Extra 1 - parte 1

15 2 0
                                    

Esse ainda não é o extra fofinho, esse é a explicação do que aconteceu com o Mestre Fei e como Liu YuanQi sabia da morte de Bai HuoWu. Aqui vai ter sofrimento e lágrimas, se não quer ler essa parte triste, sugiro que pule para o extra 2, esse sim, vai ser fofinho.

Enfim, esteja avisado.

########

Liu Yuanqi

Eu lembrava muito bem o que tinha feito, meus lábios ainda pinicavam como se ainda sentisse o beijo. Sim, eu fui um covarde quando bebi tanto, só para ter coragem de pedi-lo para me seguir, para lhe garantir que o acolheria na Seita, não me importava mais com possíveis traições, com nada, eu só o queria seguro e ao meu lado. No entanto, quem imaginaria, que das ondas agitadas do oceano do meu ser a que subiria mais alto seria o desejo irracional? E qual foi a surpresa quando eu iniciei o beijo?

Lambi os lábios. Não me arrependo da ação, só lamento que foi tão abrupta. Maldito álcool!

A simples lembrança do beijo ressoava em meu corpo, que vibrava como uma corda de guqin sendo dedilhada. Suspirei. Mão apertando minhas vestes. Coração pulando acelerado, como um tambor. O que era aquilo? Aquela necessidade latejante de o ter perto? O que era as palpitações e os pensamentos repletos dele, dia e noite, cheios de seus sorrisos, de suas covinhas, seu tom de voz, sempre provocativo e a maneira como me olhava? Tudo poderia compor a perfeita canção que me desestabilizaria a mente e o espírito.

Eu não sabia o nome de tal sentimento, mas percebi que não conseguiria dar nenhum passo além, sem ele. Mesmo que estivesse aos pés da montanha da minha Seita, eu não podia entrar naqueles pavilhões e permanecer tranquilo se a sua presença não existisse no lugar.

– Élder? – sênior Guan se aproximou.

Meu olhar estava focado atrás, na direção noroeste que me conduziria até a Vila Cristal, até ele.

– Escolte as crianças para a Seita, o alcançarei em breve. – decidir num impulso.

– Élder? Élder? Para onde está indo?

Me afastei, desembainhei a espada e subi na lâmina voadora que me lançou aos céus. Era a minha primeira vez sendo impulsivo, eu não sabia exatamente o que diria quando chegasse lá. Só sabia que diante dele, eu exporia a confusão dos meus pensamentos, admitiria a plena consciência do beijo e assumiria a responsabilidade por isso. Não importa quem ele fosse, seu passado pouco me interessava, desde que estivesse disposto a estar comigo.

Acelerei a espada, o chão um borrão verde, vento uivando aos meus ouvidos. Pouco descansei no caminho, mal dormindo e seguindo o máximo que pudesse. Mesmo assim, longas distâncias nunca poderiam ser vencidas em um curto tempo. Assim, independente da minha impaciência, alcancei a Vila Cristal no anoitecer do terceiro dia. Considerando o tempo, Bai Huowu teria voltado de viagem a exatos três dias e com certeza estaria descansando, afinal grandes trajetos sempre cansam o corpo.

Por isso, me peguei considerando que talvez não fosse boa ideia bater em sua porta tão tarde, mas minha racionalidade estava eclipsada, eu me sentia um adolescente estúpido. Além disso, tinha medo de adiar e acabar me acovardando uma terceira vez, assim, conduzi a espada em direção à forja alugada. Minha surpresa foi ver luzes acesas no lugar. Ele estava acordado! Isso é bom! Comecei a conduzir a espada para baixo, vi uma carroça, a identifiquei como pertencente ao didi Fei Yin.

Uma visita ao meu ferreiro, tão tarde? Franzi o cenho.

Uma má sensação tomou meu corpo, um arrepio frio subiu pelo meu braço esquerdo, era um prenúncio. Meu peito apertou e a pressa zuniu em meus ouvidos num grito surdo para que eu descesse. Tem algo errado. Pulei, meus pés contra as rochas lisas que formavam a praça de frente à forja, avancei. Vi a porta abrindo, senti um sorriso formulando em meu rosto, pronto para chamar por Bai Huowu, quando notei as costas de Ling Wang, ele parecia está arrastando algo pesado.

A Espada que Corta as TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora