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-Para encerrarmos essa aula de hoje. Quero fazer um comunicado, como a maioria de vocês já sabem o que sempre costumo fazer no primeiro dia de aula. Devem lembrar que sempre falo de novo para os novos estudantes... bom, como professora do projeto de vida. Quero que vocês tirem um pouco do seu tempo para fazer a lição que envolve algo muito importante para crescemos e evoluímos - fez uma pausa dramática - o amor. Será individual mas podem formar grupos de três pessoas, mas será só por hoje! Pesquisem e me tragam um resumo do por que o amor influencia em nossas vidas e o que ele pode interferir entre nossas escolhas. Estão liberados! - a professora Trelawney falou empolgada como se não tivesse colocado um trabalho em cima dos alunos no primeiro dia.

-Que saco, no primeiro dia e já temos dois trabalhos. Quem passa trabalho no primeiro dia de aula?- indignou Rony.

-Veja pelo lado bom, o outro trabalho podemos fazer nós três juntos - disse Harry.

-Harry tem razão, e reclamar não vai fazer os trabalhos sozinho. Podemos fazer os dois juntos - guardou os materiais se preparando para ir ao refeitório - mas não posso fazer na minha casa, meus pais estão com um convidado especial - Hermione revirou os olhos.

-e pela sua reação é seu tio Robert -

-o próprio Harry, mamãe sabe que odeio ele e ainda o convida - indignou Hermione se sentando na cadeira, acabaram de chegar no refeitório e Rony já foi até o banheiro. Que por sinal, estava demorando mais do que costumava.

Harry prestava atenção em tudo, mas também não prestava atenção em nada. Perdido em pensamentos enquanto lutava contra o choro, mentiu para seus melhores amigos dizendo que estava bem e que já havia superado... ele não era um belo mentiroso?

Convencendo a si mesmo e aos outros que tudo estava bem quando na verdade revirou noites chorando, pensando que ainda teria seu ex namorado se tivesse se esforçado mais, mas a verdade era que não passava de uma pessoa com coração grande demais para amar e pequeno demais para perdoar.

Como poderia encarar seu ex sabendo que ele o traiu na cara dura como se os seus sentimentos não valesse nada, como se fosse a porra de um boneco de coleção, mais um dos muito. Devia ter visto os sinais, devia ter notado quando ele parava de beijá-lo sempre que telefone tocava, quando perguntava quem era e ele ficava irritado ou sempre que tentava pegava sua mão em público e ele tirava rapidamente olhando para os lados.

Como não percebeu? Como ignorou os conselhos dos seus padrinhos que sempre o alertavam ? Como ficou irritado com Rony quando ele disse que pegou seu namorado acariciando outro?

Talvez estivesse ocupado demais enxergando amor onde não tinha.

Não notou quando Rony chegou na mesa um pouco eufórico, recusando todas as investidas de Hermione, que tentou descobrir o desconforto do namorado.

Voltou para realidade assim que viu uma cabeleira loira passando rápido no meio dos estudantes, tentou ver até onde ele foi mas o perdeu de vista assim que desviou sua atenção para seus amigos.

...

Do outro lado Draco tentava ir até o pátio mas estava se tornando impossível com as pessoas que a todo momento empurrava um ao outro, como ele odiava aqueles idiotas sem um pingo de educação.

Depois de um tempo conseguiu passar e atravessou indo até um canto mais isolado onde poderia descansar um pouco até as próximas aulas começarem, a parte boa de estudar em uma escola que ia até a tarde era que não voltaria para casa nem tão cedo. Não voltaria para casa se pudesse, mas ainda era de menor, então não teria outra escolha a não se que envolvesse seu suicídio.

Suicídio, para muitos era algo repugnante e que só bastava ouvir sua pronúncia sair da boca de algum infeliz que todos viravam a cara raivosos imaginando o pior dos piores para quem mencionou. Mas para Draco não, sua visão para quem comete suicídio era alguém que já não aguentava mais essa vida de sofrimentos que pareciam piorar a cada dia sem pausa, que por mais que eles tentassem lutar contra mais piores ficavam.

Era difícil admitir, mas seu eu do passado estaria rindo e fazendo piadinhas ou pior, agora a única coisa que sentia era vergonha de quem era, um moleque preconceituoso que achava que teria tudo de mãos beijadas. Um grande idiota.

Draco achava que estava pagando pelos erros que cometeu no passado e por isso sempre que apanhava sabia que merecia.

Ele merecia todo ódio que os alunos lançavam, afinal ele merece ser odiado.

Fechou os olhos imaginando como tudo poderia ter sido diferente se não tivesse fugido para beber tarde da noite, talvez sua mãe não ficaria preocupada o suficiente para ir atrás dele.

Sentiu alguém pegando em seu ombro e abriu os olhos um pouco embaçados, não percebeu quando começou a chorar. Olhou para cima vendo cabelos loiros trançados com fitas coloridas e logo reconheceu quem era.

O uniforme amassado com algumas manchas de tintas, acessórios coloridos por todo cabelo e alguns corações pelas bochechas, só uma pessoa teria tamanha coragem.

-olá Draco - me comprimentou sorrindo leve - estava passando quando vi que essa árvore está cabisbaixa, será que algo aconteceu? Notei que sua cabeça está cheia de nós.

Luna Lovegood, conhecida pela sua loucura.

-Cheia de nó?

-sim, elas estão fazendo uma volta pela sua cabeça e está cada vez mais grande.

Eu a olhei como se estivesse dizendo bobagens.- posso não ter entendido, mas vou fingir - ela parecia satisfeita com minha resposta, rolei meus olhos notando ela mexer as pernas desconfortavelmente.

-hum... será que posso me sentar ao seu lado ? Minhas pernas doem.

Demorei um pouco para responder e ela se agitou, estava parecendo ansiosa para ouvir minha resposta mas não consegui entender o motivo dela ter vindo até mim então demorou mais do que queria, nunca nos falamos antes e ela já me chamou pelo primeiro nome. Mas não vou reclamar... ouvir outras pessoas falando sem ser aos gritos ou raivosos parecia bom. Eu gostava.

-claro Lovegood - me afastei um pouco pro lado pra dá espaço para que ela consiga sentar, ela se sentou e relaxou suas costas no tronco da árvore e olhou para o topo da minha cabeça, eu por outro lado, não conseguia entender o sentimento bom que estava sentindo com ela ao meu lado.

Me senti mais leve e era impressionante, escorei minhas costas mas rapidamente as tirei quando senti dor no local. Eu havia esquecido totalmente e resmunguei baixo.

-merda...

-você parece com dor... quer um remédio? Eu tenho vários, principalmente de dor pois me machuco muito, tipo... muito mesmo - ela mexeu na sua bolsinha em formato de coiote azulado, era fofo ao meu ver - eu tropecei no jardim vindo até aqui, algumas pessoas riram mas não liguei muito. Qual você quer? Tem um que tem um gostinho de docinho e é o meu preferido! E-

A interrompo chamando seu nome.- Lovegood, eu não preciso okay?

-eu vi você reclamando, tem certeza?

Antes que eu pudesse dizer algo, o sinal tocou avisando que a próxima aula começaria em alguns minutos, arrumo minhas coisas e me levanto pronto para sair, mas antes aceno com a cabeça para lovegood que faz o mesmo.

Na verdade eu precisava daquele remédio mas não consegui aceitar, algo dentro de mim não quis ajuda dela...

Andando pelos corredores percebi o motivo de ter rejeitado, eu merecia essa dor e não poderia facilitar meu castigo.

...

Cruciatus - HarcoOnde histórias criam vida. Descubra agora