Us Again

"Capítulo 9"

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Um riso descrente saiu por seus lábios.

Só podia estar blefando, claro! Isso não podia acontecer e não tinha a menor possibilidade de ele permitir essa loucura. Conhecia as leis tão bem quanto ela e tinha consciência de que não havia infringindo nenhuma delas.

– Está falando isso da boca para fora. – ciciou em negação, procurando nela algo que denunciasse o mínimo que fosse de ser realmente um blefe. Se ela queria dar uma lição nele, havia conseguido. Pronto. Ficaria mais atento. Sua língua coçou para perguntar se o que ela havia dito não passava de uma brincadeira de muito mau gosto, mas ela não vacilou um segundo.

O que fez seus batimentos cardíacos acelerarem e suas mãos suarem com o nervosismo correndo por todo seu corpo.

Ela não estava brincando.

– Não pode fazer isso...

– Ah eu posso... – ela deu mais um passo em direção à ele. Sua raiva por ele só aumentava e ela não tinha controle, sentia que explodiria a qualquer momento. A voz, o rosto, o jeito... tudo a irritava. – Eu vou provar que você não é apto para cuidar de uma criança e não será tão difícil, te garanto.

– Foi um acidente! – ele respondeu com a voz já alterada, sentindo seus nervos pulsarem.

– Acha que algum juíz vai gostar de saber que você e a sua namorada colocaram meu filho em uma situação de risco como essa?

– Não se faça de tonta, Giovanna, quantas vezes mais vou ter que repetir que foi...

– Foi a droga de um acidente que vocês causaram! – ela completou em um grito com fúria, apontando em direção à ele. – Você não entende que poderia ter sido evitado? Se você fosse um pouco mais ligado nas coisas que acontecem à sua volta, principalmente com o meu filho, isso não teria acontecido! – tinha tanta, mas tanta mágoa em seu coração. – Por um descuido, uma irresponsabilidade sua, ele está aqui!

– EU SEI! – esbravejou irritado, com seus olhos quase saltando para fora. Já se sentia o maior merda do mundo por ter deixado aquilo acontecer, definitivamente não precisava que ela o dissesse.

O corpo dela estremeceu por completo e sua respiração pesou. Ela sabia gritar mas ele também, e mais alto. O peito de ambos subia e descia de forma frenética em sincronia e os olhos não deixavam um segundo de se mirar.

– Algo aí dentro da sua cabeça realmente acha que eu estou gostando de estar aqui, Giovanna? Que eu queria ter passado pelo que passei com ele?

Pela primeira vez ele pode sentir seus olhos se inundarem de lágrimas. E ela não ficou para trás. O clima era pesado, com lembranças os atormentando a todo instante, cada olhar, cada palavra, cada gesto um do outro os feriam. O presente se misturava com o passado e eles não sabiam aonde estavam indo com tudo aquilo.

– Acha que... acha que eu não senti pânico quando o vi daquele jeito? – As cenas que presenciou nunca sairiam de sua memória, eram mais algumas para sua coleção particular de momentos mais tenebrosos com certeza. Seu filho ali brigando pela vida, perdendo aos poucos a consciência... – Com o rosto completamente inchado, se debatendo e lutando para conseguir respirar... 

Ele sentiu um medo como há muitos anos não sentia e foi desesperador, jamais esquecia aquela sensação.

– Achei que fosse perdê-lo...