Inocente Pecado

Capítulo 10

" Todos somos maus em uma história mal contada." - Autor desconhecido.

    Permaneci trancada naquele quarto enquanto as horas seguintes se passaram vagarosamente.

   Meus pensamentos continuam em Amon. No momento de prazer que ele me deu. E na decepção que ficou quando ele me deixou aqui sozinha. Mas não sou hipócrita o suficiente para dizer que não sabia que ele faria exatamente isso. Porém, minha mente traidora realmente eu esperou algo diferente.

   Meu corpo foi usado, arruinado. Mas, no fim, não era isso que me perturbava. A perda da minha virgindade de forma tão indecente não poderia me importar menos. Pensei durante toda a minha existência de que eu seria casada, com um homem que meu pai escolheu, e só então eu me perderia. Mas o que isso vale agora? Eu já morri!

   Tudo que deveria esperar era por ser devolvida aos deuses. Embora eu saiba que isso não vai acontecer. Amon conseguiu o que queria e me tornou em sua pecadora.

   A vergonha finalmente tomou conta do meu corpo. Não tinha lágrimas em mim para serem derramadas. Nada além de vergonha.

   A porta do quarto é aberta ele passa por ela. Seu corpo está coberto por vestes formais, como se acabasse de voltar de baile importante. Entendo o quão patético é da minha parte olha-lo demais. Admira-lo.

   Mas não consigo controlar meus malditos olhos traidores enquanto analiso todo o seu corpo perfeito.

   Nem mesmo a vergonha me impede de fazer isso.

   Meu corpo se acende só de lembrar de como suas mãos me dominaram algumas horas atrás. Com isso, encolho minhas pernas na cama e abaixo mais meu vestido como se esse fosse o meu escudo contra seus encantos.

   — Por que ainda está aqui? — Ele pergunta. Sinto-me tão tola por alguns segundos. A raiva toma conta do meu peito.

   Usada e descartada. Definitivamente tornado-me uma de suas putas.

   Minhas bochechas coram, mas não consigo saber se é de raiva ou vergonha.

   — Pensei que devesse esperá-lo. — Murmuro, baixando meus olhos e saindo de sua cama, que de repente, me fez sentir suja.

   Ele levanta uma sombrancelha. Reparo na pequena coroa que está em cima de seus cabelos, novamente. Sua chama mais fraca do que da última vez.

   — Não lembro de ter dado essa ordem.

   Céus. Sou tão burra.

   Evito seus olhos enquanto caminho em direção a porta. Meus passos soam brutos e, por um instante, são a unica coisa que escuto além do meu coração que bate com raiva. Raiva de mim por tê-lo esperado; por ter sido tão estúpida. E raiva dele por agir como se o que aconteceu não importasse.

   Talvez não importe para ele. Mas para mim... Foi mágico. Minha primeira vez em contato com outro ser capaz de descobrir um novo mundo; novas sensações. Entreguei a ele tudos os meu preciosos primeiros momentos.

   Ele me quebrou agora. Mas não o meu coração. Isso era algo que eu estava determinada a proteger.

   Meu corpo e alma foram corrompidos. Mas o que seria de mim se lhe desse meu coração?

   Minha espinha se arrepia.

   Antes que eu possa sair do quarto, sinto-o tocar meu braço com cuidado, hesitante. Respiro fundo e levanto minha cabeça para olha-lo. Seus olhos me encaram intensamente.

   — Fique. — Não sei se foi uma ordem ou pedido. No entanto, com certeza era algo que eu não conseguiria recusar.

   Independente de tudo, não pude recusá-lo. O quão tola e estúpida eu havia me tornado?