Depois de tudo... Ainda te amo.

CAPÍTULO 03

Encaro a janela do quarto com meus pensamentos a mil, encontrar Desirée foi inesperado e muito tenso. Tudo que eu queria era agarrar ela e nunca mais soltar, se eu soubesse que tudo o que mamãe falou era mentira, se eu tivesse conversado com ela ao invés de acreditar no que os outros falavam e naquela maldita foto, não teria vivido os piores três anos da minha vida. Não era novidade para mim que meus pais não gostavam dela mas não achei que seriam capaz de inventar aquilo e com a ajuda daquela infeliz.

April parecia doce e meiga e era a garota perfeita para me vingar de Desirée, fazer ciúmes e a magoar, como fui babaca. April armou com minha mãe para me separar da garota pela qual sempre fui louco e eu só descobri porquê a infeliz me contou depois de ficar bêbada e drogada, aquela idiota tem sérios problemas, e ainda contou aos risos e com puro deboche. Mas a minha vingança foi doce, eu armei para que ela fosse pega com o cara, e a traição dela foi exposta o que me deixava livre para terminar sem maiores tormentas e além disso fiz ela perder bons contratos, talvez isso não seja legal mas o que ela fez também não foi, então estamos quites.

E aquela garota da boate.

Eu podia jurar que era ela. Quando descobri tudo tentei buscar ela mas só então fiquei sabendo que os pais tinham a expulsado de casa, tentei encontrá-la mas nunca achei, a curiosidade de saber o porquê da família fazer aquilo com ela me corroia, ela era a princesinha dos olhos deles então o que ela poderia ter feito para eles virarem a cara para ela? Qual foi minha surpresa encontrá-la trabalhando nesse hotel, os pais realmente a abandonaram e a garota que tinha um futuro incrível pela frente virou recepcionista, como isso aconteceu? Pelo que será que ela passou sozinha? Enquanto eu vivia minha vida estúpida e estudava e trabalhava em um dos bancos do papai na Inglaterra, ela estava passando por seja lá o que for, será que era ela na boate?

- Asther - desperto dos meus pensamentos com o cascudo super forte que Kyle me dá.

- Tá louco porra? - passo a mão na minha cabeça e ele ri.

- Faz tempo que estou te chamando e tu com essa cara de idiota.

- Infeliz - reviro meus olhos e ele ri.

- Agora eu entendi porque você decidiu ficar tanto tempo aqui - ele se senta ao meu lado - Ela tá linda.

- Quando ela não foi linda?

- Pois é - ele ri e suspira - Fingiu que não me conhecia, doeu - ele põe a mão no peito fazendo drama - Sinto falta dela.

- A culpa é só sua - dou de ombros e ele me soca o braço.

- A culpa é sua, fiz isso por você - ele diz e só o encaro - Achei que ela tinha te traído, tinha o dever de ficar ao seu lado.

- Somos dois idiotas então - me encosto no sofá - Queria falar com ela mas não sei como.

- Bom, você vai ter que ralar porque ela quer te socar a cara.

- Nossa como você me ajudou.

- Estou aqui para isso - ele dá de ombros e ri.

Nego com a cabeça soltando um riso e ele liga a televisão para por em um jogo, mordo meu lábio olhando para a tela mas sem prestar atenção em nada. Tenho que pedir desculpas e explicar tudo mas não sei como fazer isso sem que ela enfie uma faca em mim. Incrível como depois de três anos eu ainda sou louco por ela, a forma como meu corpo reagiu quando ela olhou para mim ontem, ou quando eu vi a dançaria e só podia ver ela ali, toda gostosa e dançando pra mim, meu pau dói só de lembrar daquela bunda maravilhosa.

- Aonde você vai? - Kyle pergunta quando eu me levanto.

- Vou tentar falar com ela.

- Boa sorte e proteja suas bolas - ele grita quando já estou fechando a porta e eu reviro meus olhos.

Quando desço no saguão encontro outra mulher no lugar dela e quando pergunto ela diz que Desirée está em horário de almoço em uma lanchonete na esquina e eu vou atrás dela, não demoro para encontrar aqueles cabelos volumosos e quando me aproximo eu admiro o quando linda ela fica no uniforme preto e dourado, ela não levanta o olhar para mim quando me aproximo e então me sento na cadeira a sua frente,  ela lentamente levanta a cabeça para me olha, o arquear da sobrancelha me faz sorrir.

- Oi - comprimento e ela semicerra os olhos para mim - Podemos conversar?

- Não tenho nada para falar com você - ela diz desviando seu olhar para o garçom que trás sua comida e quando ele pergunta se quero algo, nego.

- Desirée, por favor eu...

- Onde está April? - ela pergunta e eu engulo seco - Vá procurar ela, eu não sou tapa buraco - ela diz dando uma garfada na comida dela.

- É, tem razão você não é mas ela era - ela volta a me olhar com minha fala - Eu tenho muita coisa para te contar.

- Você percebe o quão babaca é? - ela tomba a cabeça para o lado e eu respiro fundo, sempre foi difícil fazê-la me perdoar quando a gente brigava mas eu costumava tirar isso de letra então dou se ombros.

- Tenho, eu sou um escroto, sou o maior babaca do mundo e tremendo filho da puta mas eu amo você - acho que falei a coisa errada pois ela solta uma risada incrédula.

-Você é inacreditável - nega com a cabeça - Saia daqui pois está me dando indigestão.

- Eu achei que você tinha... - começo a falar passando a mão pelos meus cabelos em tamanha frustração mas paro quando ela se levanta colocando o dinheiro na mesa - Espera aí onde você vai.

- Me esquece Asther - ela apoia a mão na mesa e aproxima seu rosto do meu - Você é passado e eu não sou museu - e então ela sai e me deixa com a maior cara de otário do mundo.

Puta merda.

Atravesso a rua cheia de ódio, quem ele pensa que é? Eu devia voltar lá e socar a cara dele até ver o sangue descer, esse infeliz não pode simplesmente aparecer depois de três anos e dizer que me ama, ele me abandonou, foi ele que me trocou por outra e agora me aparece com cara de cachorro que caiu da mudança e espera que eu o escute como uma idiota.

Mas nem nos sonhos dele.

Ta bom que a gente tem uma filha e sim ele tem que saber, mas ainda estou me preparando para isso, para a raiva que ele vai sentir de mim. Eu escrevi várias cartas para ele e a mãe dele fez questão de jogar todas fora e ainda me humilhar no meu antigo trabalho de garçonete, eu odeio aquela mulher, eu vou contar a ele só tenho que tomar um pouco de coragem. Mas ele não vai conseguir nada de mim, confesso que meu coração quase saiu da boca quando ouvi ele dizer que me amava mas eu não sou idiota e ele não vai voltar a me magoar.