Capítulo 4

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 "A injustiça que se faz a um é a ameaça que se faz a todos." - Autor desconhecido.

  Os olhos de Amon passam pelo meu corpo, analisando-me por inteira. Sua expressão continua inexpressiva, com o rosto frio, mas completamente simétrico e atraente. Este homem foi feito para levar qualquer um à ruina, literalmente.

   Mas eu não quero ser arruinada.

   Em seu corpo tem um terno preto e os longos cabelos estão para trás com a aparência de molhados. Levanto-me ficando parada ao lado da cama.

    — Vejo que o vestido lhe serviu bem, Alteza. — Meu antigo título passa por seus lábios de forma zombeteira. Ele move os dedos, chamando-me. Sem escolhas, caminho até ele vagarosamente com as mãos no vestido, puxando-o um pouco para cima, facilitando meus passos.

   Seus olhos frios, e absurdamente lindos, intimidam-me o suficiente, fazendo com que eu abaixe a cabeça.

    — Vamos. — Ele caminha na minha frente novamente e logo chegamos do lado de fora do seu enorme castelo.

   Uma carruagem nos espera; os cavalos que a guia tem o resto semelhante ao do homem que me levou até Amon, completamente preto, não mostrando nada além de sombras. A carruagem é escura com detalhes majestosos em dourado.

    — Onde está o rosto deles? — Pergunto, parecendo uma criança curiosa.

    — Isso é um dom que os demônios tem, esconder seu rosto nas sombras quando quiser. — Ele estica a mão para mim, ajudando-me a subir na carruagem.

   Logo a carruagem começa a se mover e em segundos estamos no céu, flutuando pela escuridão devastadora da noite no submundo. Seguro fortemente no banco e olho pela janela, encantada, e com medo ao mesmo tempo. Meus olhos curiosos vão para baixo e vejo a imensa distância que estamos do chão; volto minhas costas com agressividade ao banco e fecho os olhos verdadeiramente assustada.

    Quando olho para minha frente, Amon me observa curioso. Ele passa a língua pelos lábios carnudos, fazendo-me olhar para lá, hipnotizada. Assim que percebo minha atitude, viro meus olhos para o lado envergonhada.

  Olho para fora da janela da carruagem e noto algo que me incomoda por um momento. Não há estrelas na escuridão.

   — Onde estão as estrelas? — Assim que fecho minha boca, percebo o quão tola era a minha pergunta. Ele me olha, coro novamente.

   — Quê? — Pergunta, aparentemente confuso.

   — As estrelas. — Olho para fora e ele segue meu olhar.

    Uma expressão debochada toma conta do seu rosto e me olha como se eu fosse a criatura mais estúpida que já pôs seus olhos.

   Encaro minhas mãos juntas no colo.

    — Estamos no inferno. — Fala como se fosse óbvio.

     Suspiro baixo. Eu amo as estrelas. A mais bela paisagem que já vi foi uma noite estrelada, com uma lua estonteante entre elas.

    O inferno não é extremamente como contavam as lendas. Não é tão quente, não tem cobrindo toda sua superfície, porém, todo o lugar é dominado pela escuridão.

   A carruagem para em frente a uma mansão; ela esbanja luxo já na parte de fora, com jardins perfeitamente arrumado e lamparinas por todos os lugares. Ao sairmos da carruagem, Amon olha bem para o meu rosto e faz um movimento com as mãos. Sinto algo surgir em meu rosto, e quando olho para ele, tem uma mascara preta no seu, creio que tenha uma igual no meu.

Inocente PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora