Duo

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P.0.V Marilia

A faca escapava de minhas mãos,
escorregando sobre o pescoço de Maraisa
e fincando perfeitamente na garganta.
Ela se engasgava, esticando os braços
como se tivesse me pedindo ajuda, de
uma forma muda. Eu ria alto, andava
desengonçadamente, ignorando o seu pedido silencioso, e pegava a pistola caída no chão. Apontei o cano frio em minha têmpora, sabia que logo o mesmo ficaria quente e o disparo sairia. Me curvei para frente, buscando por ar, enquanto os meus olhos se arregalavam naquela claridade que invadia o quarto de minha namorada. Me sentei, o meu corpo todo suava enquanto o lençol escorregava por mim, revelando a minha nudez. Eu puxava por ar, querendo tirar aquele pesadelo maluco de minha cabeça. Eu não sou assassina. Senti uma mão tatear por mim, como se me buscasse, Maraisa ergueu apenas o pescoço e me olhou, reparando em meu estado. Ela bateu na cama, indicando que eu
voltasse a me deitar, e foi o que eu fiz. Estava com calor e me sentia sufocada.

Maraisa afagou o meu cabelo, tirando um
pouco de minha testa e iniciando um cafuné gostoso, aquilo ia me acalmando aos poucos. Ela beijou o topo de minha cabeça, antes de por a mão em minha barriga e acariciar carinhosamente, o meu peito subia e descia, cada vez mais normalizando a respiração. Maraisa se aproximou mais um pouco, me abraçando de lado e me olhando um tanto preocupada, mas apenas dei um pequeno sorriso como se indicasse que estivesse tudo bem. Que merda tinha sido aquilo?

- Foi um pesadelo? - Tentou adivinhar,
apenas assenti -Já passou amor, não tem com o que se preocupar.

- Eu não gosto nem de ficar lembrando dele-bPasso a mão em meu rosto.

- Então não lembra - Ela afagou a minha
bochecha esquerda e em seguida, deu um
beijo na região.

- Maraisa, eu não sou assassina - Murmurei
baixo - Não sou...

- Ei...

- Não, eu não sou - Me sento novamente, me sentia ofegante - Por favor...

- Eu acredito em você, meu amor - Maraisa me puxou para deitar em seu peito - Se acalma por favor.

- E-eu juro g-que eu era..,. - Respiro fundo -
Juro!

-O que combinamos? - Maraisa segurou
em meu rosto - Nós Vamos conversar tudo
certinho.

- M-mas...

- Que tal fazermos a nossa higiene e depois
tomarmos um belo café da manha? - Propôs
- E só então a gente conversa tudo o que temos para falar uma para a outra.

- Tudo bem - Sorrio mais aliviada por ouvir
aquilo.

- Então vem, amorzinho.

Maraisa esperou que eu saísse da cama e
assim fomos para o seu banheiro, fizemos
a nossa higiene matinal, uma na frente da
outra, não tínhamos motivos para ficarmos
envergonhadas. Logo após um bom banho
juntas, em silencio, fomos para o seu quarto. Ela me deu uma calcinha que nunca tinha usado e que coube perfeitamente em mim, vesti uma blusona sua que ficou um pouco larga e nela ficaria mais ainda. Fiquei apenas com essas duas peças. Maraisa ficou quase igual, com calcinha, porem com uma blusa social de botões. Descemos as escadas de mãos dadas, escutando a campainha soar estridente pelo apartamento todo. Quem seria a essa hora? Não importando com a nossa vestimenta, Maraisa me puxou para a porta e abriu, demos de cara com um casal de idosos.

- Bom dia queridas - O senhor nos
cumprimentou com um sorriso, mas esse foi morrendo quando viu o nosso estado.

- Bom dia – Maraisa cumprimentou sem graça pelo olhar do homem.

- Viemos apenas confirmar se está tudo
bem aqui - A senhora pigarreou – Alguns
moradores reclamaram de barulhos...como
se algo tivesse quebrando e depois escutaram gritos...

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