez ficava daquele jeito. Será que a dela também estava assim? Era mais clara que Helena, então na lógica deveria estar, mas não queria deixar de olhar para ela para verificar.

Aquela mulher mexia com Clara de um jeito que nem ela conseguia explicar. Cada olhar, cada toque, cada beijo... Desceu os olhos pelo corpo de Helena, coisa que não se permitia fazer com tanta liberalidade, e sentiu um estremecimento no pé da barriga irradiar. Clara sentiu minúsculos arrepios de algo subindo pelo seu corpo, como uma espécie de calor irresistível.

Não era uma mocinha adolescente, não era ingênua. Compreendeu perfeitamente o que era aquilo e se assustou assim que tal entendimento a atingiu. Desviou o olhar de Helena como se alguém estivesse ali, a tivesse visto e a repreendido.

Tinha alguém.

Esse alguém era ela.

Nunca tinha passado por aquilo. Pelo menos, não antes de Helena. Nunca tinha olhado para o corpo de outra mulher e...

E a desejado.

Fechou os olhos com força ao constatar que era realmente aquilo que estava sentindo. Imagens nada puras vieram à sua mente e Clara preferiu abrir os olhos de novo, surtando internamente com aquela mistura de calor e confusão.

Aquilo era assustador! Muito assustador!

Beijar Helena era diferente do que tinha sentido naquele momento. Ela já tinha beijado outras pessoas antes, outras mulheres antes também. Se quisesse, poderia se enganar. Afinal de contas, em teoria, não mudava nada de um homem para uma mulher. Na cabeça de Clara, um beijo era um beijo. Conseguia mentir para si mesma sobre isso em momentos de total loucura e desespero em que não conseguia lidar com a verdade.

Mas aquilo não, aquilo não tinha como esconder, guardar no armário ou jogar para debaixo do tapete. A atração que a puxava para Helena naquele instante nada tinha a ver com o quanto gostava da sua companhia e da sua amizade, ou do quanto ela se sentia acolhida e segura com ela.

Do quanto Helena sempre sabia o que dizer ou do quanto sempre a botava para cima. Não, não tinha nada a ver com aquilo. Clara não gostava só das conversas delas, das risadas que sempre tornavam seu dia mais leve e do entendimento que existia entre as duas.

Não. Era mais.

E aquilo a paralisou por um instante.

Era como se enfim estivesse adentrando um novo mundo e não pudesse voltar atrás. Não porque fosse impossível, mas porque o preço a ser pago seria ignorar as próprias vontades. E o que nos move se não os nossos desejos?

Tudo O Que Nunca Tiveram | ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora