CAPÍTULO 06

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Com uma careta eu encaro Asther deitado no meu sofá com Anastasia deitada em seu peito, essa visão é tão estranha que eu já pisquei várias vezes e até me belisquei pra saber se não estou sonhando, mas o beliscão doeu e a cena não desapareceu

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Com uma careta eu encaro Asther deitado no meu sofá com Anastasia deitada em seu peito, essa visão é tão estranha que eu já pisquei várias vezes e até me belisquei pra saber se não estou sonhando, mas o beliscão doeu e a cena não desapareceu.

Incrível como meu pequeno coração se sente tão confortável com Asther e ela nem sabe que ele é seu pai, e o jeito que ele olha para ela é tão doce que eu só falto derreter de tanto açúcar em seus olhos azuis.

Depois que ele saiu do hospital ontem eu fiquei sentada lá e tentei voltar ao meu normal e agir como a mulher grande que sou e não ficar chorando como uma bebezona, Emma logo voltou com uma Anastasia sonolenta e a gente ficou se olhando sem saber o que falar até ela me abraça e eu voltar a chorar, a noite Ana recebeu alta e voltei para casa só para uma hora depois eu encontrar Asther batendo furiosamente em minha porta.

Como sempre a traidora da Emma, me traiu e passou meu número e endereço para ele sem me comunicar. E então, meio sem jeito, eu assisti meu primeiro amor e nossa filha começarem a conversar como se tivessem se conhecido a anos e os sorrisos e risadas deles faziam borboletas aparecerem em meu estômago.

- Ela é linda - levo um pequeno susto quando Asther quebra o silêncio, achei que ele estava dormindo.

- Ela é - sorrio orgulhosa - Ela é a garotinha mais linda que eu já vi, mas eu sou suspeita para falar - dou de ombros e encontro seu olhar - Ela tem os seus olhos - sorrio envergonhada.

- Os mais lindos que você já viu, certo? - ele pergunta com um sorrisinho malicioso e reviro meus olhos, meu estúpido coração acelera e eu desvio meus olhos do seu - Sinto muito, por tudo - volto a olhá-lo e ele suspira - Se eu pudesse voltar no tempo...

- Não pode - dou de ombros e então me levanto para pegar Anastasia no colo.

- Não - ele passa os braços em volta do pequeno corpo dela e o olho franzino a testa - Não tira ela de mim - o jeito que ele fala isso faz meu coração se apertar.

- Tem que colocá-la na cama - ele faz bico e suspiro me afastando - Tá, vou fazer o almoço.

Um tempo depois, eu estou terminando de temperar a salada quando sinto a presença dele atrás de mim, meu corpo automaticamente se torna consciente de sua presença e se arrepia inteiro, mordo meu lábio inferior e engulo em seco para então me virar para ele. Arregalo meus olhos ao notar o quão perto ele está de mim, dou um passo para trás e apoio uma mão na mesa, Asther sorri para mim e olha para a comida na mesa com curiosidade.

- Desde quando você sabe cozinhar? - ele pisca de uma maneira fofa e prendo um sorrisinho idiota.

- Desde que eu precisei aprender - ele continua me olhando daquela maneira super fofa e me afasto dele, colocando a mesa para nos manter afastados pois tenho medo de pular em cima dele.

E eu não o perdoei.

Não perdoei.

- Como foi? - ele pergunta quando eu volto a me concentrar na comida.

- Como foi o que?

- Os últimos três anos - olho para ele que coça a nuca, envergonhado.

Fico em silêncio e ele não insiste na pergunta, quando está tudo pronto eu pego dois copos e dois pratos, eu fiz um lanchinho leve para Anastasia, eu gosto de mimar ela quando voltamos do hospital e isso não importa se ela foi para tomar alguma vacina ou porque estava doente. Nós colocamos nossa comida e então sentamos para comer, a gente come em silêncio e ele não para de olhar tudo em volta com uma curiosidade irritante.

- Aqui é tão pequeno - ele comenta em algum momento e  semicerro meus olhos para ele que levanta as mãos em um gesto de defesa - Não estou criticando, é só que... o seu pai não se importa de você morar num lugar assim? - paro o movimento de levar o garfo até minha boca no meio do caminho e o olho séria.

- O meu pai me expulsou de casa, então eu acho que ele não deve se importar muito com onde eu moro.

- Oque? - ele se engasga e começa a tossir repetidamente e eu só o encaro enquanto seu rosto fica vermelho e ele bebe água desesperadamente - Você tá falando sério?

- Estou - dou de ombros, tentando esconder a enorme mágoa que sinto disso - Ele não gostou muito de me ter grávida tão cedo.

- Mas e a sua mãe? - solto uma risada amarga e reviro meus olhos.

- Eles queriam que eu matasse o bebê - falo com raiva - E eu escolhi não abortar, e mesmo que tenha sido expulsa de casa e que todos que eu mais amava tenham me virado as costas, eu não me arrependo, Anastasia é todo o meu coração.

- Desculpa - ele pede e bato minha mão na mesa.

- Pare de se desculpar, isso irrita - ele faz bico e abaixa a cabeça, pego meu copo de suco e bebo um gole enorme só para não falar nada com ele.

- Você cozinha bem - ele solta do nada e o olho confusa - Eu te amo - ele fala alto e é minha vez de me engasgar com o suco, ele começa a me abanar com a mão e quando me recupero o olho chocada.

- Qual é o seu problema?

- Só queria mudar de assunto - levanto uma sobrancelha e ele começa a brincar com os dedos, tão diferente do cara confiante que ele sempre foi - É que você está me deixando nervoso.

- Porque você fez aquilo comigo? - pergunto pois eu já na estava mas me aguentando de tanta vontade de perguntar.

- Hm.

- Hm o que?

- É uma história bem engraçada sabe - ele solta um riso nervoso e semicerro meus olhos para ele, apertando minhas mãos me punho para não socar sua cara - Na verdade não é engraçado... bom por onde eu começo? Você me traiu ou foi o que eu achei...

Ele começa a falar e a cada coisa que diz minha raiva só aumenta, quando termina eu pego o resto de suco que tinha no meu copo e jogo em seu rosto, ele fecha os olhos e passa a mão no rosto me olhando sem jeito.

- Você não me conhecia? - pergunto indignada - Eu cresci com você e você me conhecia como ninguém então como... ah Deus como você é idiota - me levanto da mesa e vou para a sala e ele vem atrás de mim.

- Você não pode me culpar, tinham provas e aquela foto e...

- VOCÊ - grito apontando para seu peito mas então olho na direção do quarto e fecho meus olhos para me acalmar - Infantil, Asther você foi infantil pra caralho e foi um moleque egoísta.

- Desirée...

- Um filho da puta egoísta que só pensou nos próprios sentimentos, você foi um filho da puta comigo por nada e quebrou... - minha voz quebra e paro de falar quando sinto vontade de chorar - Eu amava você e você destruiu o meu coração.

- Eu estava me sentindo traído, e eu só fiz aquilo para te machucar porque achei que você tinha....

- Você conseguiu - corto sua fala e dou de ombros limpando meu rosto - Eu me senti insuficiente, descartável, um nada e por uma mentira que seria revelada se você conversasse comigo - meu queixo treme e ele funga me olhando com uma expressão triste - Uma simples conversa resolveria e eu não teria passado por tudo aquilo sozinha - soluço e me sento no sofá chorando e me sentindo muito magoada - Eu passei por tanta coisa - tampo meu rosto com minhas mãos soluçando.

- Desculpe, me desculpe - ele se ajoelha na minha frente e tira minhas mãos de meu rosto - Mas eu estou aqui agora, você não está mais sozinha porque eu vou ficar aqui com você, com vocês duas - ele balança a cabeça e eu tiro minhas mãos da sua.

- Só que eu não confio em você - ele cai sentado no chão e fica me olhando choroso.

- Eu te amo - ele sussurra e dou risada.

- Só que o amor não é nada sem confiança.






Depois de tudo... Ainda te amo.Onde histórias criam vida. Descubra agora