Capítulo 22

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         Eu não tinha percebido ontem à noite, mas hoje quando acordo noto um guardanapo desamassado em cima da escrivaninha, com as seguintes palavras escritas de caneta:

         "We can't make any promises now. Can we, babe? But you can make me a drink. (Delicate, Taylor Swift) – Eu não sei um drink, mas talvez um jantar? É um encontro. Cuidado com sua reposta, eu sei onde você mora. Te vejo sexta (ou amanhã na escola) :) "

         Quão grande é o repertório dele em Taylor Swift? Guardo o bilhete na gaveta, enquanto sorrio que nem besta. Quando foi a última vez que eu fiquei assim? Tem muito tempo que não vou a um encontro. Engraçado, porque ultimamente eu tenho passado muito tempo sozinho com ele, mas agora acho que é diferente.

         Quando me encontro com meus amigos na escola, pergunto porquê eles nunca tinham aparecido na festa ontem.

         -- Você quer dizer você, né? – Corey corrige.

         -- Vocês foram, então? – confirmo.

         -- Sim, e o pessoal falou que você tinha aparecido por lá, mas logo foi embora com um amigo. – Mase completa. – Vou assumir que esse amigo seja o Theo.

         Os dois se entreolham, achando graça.

         -- Eu? – Theo se aproxima de nós e passa o braço por cima do meu ombro.

         Meu coração acelera. Não sei se é de nervoso ou por ansiedade das pessoas perceberem algo. Não que signifique alguma coisa, eu acho. Parece que já era óbvio para todo mundo mesmo, né? É só que eu nunca tinha feito essa coisa toda de sentimentos e ido para frente com um menino.

         -- Sim. Acho que eles tinham planos mais interessantes que aquela festa, né? – Mase sorri e olha para Corey que faz o mesmo.

         Olho para Theo, do meu lado, e nesse momento o sinal toca. Nos separamos, em duplas, para aulas diferentes e nós dois vamos para a mesma.

         -- Então... Aquela letra da Taylor foi você me chamando pra sair?

         -- Não ficou óbvio? – ele sorri para mim.

         -- Ok. Eu quero jantar com você, Theo.

         -- Eu também quero jantar com você, Li.

         -- Mesmo se meus pais não forem? – brinco, porque eles tinham mesmo se dado bem.

         -- Na verdade, pensando bem...

         Dou uma cotovelada em seu braço, enquanto andamos para a sala de inglês.

***

              Hoje é sexta-feira, o que significa que eu estava me arrumando para um encontro. Sinceramente, não esperava estar fazendo isso alguma vez, esse ano. Muito menos com Theo.

         Visto uma camiseta do Nirvana, calça jeans e uma jaqueta preta. Tiro meu celular da tomada e desço as escadas.

         -- Que lindo, meu filho. Vai sair com alguma menina? – minha mãe pergunta, sentada no sofá, abaixando o volume da televisão.

         -- Na verdade, com o Theo.

         -- Ah sim, manda um abraço pra ele, viu? Se cuida.

         -- Ok. Tchau, mãe. Se cuida, também. – digo, já saindo e fechando a porta de casa.

         A camionete já estava estacionada na minha frente e Theo sorria, lá de dentro.

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaOnde histórias criam vida. Descubra agora