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Gabriela

Depois de meia hora os tiros cessaram e não se ouvia mais nenhum barulho de tiro.

Só sei que agora eu e a Melissa estamos aqui lavando a louça do café.
Decidimos que íamos fazer algo de bom pra comer no almoço.

Queríamos ir comprar, por que inventamos de fazer lasanha à bolonhesa e os tiros ainda se escutava lá fora, então decidimos esperar e enquanto isso fomos lavar a louça e enfim os tiros se acabou.

- Vai logo mulher, termina de lavar essa louça logo. Quero comer.- Disse eu vendo ela na mó lerdeza e eu esperando pra secar.

- Mais mana, você acabou de comer.

- Idai, até a gente ir comprar as coisas, voltar e ir fazer o almoço, eu já vou tá morrendo de fome.

- Aí tá bom.- Parou de lavar da vasilhas e foi secar a mão no pano de prato.- Vamos lá, quando eu voltar você faz a comida e quando eu terminar de lavar, eu termino de te ajudar.

- Quando você terminar de lavar louça, eu já vou dar até almoçando.- Bateu no meu braço e eu ri.

- Ai, vamos logo.

Fomos pegar o dinheiro e já saímos de casa.

Sério, enquanto tava andando lembrei que amanhã é dia de visitar o DOPRÊ. E você acha que eu quero? Se você respondeu não, você acertou. Sério eu tomei uma raiva daquele cara. Aff, da até ódio de pensar.

- E aí mana, amanhã tu vai ter que ir na visita, né?- Bufei.

- Infelizmente. Mas o que eu posso fazer né, peguei prisão perpétua na sua casa.

- Ah, pensa pelo lado bom. Você tá comigo.

- É, mas eu sou obrigada a visitar seu irmão.

- Com o tempo se vai ver que no fundo ele é legal.

- Aquele ali pra ser legal, nem nascendo de novo. Mas enfim, vamo passar na casa da minha mãe, tô com saudade já.- Rimos. Fomos no mercadinho e pegamos tudo necessário pra fazer essa lasanha, depois de lá nos fomos pra casa da minha mãe.

- Mãeee.- Berrei no portão, ela abriu a porta da sala e logo saiu correndo pra ir me dar um abraço.

- Oi minha filha, graças você tá bem. O que aconteceu pra você ter ido pra casa do 2F?

- Vamos entrar mãe, lá dentro eu te conto. Vamos amiga.

- Não, acho que eu vou ir indo. Vou deixar vocês conversarem.

- Tá bom então, tchau e cuidado.

- Tá bom amiga.- Mandei um beijo no ar, ela correspondeu e saiu andando levando as sacolas com ela. Eu e minha mãe entramos para dentro de casa.

Me puxou pra sentar no sofá.

- Me fala o aconteceu? Não tô entendendo nada.

- Então mãe lembra quando eu fui entregar currículo, cheguei em casa, disse que ia dormir, aí eu saí?- Concordou com a cabeça.- Então, eu saí pra falar com o 2F, já que não obtive nenhuma ligação pra alguma entrevista de emprego.  Pouco depois,  perguntei pra ele se ele poderia me ajudar,  já que meses atrás ele me ofereceu uma grana, só que era pra fazer visita ao dono do morro, então eu não aceitei na época. Mas não tinha o que fazer, ou era isso ou não era nada.

- E você aceitou a se submeter à isso?- Levantou do sofá e falou em um repreendedor. Eu que ela reagiria desse jeito, ela incompreensível, eu fiz tudo pra ajudar ela.

- Mas foi tudo pela senhora mãe. Você acha que eu queria fazer isso?

- Pelo o que você se submeteu, eu tenho certeza.- Eu fiquei desacreditada, como uma mãe pensa isso de uma filha? Fiquei até sem reação. Só levantei do sofá, fui até a porta e sai sem nem olhar pra trás.

Pelo caminho fui chorando. Eu passando por isso de novo? E ainda ouvir isso da própria mãe, é uma facada no fundo da alma.

Cheguei na casa da Melissa. Abri a porta e já bati a mesma. Já tava mais calma, mas era uma coisa que se repetia muitas vezes.

- Amiga, o almoço nem tá pronto ainda.- Veio animada da cozinha e vi que meus olhos estavam vermelho.- O que foi amiga, se tava chorando?

- Eu sabia que ela iria reagir daquele jeito. Eu te avisei, não avisei?

- Calma amiga, aposto que o passado dele deve ter sido parecido. É santa mas não me engana.

- Ainda me chamou de puta, não foi direta, mais claramente que me xingar de puta. Aí que odioo.- Passou a mão no meu cabelo.

- Nossa amiga, me desculpa, mas sua mãe não devia ser chamada assim.

- É, realmente.

- Me ajuda a terminar da fazer a comida.- Concordei com a cabeça e fomos para a cozinha, e já começamos a fofocar da vida do povo daqui.

...

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