- Doutora? - ela ouviu o rapaz bater na porta a fazendo rapidamente desviar a atenção da papelada que havia em sua frente.- Oi, Luís! Entra aí! - o respondeu com a voz cansada enquanto retirava seus óculos de leitura. Estava exausta já e ainda não passava das onze da manhã.
- Com licença. É que tem visita pra senhora!
- Visita? Para mim? - seu cenho franziu ao ver o PM assentir. Não estava esperando visita, ainda mais naquela manhã lotada de trabalho. - Quem está aí?
- A delegada mais linda e ocupada de São Paulo tem um tempinho para conversar com sua mãe? - a senhora bem maquiada e arrumada adentrou a sala com um belo sorriso em seus lábios, fazendo-a arregalar o olhos.
- Mas o que... - ela se levantou ainda encarando a mãe, demorando apenas alguns segundos para ir em sua direção. - O que faz aqui?... Quero dizer, como... - voltando o olhar ainda confuso para Luís, ela agradeceu antes de fechar a porta. - Imaginei que só voltaria para o Brasil em agosto!
- Era o combinado, porém Graças à Deus, sua tia avó teve uma boa melhora. - Martha havia se ausentado por alguns meses para viajar até San Gimignano, uma pequena cidade na Toscana para cuidar da tia que estava gravemente doente. - Mas você achava mesmo que eu não passaria em São Paulo antes para dar um abraço e um beijo na minha menina?
- Sentimos tanto a sua falta...
- Eu também, querida. - seus braços rodearam e apertaram levemente o corpo esguio de sua filha em um abraço caloroso.
- Como ela está?
-Melhor, mas ainda sim devemos ficar de olho para que ela tenha uma boa recuperação. Ah, ela disse que está com saudades e que espera te ver em breve.
- Também estou com saudades. - ela se afastou um pouco, levando sua mãe em passos lentos até o sofá para se sentar. - Será ótimo visitá-la e finalmente levar o Pedro para conhecer a cidade que a vovó dele nasceu. Café?
- Por favor... e falando nele, como meu neto está, Giovanna? - a senhora perguntou com ternura. – Pelas fotos parece que cresceu tanto...
- Está bem, ótimo na verdade! - ela se sentou, entregando uma xícara fumegante à mãe. - Levei ele e Rosa até o aeroporto ontem à noite, chegaram no Rio por volta das 21:00...
- Hmm... Estava louca para agarrar e encher aquela coisinha pequena de beijos, quando voltar para casa será a primeira coisa que vou fazer. - viu um pequeno sorriso se formar nos lábios da filha, mas aqueles olhos... aqueles olhos não conseguiam engana-lá. - O que foi, meu amor?...
- Todas a vezes em que deixo meu filho no aeroporto, sinto um vazio descomunal aqui dentro do meu peito... - ele era tudo para ela, Martha sabia disso. - E parece que com o tempo isso só cresce.
- Você é mãe, minha filha... não pense que essa sensação algum dia vá passar. - as mãos delicadas da mãe pousarem sob as suas. - É difícil, eu entendo e como! Acha que eu não ficava quase louca quando você viajava com as suas amigas do colégio? Ou ia para a casa dos seus avós quando tinha a mesma idade que ele?
- Meus avós sempre cuidaram muito bem de mim - resmungou passando as mãos pelos cabelos. - A senhora não tinha com o que se preocupar
- Ah Deus! - um sorriso irônico apareceu nos lábios dela. - Aonde você quer chegar? - Na verdade, sabia exatamente aonde ela queria chegar. Jamais deu o braço a torcer e não começaria agora, conhecia bem sua filha. - Pedro está em ótimas mãos e você sabe disso.

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Us Again
Fiksyen PeminatToda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes...) e nela mora a saudade. - Rubem Alves