Capítulo 6

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"Até o vilão deixa os caminhos da facilidade para seguir caminhos perigosos e levar o homem justo a climas estéreis." - Autor desconhecido.

Amon

   Penso nas milhares de formas que eu poderia calar sua boca insolente. Dentre elas, algumas opções são bem excitantes. Uma humana tão inocente, que ao mesmo tempo consegue ser infinitamente petulante quando deixa suas opiniões escaparem daquela boquinha rosada.

   Reprimo minha ira. Suas palavras não significam nada. São de valor tão nulo quanto sua própria existência.

   Minha vontade de quebra-la apenas expande-se mais. desejo ouvir seus gritos até e que ela retire suas malditas palavras. Porém, não planejo machuca-la. A dor não faria a mesma se submeter mais a mim. Ela tem uma postura honrada. Dor nenhuma faria com que ela rasteje até mim. E dor não é algo que desejo causar nela.

   Ouço seus passos atrás de mim, tão silenciosos quanto o rastejo de uma cobra. Mas não tão perigosos.

   Nada nela é perigoso além de sua inocência. Sua pureza.

   Melina é apenas uma alma pura pronta para ser quebrada e corrompida. Porque, eu planejo sim devolvê-la aos malditos selentalys, mas quando isso acontecer quero que ela esteja tão corrompida que eles terão que joga-la de volta no inferno por merecimento.

   Quando estamos fora do meu palácio, avistamos minha carruagem a nossas espera. Dessa vez, os cavalos estão com o rosto amostra.

   Melina parece surpresa os encarando. Ela se aproxima deles temerosa, mas logo levanta a mão para toca-los. Penso em interrompe-la, mas logo seus dedos pousam na testa do cavalo demoníaco como se ele fosse seu bichinho de estimação. Ela sorri levemente para ele.

   Observo o quão patético aquela cena aparece ser.

   Um sorriso se alastra no meu rosto assim que ele relincha para ela, assustando-a. Seguro em sua cintura tirando-a de perto dele.

   O cavalo logo começa a se transformar em uma besta de vários metros de altura. Um mostro enorme aparece em nossas frente, completamente preto e cercado por sombra. Sinto Melina estremecer ao meu lado.

   Gatheers tem o costume de assustar aqueles que o veem pela primeira vez. Eles são enormes e farejam seu medo. São extremamente eficientes em degolar e deixar mares de corpos por toda parte.

   Criados especialmente por mim. Para serem meus servos leais.

   — Amon. — Melina murmura encarando a besta a nossa frente. — O que ele é?

   — Meu bichinho de estimação. — Sussurro próximo a ela. — Gatheers são despertados muito facilmente, você não deveria ter passado a mão nele como faz em um cão adestrado.

   — Desculpe. Eu não sabia.

   — Teremos que ir nele agora. — Puxo-a para mais perto do bicho.

   Movo minha mão e ele baixa obedecendo minha ordem. Ele ainda fica alto, mas conseguiremos subir com facilidade. Olho para Melina que me encara estática.

   — Não subirei nisso! — E lá está a boca atrevida de novo.

   — Sim, você vai. Você o despertou, ele demorará para sumir. Não temos tempo. — Minto. Mas provocar um pouco de medo nela será interessante.

  Ela respira fundo e se aproxima dele. É visível que a mesma não conseguirá subir sozinha, então levo minha mão a suas costas e ajudo a subir. Ela fica ridiculamente pequena em cima dele.

Inocente PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora