Us Again

"Capítulo 15"

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"Podia ver a fúria crescendo em seus olhos escuros como a noite e era estranho. Seus pelos da cabeça aos pés se arrepiaram por inteiro, seu corpo era tensão pura e ela não estava entendendo o porquê de estar assim. Sabia desde o início que cedo ou tarde isso aconteceria, estava preparada...

Ricardo falava sem parar e ela não conseguia ouvir com clareza uma palavra sequer, não tinha força o suficiente para nem ao menos olhá-lo. Seu ex marido tinha a atenção toda para ele.

Finalmente pôde ver os lábios do homem a sua frente se mexerem, formulando uma frase que ela não entendeu. Estava ocupada demais devaneando sobre eles. Então, de forma abrupta, ele apenas voltou a encara-lá antes que se virasse e saísse porta à fora. Ela não entendeu. O susto foi grande quando sentiu a mão de Ricardo repousar em seu ombro e foi aí que se sentiu obrigada à finalmente olhá-lo depois de todo aquele tempo imersa. Ele tinha um sorriso gentil em seu rosto, parecia um homem de bom coração e isso a acalmou um pouco.

Estava nervosa, era óbvio que talvez não para ele que a conheceu há poucos minutos mas quem realmente a conhecia...

Ele a apresentou à todos, lhe mostrou cada pedaço da delegacia que agora faria parte de sua vida outra vez.  O lugar havia mudado um pouco, as pessoas também, mas a essência dali era a mesma. O cheirinho constante de café moído a fez viajar no tempo e foi como se estivesse passando por aquele corredor pela primeira vez como há anos atrás. Não queria e sentia que não devia admitir, mas era o que era. Seu coração gritava e bem alto.

Ela estava em casa.

...

O barulho do elevador a acordou do pequeno transe. Piscou os olhos com força e os esfregou antes que a porta abrisse, estava exausta e seu dia ainda não havia acabado.

Caminhou em passos lentos até a porta de seu novo apartamento e suspirou pesado antes de enfiar a chave no miolo da porta e assim abri-la.

Seu novo lar.

Um pouco bagunçado, mas ainda sim um lar.

Caixas ainda espalhadas por todo lado, livros, objetos de decoração, almofadas... só queria poder se jogar em seu grande sofá e tirar um cochilo.

— Ei, chegou cedo. Como foi o primeiro dia?

Ela estava ali. Sua mãe estava apoiada sob as próprias pernas, arrumando alguns livros no móvel da sala e ela tinha um sorriso aberto no rosto.

— Como todos os primeiros dias...

— Com medo? Ansiosa? — indagou. — Estou curiosa.

— Óh, jura? — brincou, jogando sua bolsa e pasta sob o sofá. — Se não me dissesse não saberia nunca.

— Seu senso de humor é contagiante, Giovanna.

— Calma, dona ranzinza. — riu, se aproximando para deixar um beijo sob a testa da mãe. — Foi... surpreendente. Me senti ansiosa mas nem um pouco de medo. — disse orgulhosa. — Por incrível que pareça, eu gostei e muito... a equipe parece ser empenhada, me receberam bem...