Capítulo Seis

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- Ei, pra onde você vai? - Eugene tentava, em vão, chamar a morena que agora já estava dentro de seu carro - Nes, são duas horas da manhã, qual é?!

- Volta pra dentro, Gene - assim que ele se aproximou do vidro do carro, ela sibilou - avisa o Tyler que eu saí pra espairecer.

- Se você precisa de conforto, eu e ele podemos ficar com você - tentou argumentar - a gente coloca um filme e assiste junto, eu faço a pipoca que você gosta.

- Eu preciso ficar sozinha - ela apoiou a cabeça no volante - por favor, Gene.
Faltam dois dias pro aniversário de... de morte deles. Eu só preciso respirar um ar mais limpo.

- Certo - colocou as mãos no bolso da calça de pijama que usava - cuidado, okay? Qualquer coisa me liga.

- Mhm.

Assim que viu seu amigo entrar pela porta da frente, soltou um suspiro de cansaço.
A última semana havia sido, para dizer o mínimo, exaustiva. Apesar de ter as duas semanas de férias do trabalho, se sentia sobrecarregada apenas com as emoções que insistiam em lhe dominar todos os anos no mesmo período. Em dois dias, enfrentaria mais uma vez a dor de se lembrar que seus pais não estavam ali, e pior que isso, não tinha nada que identificasse quem era o autor de tal atrocidade. Não só com sua família, mas com a família de várias pessoas.

Addams saiu pela cidade sem rumo, vagando pelas ruas movimentadas, por conta de um evento que estava ocorrendo na pequena metrópole.
A brisa da madrugada invadia o carro pelos vidros abertos, enquanto o céu parecia imitar as ondas de um mar em uma noite sem lua. Não havia uma estrela no céu e a temperatura parecia cair cada vez mais e mais.
Ela pegou um pedaço de rodovia e acelerou, usando toda a potência do carro sem medo algum de bater, enquanto aproveitava a sensação de adrenalina correndo por suas veias.
Assim que viu um espaço livre na pequena colina, entrou com o carro por entre as árvores e o deixou ali, com os faróis apagados, apenas aproveitando a falta de luz e movimento do lugar.

- Eu te odeio! Odeio, ODEIO, ODEIO! - a cada palavra, seu tom de voz aumentava e ela batia com força no volante.

No último baque, sentiu um osso em sua mão fazer um som nada agradável e sentiu a dor envolver o músculo e o membro.

- MERDA! - bateu mais uma vez no volante, frustrada.

Depois de recuperar o fôlego e um pouco de sua sanidade, ela acendeu a luz de teto, observando o que havia acontecido e viu que o osso de seu pulso parecia deslocado. Doía como se tivesse o fraturado, mas ela engoliu a dor e saiu com o carro novamente, dessa vez em direção ao hospital.
Poucos minutos depois, estava recebendo uma atadura em preparação para o suporte que precisaria usar pelas próximas duas semanas, para não movimentar o osso de forma errada e complicar mais ainda sua situação.

- Obrigada - assentiu educadamente quando foi liberada.

Já se passava das três da manhã, quando encostou novamente na frente de sua casa. Cansada, sonolenta, enraivecida e todos os demais adjetivos que indicavam um estado de espírito descontente poderiam ser aplicados à morena naquele momento. Estava frustrada consigo mesma e não sabia como descontar aquele peso que carregava longos e torturantes dezessete anos.
Um barulho de vibração indicou que seu telefone tocava.

Survivor's Guilt (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora