"É possível existir beleza na escuridão, basta você gostar do que vê." - Autora.Melina
Fico estática, ainda sentada no chão do quarto. Encaro a parede fixamente enquanto respiro fundo, tentando tirar toda agonia do meu corpo. A vontade de chorar volta com força e algumas lágrimas desobedientes deixam meus olhos.
Meses se passaram desde que morri, o que para mim foi tão pouco tempo.
Não achei que encontraria meus irmão aqui, e muito menos achei que isso mexeria de forma tão bruta comigo. Ravem é o mais velho dos meus irmão, devido a nossa diferença de idade, nunca fomos muito próximos. Mas, vê-lo no estado que se encontrava, tão fora de si, abalado e dominado pela maldita fúria infernal.
O destino com certeza não estava sendo gentil comigo; me pergunto se algum dia ele foi. Eu tinha vários sonho, detre eles, queria formar uma família, casar-me com um homem que me ame. Nada mais.
Tento afastar essa melancolia estúpida do meu corpo. Aperto mais minhas pernas ao meu peito e acomodo a cabeça em cima dos joelhos, esperando o sono me engolir na escuridão.
[...]
Os "dias" passaram rapidamente, porém muito monótonos e entediantes. Não vi ninguém durante esse tempo. As visitas de Lilian não aconteceram mais, e Amon sumiu novamente.
Tentei ir à procura de Lilian algumas vezes, mesmo amedrontada por andar sozinha neste imenso palácio sombrio, queria saber o porquê dela não ter vindo mais me ver. Não consegui encontrá-la, então deduzi que ela está participando de alguma festa erótica, ou seja lá os tipos de barbaridades que ela e seus amigos fazem quando estão juntos.
Ficar neste quarto sozinha está mexendo comigo, principalmente porque estou esgotada de olhar para teto. Aborrecida, descido caminhar pelos corredores e explorar o vasto lugar de aparência perturbadora.
Arrependo-me da minha estúpida audácia assim que dobro o corredor e a primeira coisa que escuto são gritos. Sons subversivos de desespero e medo adentram em meus ouvidos, embora não seja corajosa para ir em direção ao som. Então corro para a direção contrária, sentido-me uma completa covarde.
Meus pés param quando avisto uma porta, menos chamativa que as demais, mas, mesmo assim, deixo-me ser consumida pela curiosidade e ponho-me a abri-la.
A primeira coisa que vejo é um jardim, pouco iluminado, com flores negras por toda parte que formam um labirinto com longas paredes. Dou um passo adentrando no local e varro cada parte do lugar com os olhos.
Tudo o que tenho de iluminação são algumas tochas acesas e penduradas nas paredes feitas de plantas.
O chão está rodeado de pétalas secas e fazem um barulho ao serem quebradas pelos meus pés. O cheiro de rosas entra pelo meu nariz. Admiro a peculiaridade e beleza daquele lugar.
Faço um pequeno caminho quando entro no labirinto, caminhado e passando de leve meus dedos curiosos pela superfície das flores que ali se encontram. Cada pétala escura chama minha atenção, e não posso deixar de notar que, mesmo incomum, são muito deslumbrantes como a superfície de um carbonado.
Por um mero descuido, meu dedo é cortado de leve por um espinho de uma flor. Faço uma reta de dor, torcendo o nariz; mas logo depois fixo minha atenção ao sangue que pinga do meu dedo ferido. Uma unica gota cai e mancha meu vestido azul escuro, um detalhe que mal pode ser visto.
Levando meus olhos e passo pelo pequeno lugar que se assemelha a uma sala de estar, com um único banco no centro e uma pequena mesa que dá suporte a uma jarra. Esta que carrega uma flor dentro de si.
Uma flor branca.
Por mais distinta que ela fosse em meio as outras, sua beleza era comum e, em meio a várias flores diferentes, ela foi a única que trouxe uma sensação de familiar em meu peito.
Toquei-a com cuidado e sorri pela delicadeza da sua pétala aveludada. A mesma suja com o sangue do meu dedo, no mesmo momento me repreendo por ser tão descuidada em macular a beleza da flor.
Caminho até uma flor preta e a tiro com delicadeza do seu lugar habitual, seguro com polidez sua estrutura sensível e caminho em volta a mesa de centro até estar ao lado da rosa-branca novamente. Sento-me no banco descansando minhas pernas; ponho uma mão sobre o vestido e a outra estico colocando a rosa-preta dentro da jarra junto com a branca.
Sorriu pela combinação que parece perfeita. Suas cores opostas destacando uma a outra e cada uma mostrando sua própria beleza de forma distinta.
............
Capítulo curto, porém sem diálogos. Peço desculpas a quem não gosta (eu particularmente não sou muito fã), mas gosto de explorar um pouco os pensamentos da Melina.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inocente Pecado
Fantasy(Deuses Virtuosos 1) Melina sempre cumpriu os mandamentos dos deuses e evitou o pecado. No entanto, apesar de ter uma alma digna do paraíso, ela foi condenada ao inferno por engano. Amon, o governante do submundo e rei do pecado, agora tem em suas m...