Capítulo Dezessete

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Bem vindos ao ato dois, onde as coisas vão acontecer e tudo vai vir a tona!
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- Não vai me contar? - Sinclair a cutucou, inquieta com o pensamento.

- Essa é uma das visões que eu não consigo impedir, Enid - a morena suspirou derrotada, enquanto ultrapassava um carro - e ela é próxima. Não sei quando e onde exatamente, mas é pelos próximos dias.

- E por isso não vai me falar? - cruzou os braços, um pouco irritada com a ideia de não saber.

- Se for pra contar, prefiro fazer isso quando estivermos em Snowmass - assentiu segura da decisão que tomara - isso não afeta só você, mas me afeta também. Tudo bem por você fazermos assim?

- Tudo bem - deixou sair com um fio de voz.

Horas e horas na pista, a paisagem mudava de arranha céus ao longe para nada além de morros e vales verdes. A temperatura também havia diminuído, o frio se intensificava conforme iam em direção ao inverno rigoroso nas montanhas do Colorado.
Já haviam percorrido vinte e duas das trinta e três horas de viagem. O relógio marcava meia noite quando Wednesday entrou na cidade mais próxima, procurando por uma pousada. Andaram pelo pequeno centro e então achou um hotel antigo, ainda aberto.
As duas mulheres retiraram apenas o essencial do carro e foram até a recepção.

- Boa noite, tem algum quarto livre? - Addams apoiou a pequena mala contra o balcão de madeira.

- Boa noite, temos três quartos sobrando - um homem ruivo a respondeu depois de olhar no computador - vão ser dois quartos ou apenas um?

- Vão se...

- Um - a loira tomou a frente - de preferência com cama de solteiro, por favor.

- Quarto oito, é no corredor a esquerda - ele anota e entrega uma chave - vão acertar o valor pela manhã?

- Não, já vou pagar agora - a menor tirou sua carteira do bolso - vai ser apenas uma noite, quanto fica?

- Uma noite fica cinquenta e cinco - ele entrega um papel - com café da manhã incluso.

- Certo - ela retira o cartão e efetua o pagamento - obrigada.

- Tenham uma boa noite de sono.

Assim, as duas seguem até o quarto alugado em silêncio. Addams podia sentir suas pernas ainda dormentes pelo fato de ter gasto dezenove horas no volante, sem muitas paradas. Assim que chega no cômodo, ela coloca sua mala em um canto aleatório e vai direto ao banheiro. Precisava de um banho. Precisava de um relaxamento. Havia tudo outra visão durante uma das pausas para comer.
Quando Enid encostou em seu braço, durante uma gargalhada profunda e terrivelmente contagiante, teve um pequeno vislumbre de algo que não entendia o motivo de não odiar. Não sabia quanto tempo demoraria para aquilo acontecer, mas tinha a sensação de que não era um futuro tão distante.
Na visão, Sinclair estava em seus braços, implorando por mais de seu toque como precisava do ar para respirar.
Ela não entendia muito bem o motivo, mas sabia que sua hora havia chegado. Se lembrou de quando era uma criança e seus pais a disseram algo sobre uma maldição que corria nas veias da família, como aquilo poderia ser bom ou ruim e como afetaria o desenvolvimento de seus portadores. A maldição em questão? Amor. Seja a algo ou alguém, os Addams tinham em seu sangue uma predisposição a amar de modo tão profundo, que chegaria a possível dor. Seu tio amava a exploração, era apaixonado por viagens e por isso não ficava perto da família. Seu pai amava a única mulher existente no mundo para ele, Morticia. Sua mãe amava sua família. Todos de sua linhagem eram amaldiçoados com isso e, por muito tempo, a morena pensou amar profundamente a música. Não poderia viver sem e não cogitava uma vida sem algum ruído de fundo, mas estava enganada. Muito enganada por sinal.
Quando saiu de sua cabeça, percebeu que havia gasto tempo demais e alguém a chamava do outro lado.

Survivor's Guilt (wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora