3

1.5K 151 45
                                    



...

" O amor interfere em nossas escolhas, com amor ficamos cegos e fechemos novas portas para seguir o que o coração quer, não existimos até a doce ilusão passar e vemos tudo que perdemos ao decorrer do caminho estreito que fizemos.[...] "

Risca a folha.

"O amor tem o intuito de nos forçar a escolher entre o certo e o errado, e na maioria das vezes escolhemos o errado.[...] "

Riscou novamente a folha branca logo a arrancando do caderno, amossou e jogou no lixo do seu lado. Estava cansado, se a professora tivesse escolhido outro tema que não fosse algo estranho como amor ou algo do tipo já teria terminado. Se debruçou sobre a escrivaninha colocando sua cabeça em cima do caderno a deixando relaxar, precisava terminar de escrever mas sua mente estava em branco e a entrega já era para amanhã.

Passou três dias enrolando para não terminar e no último dia aconteceu o que já esperava

Estava cansado fisicamente e mentalmente, não sabia exatamente o que fazer para aquele cansaço ir embora e o deixar em paz...

se sentia cada vez mais frustado por simplesmente nada, e esse sentimento estava acabando com ele. Um bico choroso se formou em seus lábios, estava desmoronando e o peso sempre caia em seus ombros cansados.

Escrever sobre amor doía muito que podia jurar ouvir seu coração se quebrar. Não tinha mais amor em sua vida...

Como poderia escrever sobre amor se não é amado?

Sentiu uma lágrima escorrer e molhar seu caderno em baixo, se não fosse pelas batidas agressivas na porta choraria por um bom tempo.

-Draco desça e venha se juntar a mim para o jantar - ouviu a voz abafado de seu pai contra a porta parecendo chorosa e deduziu que ele bebeu novamente.

Podia entender a dor que seu pai estava sentindo, perder sua mãe causou um buraco enorme em seus corações, um que não podia ser substituído ou preenchido.

Uma ferida intensa e incapaz de se curar...

Não respondeu e ouviu passos se afastando da porta, se levantou amarrando o cabelo bagunçado que não lavava a dias, não tinha forças para isso. Se dirigiu a porta a abrindo e desceu as escadas logo adentrando a cozinha encontrando seu pai.

Ele olhava fixamente a mesa como se ela fosse fugir, se sentou um pouco distante dele e começou a se servir mas parou quando ouviu seu pai falar.

-O que está fazendo? - perguntou com a voz trêmula.

Meio tenso, Draco respondeu.- estou colocando meu jantar pai...- se encolheu na mesa quando Lucius bateu contra a mesma.

-você deviria colocar primeiro o meu prato assim como sua mãe fazia! -disse furioso contra sue filho que tremia cada vez que sua voz ficava mais agressiva.

-desculpa pai, eu me esqueci...- gaguejou um pouco mas se segurou, sabia que as consequências por agir feito uma " bixa " não seriam boas.

Antes seu pai nunca levantaria a voz para gritar com ele, mas ao decorrer dos acontecimentos ele se tornou agressivo, principalmente quando bebia. Parou de colocar comida em seu prato e se dirigiu ao seu pai pegando seu prato logo colocando comida nele, podia sentir os olhos de Lucius queimando em sua pele mas nunca se atreveria a olha-lo de volta.

Quando terminou disse um " coma bem " do mesmo jeito que Narcissa dizia.

Voltou para sua cadeira terminando de colocar comida no prato, colocou pouco pois não sentia tanta fome. Começou a comer sobre o olhar rígido do seu pai e implorou para terminar logo para poder subir pro seu quarto o mais rápido possível.

Assim que terminou esperou seu pai acabar para poder lavar os pratos e subir. Quando sua mãe morreu, cada tarefa doméstica passou pra ele como lavar, varrer, limpar os móveis, cuidar e regar as flores que ficavam na janela, limpar o jardim e o quintal, lavar e dobrar as roupas. Se perguntava como sua mãe fazia tudo sem reclamar, ao contrário sempre a ouviu cantarolar.

Era lindo, uma bela mulher como ela cantando sua música preferida enquanto fazia passos suaves, uma voz tão doce, tudo que ela fazia envolvia um grande amor.

Quando ela penteava seus fios loiros e fazia penteados a deixando mais lindamente possível, seu belo sorriso acompanhado de uma risada gostosa de ouvir, seu vestido que foi feito na medida certa a deixava mais elegante e com ar de superioridade deixando bem claro que foi feito para ela, unicamente para ela, Lucius sempre a olhou com orgulho demonstrando o quão encantado e apaixonado era por sua mulher.

Draco tinha lembranças vagas sobre sua mãe, queria ter passado mais tempo com a mesma assim poderia recompensar o tempo perdido.

Quando terminou retirou o lixo e caminhou para fora indo em direção ao lixeiro, colocou o lixo nele e virou-se para voltar para dentro mas parou ao ouvir uma gritaria.

Quando olhou deparou-se com uma festa que acontecia na casa dos padrinhos de Potter, de longe o viu sendo abraçado por seus amigos, Granger e Weasley.

Eles riam alto enquanto Sirius fazia algumas palhaçadas, contava histórias do seu tempo em Hogwarts.

Draco observava de longe por um bom tempo, imaginando como seria a sensação de ter amigos que te amam e fariam o impossível ser possível por você sem esperar algo em troca... nem um mísero obrigado em troca.

Sabia que era errado sentir inveja do seu rival, mas não conseguia evitar o sentimento angustiante que subia pela sua garganta sempre que percebia o quão amado ele era, que ele não precisava se esforçar por que era naturalmente amado.

Sua mãe o ensinou que nunca deveria se submeter a inveja e sim conquistar o que almeja, que a inveja cegava os olhos daqueles que a buscavam em meios traiçoeiros, caçando a ambição e encontrando a ganância em seus olhos vendados.

Porém o que ele queria não poderia conseguir, a não ser que morresse.

Sobrecarregado voltou para dentro, desejando que seu pai já estava dormindo, mas para seu azar ele permanecia acordado no sofá segurando uma garrafa de whisky quase vazia. Tentou subir as escadas silenciosamente não querendo chamar atenção do homem.

O que não adiantou muito pois ele ouviu.

-Draco, iria dormir sem falar com seu pai? - perguntou e ele desceu três degraus que havia subido indo até o sofá parando na frente de Lucius um pouco receoso.

Limpou a garganta e respondeu - desculpe-me novamente pai, pensei que estivesse dormindo e não queria atrapalhar seu descanso - mentiu desviando os olhos, seu pai o encarava com os olhos focando em seus cabelos.

-tudo bem... vá dormir - disse revirando a garrafa em um só gole e Draco não conseguiu esconder a tristeza em seus olhos que brilhavam.

Desejou um boa noite e subiu as escadas apressado indo para a porta do seu quarto logo a destrancado, correu para cama se jogando e despejando suas lágrimas no travesseiro, estava segurando desde que saiu do quarto, chorou baixinho tentando controlar os soluços que saiam da sua boca e falhou miseravelmente.

-Mamãe, por que você se foi ? Por que não me levou junto ?- colocou a mão sobre a boca evitando que outro soluço saísse.



Cruciatus - HarcoOnde histórias criam vida. Descubra agora