Capítulo 20

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"Você acha que eu não quero correr para você, mas há montanhas." - Rewrite The Stars, James Arthur & Anne-Marie.

  É difícil compreender quando tomamos más decisões no momento em que as fazemos; logo depois, existe o arrependimento pelas más escolhas.

    Foi feroz compreender em instantes a pior decisão que eu havia tomado em minha vida. Meu coração desejou naquele momento - quando fui inteiramente arruinada - por revogação. Mas isso não aconteceu. Não tem como mudar o passado e refazer nossas piores escolhas. Estamos destinados a errar e decidir o que fazer sobre os restos desses erros. Mas o arrependimento amargo e doloroso que fica é o que perturba a alma.

     Arrependimento. Costumava pensar que é o pior sentimento existente. Meu pai não era um bom rei, muito menos um pai exemplar, mas eu escutei e aprendi bem quando ele falara, aos meus dezesseis anos antes do meu baile de oficial princesa, que o arrependimento é um sentimento inútil, ele faz você se martirizar, mas não resolve seus problemas. O que é melhor que o arrependimento é o conserto de um erro.

      Não podemos mudar o passados, não importa o quão arrependido estejamos. Mas podemos redefinir o futuro para que aquela sensação de sofrimento individual nunca mais exista.

      Tento aprender com isso. Contudo, estou falhando vergonhosamente por continuar a pensar no toque dele sobre mim.

      É incrivelmente incompreensível como ele conseguiu anular cada um dos meus princípios só de me tocar.

       Penso que seria impossível sentir mais vergonha do que sinto quando penso nos momentos que passei com ele, mas, em frente ao templo de Agnes, penso se já posso fugir para uma floresta escura e me esconder pelo resto da minha existência miserável.

     Carmelita falou, específicamente, para que eu evitasse entrar nesse templo. Porém, minhas alternativas de escolha ficam completamente nulas quando recebo um convite direto do próprio Deus da Sinceridade para visitá-lo.

      Como não posso imaginar um motivo agradável pelo qual ele possa desejar minha presença insignificante para vossa divindade, creio que não será algo amigável que devo esperar dele.

      Levanto minha mão temerosa, lamentado por não conseguir coragem suficiente para bater.

      Sem esperar que minha mão chegue de encontro como a porta, ela se abre rapidamente, assustando-me, então dou alguns passos para trás tentando me recuperar do susto com as mãos no colo.

      Agnes me observa com uma soberania inigualável. Ele mantém uma aparência impecável em comparação a mim. Que provavelmente pareço uma dissimulada que sequer escovou os cabelos.

      Ele levanta sua mão esquerda e estende para mim. Pego-a, reverenciando-o no mesmo instante. Meu corpo desce mais que o necessário, curvando-me quase até o chão, minha coluna lamenta tal esforço. Não estou tão acostumada a esse tipo de mordomia para com os outros. Eu era uma princesa - recebia as reverências - afinal.

      Sinto um leve puxão em minha mão e levanto a cabeça.

      — Não precisa de tanto, estamos sozinhos. — Ele pontua.

      Mais vergonha preenche minha face. Não gosto disso.

     — Certo. — É tudo que consigo dizer.

     Agnes me guia para dentro de seu templo, um lugar esplêndido e monumental. As paredes cintilantes são revestidas por um amarelo tão brilhante como o sol, que se acabam perto de um vitral com a sua imagem - Deus da Sinceridade - ilustrada lá.

Inocente PecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora