Survivor's Guilt (wenclair)

Capítulo Quinze

Se preparem, a partir dos próximos capítulos, algumas coisas vão vir à tona!
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Obrigada por ler <3

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- Wednesday Addams -

- Quer que eu dirija? - ouvi a voz rouca e sonolenta de Enid me despertar do transe.

Quando pego no volante, costumo desfocar de tudo ao meu redor e me concentro em dirigir e pensar. Apenas isso.

- Ei, Wednesday? - chamou um pouco mais alto.

- Sim? - respondi ainda um pouco retraída em minha cabeça - precisa parar, comer alguma coisa?

- Perguntei se quer que eu dirija - sorriu amigavelmente.

Seu rosto terrivelmente perfeito ficava fofo com a expressão de quem está com sono mas luta contra o cansaço. Podia perceber que ela precisava dormir e não se rendeu ao descanso apenas por falta de conforto ou preocupação. Talvez ambos.

- Não, eu tô bem - assenti com a cabeça - se quiser, podemos parar para dormir e continuar amanhã. O que for melhor pra você. Vi que não dormiu ainda, já vai dar uma da manhã.

- É, não consegui pregar o olho - riu sem humor - é bom você descansar também. Ainda faltam trinta horas de estrada, dá pra ver que você precisa dormir.

- Só preciso de um pouquinho de café - levantei meu polegar da mão livre e pisquei em sua direção, na intenção de poder ouvir sua risada - e acho que fica tudo bem. Café deixa tudo bem.

- Você é boba - completei minha missão com êxito. Apesar de fraca, sua risada ainda era um som agradável - mas tô falando sério, você tá com uma cara de quem não dorme há dias.

- Se você insiste, posso parar e continuamos pela manhã - olhei a placa e a cidade mais próxima ainda estava a algumas horas de viagem - vamos ter que acampar ou dormir dentro do carro, a não ser que queira esperar até chegar na próxima cidade, que tá a tipo, umas três horas daqui.

- Dormir no carro - ela sorriu, assentindo com a cabeça.

- Okay, vou procurar um lugar pra estacionar.

Dirigi por mais alguns minutos até encontrar uma abertura na floresta, onde passei com o carro até estarmos longe o suficiente para não sermos vistas da pista. Estávamos no mato, mas ainda sim somos mulheres.
Liguei o ar condicionado em uma temperatura que aquecesse o veículo e comecei a preparação para o transformar em uma pequena cama ambulante.

- Pra quê isso? - Sinclair apontou para a pequena cortina que eu estava estendendo no parabrisa e nos vidros.

- São cortinas pra ninguém ver o que tem dentro do carro - realmente eu precisava dormir. O cansaço já estava deixando minhas palavras embaralhadas e lentas - assim, ninguém sabe o quê ou quem está dentro.

- Ah sim.

Depois de cobrir tudo, abaixei os bancos e inflei o pequeno colchão de ar, o forrando com o lençol e colocando os travesseiros e cobertores que trouxe.

- Pronto - bati uma poeira imaginária das mãos - agora é só deitar e aproveitar a noite de sono dentro desse cubículo apertado.