Capítulo 1

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Era segunda-feira. De novo. O que significa ter dois períodos com o Mr. Gomez logo agora cedo, e tá que funções são importantes por um caralho de motivos - que eu obviamente não poderia me importar menos - mas, nossa, são 8 da manhã. Como não tenho muito opção, acerto o despertador com um tapa e tiro o travesseiro de cima da minha cabeça ao me levantar.

Acho que eu deveria estar mais animado com o fato de ser o último ano da escola e tudo mais, mas não consigo. Uso todo o ânimo que tenho para levantar da cama e ir pra Beacon Hills High de manhã, e isso é o máximo que vão conseguir de mim hoje.

Bom, acho que é isso: é o primeiro dia de aula e agora sou um Senior. Grande coisa. Uau, você tem que ser um aluno modelo, tirar boas notas e torcer para que isso seja o suficiente para te aceitarem em alguma universidade. Torcer para que eu seja o suficiente. Quão empolgante! Pelo menos vou ver Mase e Corey. Não posso dizer o mesmo sobre Scott, Stiles, Lydia e Malia, porque, claro, eles já se formaram e já se livraram do ensino médio.

Eu lembro das exatas palavras que Stiles me disse, antes de deixar a cidade e voltar para o FBI: "É, irmão, agora é com você. Beacon Hills depende disso". De novo: quão empolgante! Não que eu não goste de ter ficado como líder quando Scott não está aqui, quer dizer, talvez só um pouco, mas o ponto é: é muita pressão, e eu não lido muito bem com pressões. Nunca lidei. Mas é aquela coisa, né? O sol, a lua e a verdade. O sol, a lua e a verdade. O sol, a lua e a verdade. Repetir essa frase já me salvou muitas vezes e espero que ela não perca sua influência em mim esse ano. Principalmente esse ano.

Enfim, com todo esse overthinking, deu tempo de tomar banho, comer, pegar o ônibus e estar sentado em uma carteira ouvindo Mr. Gomez falar por 1 hora e 20 minutos sobre gráficos. Ouço o sino tocar e é o mesmo que um som angelical para mim, depois de tanta tortura. Não me entenda a mal, eu gosto até demais de algumas aulas, tipo as de história e filosofia, mas não essa bomba de matemática.

-- Viajou bonito, hein? Quer minhas anotações? – pergunta Mase.

-- Não é possível que você fez até os desenhos. – digo ao ver seu caderno absurdamente organizado, com, no mínimo, 5 cores diferentes de caneta.

-- Cara, é função, se eu não fizer os gráficos de que adianta?

-- Nerd. – eu e Corey falamos ao mesmo tempo e ele revira os olhos.

Pegamos nossas coisas e estamos saindo da sala quando vejo Theo no fim do corredor vindo, provavelmente, para a sala que acabamos de sair. Ele me olha de relance e sorri. Idiota. Deve estar pensando em 3 formas diferentes de me bater, com esse sorriso sínico, e pode ter certeza que estou fazendo o mesmo. Corey estava falando algo, mas já não tinha prestado muita atenção no começo então não entendo nada.

Quando Theo passa do nosso lado, indo na direção contrária, solta:

-- Nervoso, Liam? Respirar fundo ajuda, sabia? Você devia tentar.

Eu sabia que ele estava se referindo ao meu coração batendo rápido. Droga, por que agora ansiedade?

-- Jura? Vai se fuder. – me viro para trás e sorrio ironicamente.

Lembro do seu sorriso idiota e meu coração acelera de novo. Preciso controlar minha raiva, eu sei.

-- ... Liam? – indaga Corey e percebo que não ouvi absolutamente nada do que ele disse.

-- Desculpa, pode falar de novo? Me distraí com aquele babaca. – olho para trás, mas ele já tinha sumido.

-- Pra quem tentou tanto convencer a pack que ele merecia fazer parte, meio contraditório, né, amor?

-- Ele se perdeu no personagem, avisa. – disse Corey.

-- Eu só acredito muito em segundas chances. - dei de ombros. – Agora que ele já provou, pela terceira vez, ser um irritante de quinta, não tenho mais nada a ver com isso.

Eles nem têm tempo de responder, porque quando viramos o corredor Alec aparece como um coelho. Não sei por quê, mas ele me lembra muito um coelho. Ele começa a falar agitado e eu lembro o motivo:

-- Oi, gente! Primeiro dia de aula, né? Quão empolgante!

E não, ele não falou isso no mesmo tom que eu mais cedo. De onde ele tira essa energia?

-- Já deu tempo de formar alguma opinião sobre a escola? - pergunta Mase, tentando ser simpático.

Mason sempre foi assim. Sempre tentou fazer com que todos se sentissem incluídos e, sinceramente, acho que é por isso que nos tornamos amigos. Eu não tenho a mesma habilidade, por mais que tenha tentado.

-- Talvez seja muito cedo pra falar, mas já gostei muito. Me senti bem acolhido. Vocês também sentiram o mesmo quando vieram pra cá?

Corey abre a boca para responder, mas ele continua:

-- Ah! Já surgiu alguma coisa... você sabe, sobrenatural pra ser resolvida?

Meu deus. Eu mal consegui lidar com o fato de as aulas terem voltado e ele parece estar quase torcendo para que algo de ruim aconteça e tenhamos todos que correr e parar nossas vidas para resolver. Tento dar um desconto para ele, porque é o que Scott faria. Aliás, tenho pensado muito sobre isso. "O que Scott faria?". Se algo acontecesse, é claro. Por enquanto estava tudo tranquilo, eu acho.

-- Não, e eu espero que continue assim por um bom tempo. Não tem motivo pra se preocupar. – digo.

Depois de mais 5 aulas, achei que tinha sobrevivido ao primeiro dia, mas foi só porque ainda não havia entrado no meio de uma briga na saída. Ok que eu sou um caos e tenho Transtorno Explosivo Intermitente e isso, por si só, já seria motivo suficiente para eu sempre estar metido nessas coisas, mas também não me importo de dar uma boa surra em quem merecesse e, pode confiar que esses mereciam.

Eu estava indo para a esquina do ponto de ônibus quando ouço uma voz masculina dizer, mais a frente:

-- Pra onde vão, mariquinhas? Que eu saiba a rua das aberrações fica pra lá. – diz e é acompanhado de risadas de, provavelmente, mais duas outras pessoas.

Não aguento gente burra. Ouço batidas aceleradas de outros dois corações, acompanhadas por um cheiro de raiva e dor, e é bem aí que sinto que precisava ver o que estava acontecendo. O som vinha do estacionamento. Quando me aproximo vejo três caras cercando Mason e Corey e entendo o que era aquilo tudo. Jogo minha mochila no chão e, no mesmo instante, meus dentes e unhas crescem. Enquanto ando em direção a eles repito mentalmente "O sol, a lua e a verdade", porque, no fundo, eu sabia que aquele não era o jeito de resolver as coisas. Volto ao normal a tempo de gritar:

-- Ei, seu merda. – aceno para o que falava e se achava o grande comediante do século.

Ele se vira para mim e meto um soco tão forte na sua cara metida que ele cai para trás no mesmo instante. Os outros dois prontamente partem para cima, mas apesar de serem mais altos, eu era, de longe, o mais forte. Logo eu já estava tomado pela raiva de novo mas, porra, primeiro que quem ainda é homofóbico no século 21? E segundo que os dois eram meus melhores amigos e eu não aguentava ver eles passarem por esse tipo de merda.

Como eu disse, não me importo de dar uma boa surra em quem merece. Tudo bem que eu preciso controlar minha raiva e tudo mais, mas quem tem que melhorar antes são eles, puta merda.

Pena que não é todo mundo que vê assim, porque não demora muito para a Ms. Martin aparecer e soltar uma única frase:

-- 1 semana de detenção para todos vocês. – apontando para mim e os três patetas.

Eba. Que comece o Senior Year.

***

Exclusivamente hoje, a data de publicação da fanfic, vou postar 2 capítulos. O terceiro fica pra segunda, lembrando que vou publicar toda segunda e sexta.
Desculpa se tiver algum bug de parágrafo :( Eu escrevi tudo certinho no Word, não sei porquê quando passa pra cá fica sem.

Se gostou, não deixe de favoritar esse capítulo!

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaOnde histórias criam vida. Descubra agora