Capítulo 7

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"É possível existir beleza na escuridão, basta você gostar do que vê." - Autora.

Melina

   Fico estática, ainda sentada no chão do quarto. Encaro a parede fixamente enquanto respiro fundo, tentando tirar toda agonia do meu corpo. A vontade de chorar volta com força e algumas lágrimas desobedientes deixam meus olhos.

   Meses se passaram desde que morri, o que para mim foi tão pouco tempo.

   Não achei que encontraria meus irmão aqui, e muito menos achei que isso mexeria de forma tão bruta comigo. Ravem é o mais velho dos meus irmão, devido a nossa diferença de idade, nunca fomos muito próximos. Mas, vê-lo no estado que se encontrava, tão fora de si, abalado e dominado pela maldita fúria infernal.

   O destino com certeza não estava sendo gentil comigo; me pergunto se algum dia ele foi. Eu tinha vários sonho, detre eles, queria formar uma família, casar-me com um homem que me ame. Nada mais.

   Tento afastar essa melancolia estúpida do meu corpo. Aperto mais minhas pernas ao meu peito e acomodo a cabeça em cima dos joelhos, esperando o sono me engolir na escuridão.

[...]

    Os "dias" passaram rapidamente, porém muito monótonos e entediantes. Não vi ninguém durante esse tempo. As visitas de Lilian não aconteceram mais, e Amon sumiu novamente.

    Tentei ir à procura de Lilian algumas vezes, mesmo amedrontada por andar sozinha neste imenso palácio sombrio, queria saber o porquê dela não ter vindo mais me ver. Não consegui encontrá-la, então deduzi que ela está participando de alguma festa erótica, ou seja lá os tipos de barbaridades que ela e seus amigos fazem quando estão juntos.

   Ficar neste quarto sozinha está mexendo comigo, principalmente porque estou esgotada de olhar para teto. Aborrecida, descido caminhar pelos corredores e explorar o vasto lugar de aparência perturbadora.

   Arrependo-me da minha estúpida audácia assim que dobro o corredor e a primeira coisa que escuto são gritos. Sons subversivos de desespero e medo adentram em meus ouvidos, embora não seja corajosa para ir em direção ao som. Então corro para a direção contrária, sentido-me uma completa covarde.

   Meus pés param quando avisto uma porta, menos chamativa que as demais, mas, mesmo assim, deixo-me ser consumida pela curiosidade e ponho-me a abri-la.

   A primeira coisa que vejo é um jardim, pouco iluminado, com flores negras por toda parte que formam um labirinto com longas paredes. Dou um passo adentrando no local e varro cada parte do lugar com os olhos.

   Tudo o que tenho de iluminação são algumas tochas acesas e penduradas nas paredes feitas de plantas.

   O chão está rodeado de pétalas secas e fazem um barulho ao serem quebradas pelos meus pés. O cheiro de rosas entra pelo meu nariz. Admiro a peculiaridade e beleza daquele lugar.

    Faço um pequeno caminho quando entro no labirinto, caminhado e passando de leve meus dedos curiosos pela superfície das flores que ali se encontram. Cada pétala escura chama minha atenção, e não posso deixar de notar que, mesmo incomum, são muito deslumbrantes como a superfície de um carbonado.

   Por um mero descuido, meu dedo é cortado de leve por um espinho de uma flor. Faço uma reta de dor, torcendo o nariz; mas logo depois fixo minha atenção ao sangue que pinga do meu dedo ferido. Uma unica gota cai e mancha meu vestido azul escuro, um detalhe que mal pode ser visto.

   Levando meus olhos e passo pelo pequeno lugar que se assemelha a uma sala de estar, com um único banco no centro e uma pequena mesa que dá suporte a uma jarra. Esta que carrega uma flor dentro de si.

   Uma flor branca.

   Por mais distinta que ela fosse em meio as outras, sua beleza era comum e, em meio a várias flores diferentes, ela foi a única que trouxe uma sensação de familiar em meu peito.

   Toquei-a com cuidado e sorri pela delicadeza da sua pétala aveludada. A mesma suja com o sangue do meu dedo, no mesmo momento me repreendo por ser tão descuidada em macular a beleza da flor.

   Caminho até uma flor preta e a tiro com delicadeza do seu lugar habitual, seguro com polidez sua estrutura sensível e caminho em volta a mesa de centro até estar ao lado da rosa-branca novamente. Sento-me no banco descansando minhas pernas; ponho uma mão sobre o vestido e a outra estico colocando a rosa-preta dentro da jarra junto com a branca.

   Sorriu pela combinação que parece perfeita. Suas cores opostas destacando uma a outra e cada uma mostrando sua própria beleza de forma distinta.







 ............

Capítulo curto, porém sem diálogos. Peço desculpas a quem não gosta (eu particularmente não sou muito fã), mas gosto de explorar um pouco os pensamentos da Melina.

Inocente PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora