CAPÍTULO 01

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Mordo meu lábio inferior olhando para o casal que vai em direção ao elevador, é impossível conter minha inveja da mulher que tem o marido agarrado a ela como se ela fosse fugir, ele sorri para ela que se derrete toda

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Mordo meu lábio inferior olhando para o casal que vai em direção ao elevador, é impossível conter minha inveja da mulher que tem o marido agarrado a ela como se ela fosse fugir, ele sorri para ela que se derrete toda.

Alguns tem sorte.

Me sento na minha cadeira olhando para o computador para ter certeza se já marquei o quarto 102 como ocupado, faço um bico achando os nomes deles fotos juntos, Frédéric e Afrodite combina com eles. Primeiro eu sinto o cheiro do perfume, o que me faz fechar os olhos e respirar fundo, logo depois vem aquela voz, essa que eu passei anos tentando esquecer o quão agradável era.

- Com licença - levanto minha cabeça para encontrar aquele lindos olhos, ele abre a boca surpreso e eu engulo em seco sentindo o meu coração disparar - Desirée - ele sussurra meu nome com tanta surpresa e me olha de uma forma estranha, minha pele se arrepia inteira e acabo deixando um suspiro me escapar.

Porra.

- Asther - o encaro de olhos arregalados, pisco rápido e balanço minha cabeça  tentando voltar ao normal - Pois não?

- Desirée - ele repete meu nome, dessa vez com tanta intensidade que desvio o olhar, os anos o fizeram muito bem.

- Você vai pedir um quarto ou vai ficar repetindo o meu nome? - pergunto encarando a tela do meu computador.

- Você trabalha aqui? - a confusão em seu rosto me faz bufar.

- Isto não está óbvio? - respondo irritada e sorrio forçadamente - Temos cinco quartos livres, um deles sendo a suíte da cobertura, qual vai querer? E por quanto tempo?

- A da cobertura, duas semanas - ele responde depois de ficar um tempo me encarando em silêncio, como o idiota que é -  Porque você trabalha aqui?

- Isso não é da sua conta - entrego a chave para ele séria - Tenha uma boa estadia.

- Desirée, eu... - me viro para o computador e finjo estar ocupada enquanto o ignoro, ele fica um tempo parado me encarando, fecho meus olhos respirando fundo quando ele finalmente sai.

Passo a próxima hora torcendo para ele não descer até eu ir embora e quando dá o meu horário, as três eu saio praticamente correndo do hotel e nem me troco porque estou com medo de encontrar com ele outra vez. Droga, ele está maravilhoso, tão lindo e cheiroso e é exatamente assim que eu me lembro dele.

Meu coração.

Meu maldito coração acelera como um infeliz e sintobvontade de arrancá-lo fora. Coração estúpido e burro.

Pego meu ônibus em direção a creche de Anastasia e vou o caminho inteiro lembrando dele, seus olhos, a boca rosada, a barba por fazer, porque ele veio se hospedar em um hotel três estrelas? Será que está fugindo da mãe? Tenho certeza que sim, ele ama dar um perdido em todos, será que ele voltou com aquelazinha? Será que arrumou outra? Será que ele sentiu o mesmo nervosismo e a ansiedade que eu senti quando me viu?

Não seja idiota Desirée.

Sinto meus olhos arderem de sono e bocejo colocando uma mão na boca, faz três dias que eu não durmo direito pois com o trabalho na boate eu vou dormir tarde e sempre acordo muito cedo para ir ao hotel, só que antes preciso arrumar Anastasia pois o caminho é longo, e ela ainda teve uma gripe na semana passada e eu estive preocupada, mesmo ela já estando melhor.

- Ela está meio quentinha e reclamou de dor na cabeça agora pouco - a responsável pela sala de Anastasia diz quando a pego.

Outra vez.

- Tudo bem, obrigada - Anastasia aperta os braços ao redor do meu pescoço e beijo sua bochecha saindo da creche - Tá dodói amor?

- Uhum - ela balança a cabeça e suspira deitando a cabeça em meu ombro enquanto eu luto com minha bolsa e a mochila dela e ainda tenho que dar um jeito de não deixar a boneca dela cair no chão.

Vou o caminho inteiro falando com ela que só murmura em resposta e quando finalmente chego em casa ela só se encolhe no sofá e eu vou atrás de seu remédio o armário da cozinha enquanto sinto pontadas de dor de cabeça.

- Toma coração  - a coloco sentada e levo o corpinho até sua boca mas ela balança a cabeça fazendo careta e empurra minha mão.

- Você precisa tomar, está com dor e febre e só vai passar se tomar o remédio.

- Não - ela põe as duas mãos na boca e me chuta o que me faz soltar um gritinho de alto por quase derrubar o remédio.

- Anastasia, não faça isso - brigo com ela que me olha feio - E não me olhe assim, você vai tomar o remédio.

- Não vou - ela tenta fugir mas a seguro antes que corra o que me faz derrubar o remédio.

- Merda Anastasia - eu seguro ela com minhas pernas envolta da sua cintura enquanto ela luta para sair, com dificuldade eu coloco o remédio no copinho outra vez e dou um jeito de segurar seus braços e fazer ela abrir a boca enquanto ela tenta se soltar, quando ela finalmente engole eu a solto e ela me encara com uma careta - Pronto viu, nem é tão ruim - e então ela vomita se sujando inteira - Ah droga.

- Hm mamãe - ela começa a chorar e minha dor de cabeça aumenta, a pego no colo e ela me abraça, aperto seu pequeno corpinho no meu sem me importar com a sujeira e o cheiro ruim.

- Shh, tudo bem coração.

A levo para o banheiro e dou um banho nela, escovo seus dentes e dou o remédio para ela outra vez mas dessa vez sem vômito mesmo com a luta para fazê-la tomar, eu dou uma fruta picada para ela comer até o jantar estar pronto e ela deita no pequeno sofá toda embrulhada com calça e casaco e o cobertor da Barbie que ela tanto ama enquanto assiste desenho. Eu faço um jantar simples e leve e como junto com ela a ajudando sempre, meu bebê não come tudo e por estar bastante sonolenta acaba dormindo rápido o que me dá a chance de ir tomar um longo banho.

- Ah meu coração, por favor não fique doente outra vez - eu beijo sua testa e fico deitada com ela na cama pequena, ela se arrasta de encontro a mim e levanto minha blusa para ela poder abocanhar meu seio e mamar, pego meu celular e vejo que são seis e meia e como tenho tempo eu me ajeito na cama e durmo.

Acordo oito horas com Anastasia mordendo  meu mamilo, reclamo de dor e a afasto dando uma bronca nela que faz biquinho, toco sua testa vendo que a febre passou mas ela ainda está com aquela carinha triste e toda dengosa.

- Ainda está com dor? - ela nega com a cabeça e suspiro, Anastasia não fala muito, ela já tem três anos mais fala pouco e se atrapalha nas palavra muitas vezes, ela é muito carinhosa e gentil mas fica doente muito fácil e isso a faz ficar de mal-humor, isso quando ela não tira o dia para me irritar - Você quer brincar de boneca? - ela balança a cabeça e eu me levanto pegando três bonecas e voltando para cama.

Quando da dez horas eu vou atender a porta e dona Ju sorri para mim e Anastasia corre para o colo dela, tenho que ir para a boate, dona Ju é uma senhora solteira e sem filhos que é apaixonada pela Anastasia e ela não se importa de cuidar dela durante a noite mas isso não me impede de me sentir mal, digo a ela que hoje ela está doentinha e falo para dar remédio caso a febre volte e com o coração na mão eu me despeço de Anastasia que chora horrores agarrada a minha perna dizendo que não quer que eu vá.

- Dona Ju vai ficar com você.

- Mamãe.

- Coração, a mamãe tem que ir trabalhar - ela nega com a cabeça - Olha, você vai dormir e quando acordar a mamãe vai estar aqui.

Quando saio de casa ela ainda esta choramingando e eu quase cedo ao impulso de voltar lá mas não posso faltar, mesmo que Emma seja minha amiga e dona do lugar, eu não posso me aproveitar disso, o salário do hotel é tão pouco que desaparece logo em instantes e na boate eu recebo por dia o dobro, eu vou em uma semana duas vezes e na outra três vezes, só vou duas vezes no mês nos finais de semana e esses dia o lugar lota de homem tarado, eles me adoram e eu adoro o dinheiro deles.

Depois de tudo... Ainda te amo.Onde histórias criam vida. Descubra agora