"Capítulo 4"

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O som estridente do toque do celular soou alto em seus ouvidos que pareciam mais sensíveis naquela manhã. Dando uma pequena espiada, viu o dia ensolarado pela janela que havia pernoitado aberta.  "Droga"  ela pensou quase que imediatamente ao finalmente conseguir abrir suas pálpebras dando de cara com a claridade.

Deus, como queria ter lembrado de fechar aquelas cortinas.

Ela esfregou os olhos e procurou o relógio em sua mesa de cabeceira.

07:30

–Ahh... – chorou frustrada, tampando seu rosto com o travesseiro. Era seu dia livre e algumas horas a mais de sono com certeza a faria mais feliz.
Seus olhos ardiam, sua cabeça doía e seu corpo também não ficava para trás.

Certamente, não deveria ter bebido tanto na noite passada.

Noite passada.

Leonardo e ela...

Quando levantou da cama, pôde vê-lo deitado de bruços em um sono tranquilo. Sua respiração era calma e seu rosto parecia tão sereno...Tal qual na época em que apenas namoravam.

Muitas coisas haviam mudado desde então, inclusive, ela.

O conheceu em um momento delicado de sua vida tão caótica e em pouco tempo já estavam mais juntos que nunca engatados em algo sério. No fundo sabia que não era a hora de ter outro alguém em seu caminho, não tão cedo. Ele apareceu quando ela tinha acabado de terminar um relacionamento que havia deixado imensuráveis feridas, quando a melhor parte de si tinha sido levada. O destino tomou um pedaço seu... tomou um pedaço de sua vida, de quem foi algum dia e quem amaria ter sido.

Daria tudo se fosse possível para tê-la de volta. Mas não era.

Depois de meses encarcerada em sua própria mente cercada de escuridão, lutou contra tudo e todos decidindo que finalmente deveria tentar. Se era para seguir em frente como tanto falavam, ela o faria. Mas do seu jeito.

– E que jeito torto... – sussurrou desabafando para o vento enquanto ainda olhava a figura adormecida de seu noivo na cama.

Noivo.

Era seu noivo que estava ali. O homem com quem ela provavelmente dividiria os próximos anos de sua vida estava bem ali.


"Tudo que começa errado, acaba terminando errado" A frase que sua mãe sempre dizia surgiu como um grande letreiro luminoso em sua mente.

De fato. Sua mãe estava certa mais uma vez.

E como estava.

Ela caminhou ainda pensativa até o banheiro. Tomou seu banho, escovou os dentes, penteou os cabelos e colocou seu robe de ceda. Estava pronta para descer e passar o dia em sua casa fazendo nada.

Era tudo o que imaginava para hoje.

— Meu girassol apareceu! – pode ouvir sua mãe exclamar enquanto descia as escadas.

Martha estava sentada na mesa perto da grande varanda que tinha em sua sala de estar. A vista era linda e ela amava comer ali pela manhã, principalmente quando estava com o filho em casa.

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