Capítulo 16

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Bai Huowu

Invoquei a adaga e parti para cima dos algozes, peguei o primeiro de surpresa e o desacordei num soco.

O segundo veio em minha direção, o esmurrei e golpeei na lateral, perfurando seu pulmão. Sangue manchou a lâmina.

A ponta de um chicote bateu nas minhas costas, me pegando desprevenido. Minhas pernas vacilaram perante a dor súbita.

Fui chutado, caí ao chão e rolei.

Atirei a adaga no exato instante, que o homem volumoso pretendia me perfurar com sua espada.

Minha adaga atravessou sua garganta e o homem tombou ao chão.

Me forcei a me erguer e encarei os corpos, eram todos cultivadores da Seita Rosa da Lua. Eles usavam as vestimentas prateadas e tinham a rosa da lua bordado no peito. Cambaleei, não fazia sentido. Cultivadores são os mocinhos. Eles são bons, eles... Uma criança segurou minhas pernas, seu rosto magro e sujo, lágrimas escorriam, como cascatas, por suas bochechas esquálidas.

– Minha mãe! – ele apontava para um dos corredores.

Sua imagem e voz, me fez perceber, que sim, um cultivador que deveria proteger ao povo, está o maltratando. Cultivadores poderiam ser ruins. Foi como se o chão, que eu pisasse desmoronasse.

Durante todo esse tempo, eu acreditei em mentiras.

– Minha mãe! – a criança voltou a pedir.

– Tudo bem, vou buscá-la, agora fuja com os outros! Se mantenham juntos, um par de leões os protegerá. – falei, sem vida.

– Leões? – perguntou a criança com olhos grandes e chorosos.

– Apenas confiei em mim. Vá. – afaguei a sua cabeça, meio sem jeito.

A criança lentamente me soltou, no momento seguinte, estava correndo junto aos outros, os quais choravam. Alguns caiam – talvez pela fome –, mas logo se erguiam na esperança de fugirem. Os maiores pegavam nas mãos dos mais novos, os puxando para a saída e assim, o lugar foi esvaziado.

Fechei os olhos e enviei energia em forma de um comando. Senti quando os autômatos mudaram a rota, enquanto enfrentavam uma dúzia de cultivadores. Meus leões de bronze me enchiam de orgulho. Satisfeito e um pouco triste com a situação vigente, voltei minha atenção para o corredor da esquerda.

Respirei fundo. O que eu encontraria além do corredor? Que tipo de surpresa obscura me aguardava? Tentei me preparar mentalmente e fui.

As tochas queimavam, estavam fixas nas arandelas da parede, assim, com o caminho iluminado, alcancei outra caverna onde as pedras luxxer eram mais brilhantes em azul puro. A energia que irradiavam esquentava a pele, como pequenas estrelas.

Cobri meus olhos, ou a cintilação intensa me cegaria. Meio atônito, já que era a primeira vez vendo pedras tão luminosas, me afastei. Pés arrastando no solo pedregoso, algo foi chutado pela ponta da minha bota. Depois, tropecei. Só para cair numa pilha de ossos humanos.

Desespero me fez lutar para levantar. Vi crânios, arcadas dentárias e tíbias – além de outros ossos que não conheço a nomenclatura. Eles se esfarelavam ao menor toque.

Pelo grandioso Buda?! Por que tantos...

Espera.

A criança disse que a mãe dela estava ali?!

Não, isso seria ir longe demais.

Encarei as pedras luxxer brilhando, como um punhado de sóis, e estremeci.

A Espada que Corta as TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora