Capítulo 3

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         "Theodore e Liam ficam com a limpeza do refeitório pela semana" foi o que ela falou. Pelo menos não foram os banheiros, eu pensei. "Veia caduca amargurada" foi o que Theo disse.

         Depois desse anúncio, cada um ia fazer o que lhes foi atribuído, o que significa que nós dois fomos limpar mesas. Eu estava empilhando bandejas e não pude me conter:

         -- Então, Theodore, certo?

         -- Vai se fuder, Leonard.

         -- Meu nome é literalmente Liam.

         -- Não sei o porquê mas isso consegue ser mais triste ainda. -implica.

         Que ódio desse fudido. O encaro e penso o quanto sua cara é extremamente socável agora.

         -- Tá, mas o ponto é: o quão arranhado estamos falando? – lembro do que ele disse na sala, minutos atrás.

         -- Mais que suficiente pra ele precisar trocar as portas do carro novo, que o papai deu de aniversário. – finge tristeza.

         -- Não brinca. – eu estava adorando ouvir aquilo.

         -- E, você, por que tá aqui, Dunbar?

         -- Dei uma surra nos três.

         Ele para de jogar os restos de comida no lixo e me encara. Não consigo decifrar o que queria dizer, mas ele sorri e acena com a cabeça em sinal positivo.

         -- Isso eu queria ter visto. Podia ter me mandado um convite.

         -- Nem imaginei que você também não gostava deles.

         -- É, acontece de ter uns merdinhas desses espalhados pelo mundo, de vez em quando.

         Eu pensei o mesmo quando cheguei em casa ontem.

         -- Mas qual foi o contexto? – ele continua. - Até porque você nunca se mete em brigas! – ironiza.

         -- Stiles vai embora, mas o sarcasmo nunca deixa Beacon Hills, não é mesmo? Da próxima só me avisa antes pra eu lembrar de rir. – digo enquanto passo pano em uma mesa. – O contexto foi esses fracassados falando merda e cercando Mason e Corey na saída ontem, só porque os dois andavam de mãos dadas.

         Theo solta os pratos sujos e se vira para mim, incrédulo.

         -- Puta que pariu, o Greg tirou mesmo o dia ontem pra ser um homofóbico do caralho.

         -- Ok, fato. E o que ele fez pra você estragar o carro dele?

         -- Algo parecido.

         -- Com quem mais?

         -- Comigo.

         Fico confuso, porque é meio difícil de imaginar ele sendo intimidado por alguém.

         -- Como?

         -- Ele me viu ficando com um menino no vestiário e achou que seria uma boa ideia nos atacar. Algo sério poderia ter acontecido se não fosse eu lá, mas nem quero pensar nisso agora. – ele diz quando seus olhos encontram os meus por um momento e fico surpreso de perceber a verdade que eles entregavam.

         Aquilo realmente tinha o abalado. Tento esconder um pouco minha reação, mas sinto uma mistura de choque com raiva e tristeza que, por 1 segundo, me faz querer abraçá-lo. Eu não sabia que ele também era... que nem Mase. Ninguém deveria ter que passar por esse ódio gratuito, nem mesmo o pé no saco do Theo.

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaOnde histórias criam vida. Descubra agora