Capítulo 6

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Ok, esse álbum é realmente bom. Tinha uma impressão errada sobre Taylor Swift, admito. Coloquei para tocar quando cheguei em casa ontem e fui acompanhando a letra de algumas músicas enquanto folheava o livrinho que fazia a capa. Pelo título, achei que fosse gostar mais de outras, como "Look What You Made Me Do" ou "Getaway Car". Noto que tinha um trecho sublinhado, de caneta azul: "You should take as a compliment that I got drunk and made fun of the way you talk. You should think about the consequence of your magnetic field being a little too strong" na página de "Gorgeous" – uma música que descobri ser meio irritante.

Hoje era o último dia de detenção e, então, não precisaria mais me preocupar com restos de comida e empilhar bandejas. Tomo banho e desço para tomar café. Encontro minha mãe fazendo panquecas na cozinha.

-- Bom dia. – digo, me sentando à mesa.

-- Bom dia, filho! Último dia da atividade extra de espanhol?

-- Quê? – me esqueço por um segundo da desculpa. – Ah, é sim.

-- Que bueno, sí? – ela tenta dizer, mas com um sotaque muito forte.

-- Gracias?

Eu realmente preciso prestar mais atenção na voz estridente da Mrs. López.

Termino minhas panquecas e David chega em casa, só agora cedo depois de passar a noite no hospital.

-- Oi, David. Plantão? - pergunto.

Ele se aproxima e dá um beijo na minha mãe e uma batidinha nas minhas costas.

-- Sim, e, nossa, tô exausto. Vou ir dormir um pouco, ok?

-- E eu tô de saída pra escola. – digo me levantando e colocando a mochila nas costas.

-- Espera! Pegou dinheiro pro lanche? E vem aqui me dar um beijo, ué.

Apenas Dona Jenna sendo Dona Jenna. Dou um beijo em sua testa e saio apressado. Pego o ônibus e logo estou sentado na sala da Mrs. Finch. Biologia. Eu só precisava de algumas dessas esse ano para cumprir o cronograma. Me sento ao lado de Corey, que também estava sempre adiantado, que nem eu. Ele começa a me contar sobre alguma fofoca do Twitter, e eu não entendo quase nada, mas pelo menos não preciso falar muito – ainda mais agora de manhã.

-- E aí, ainda tá pensando em fazer seu minor em biologia? – pergunto.

-- Pode apostar! Você ainda história?

-- Aham.

-- Oi, feios! – Mase chega, se senta na outra cadeira da nossa mesa, do lado de Corey, que lhe dá um selinho.

-- Oi, feio. – cumprimento.

Começo a desenhar qualquer coisa no meu livro, mas depois de alguns minutos a professora já está em sala:

-- Bom dia, meninos.

Levanto a cabeça, e vejo que a sala já está cheia. Vejo, também, que Theo está sentado mais a frente. A aula não poderia ser mais chata, então começo a viajar e continuo com meus rabiscos. Ouço alguma coisa com felinos e quando me viro de volta para o quadro, noto Mrs. Finch escrever a palavra "onça-pintada" de giz vermelho, seguido de "O maior felino das Américas".

Automaticamente, nossos olhares se encontram. Não o meu e o da professora, mas o meu e de Theo. Ele dá um sorriso, provavelmente se achando um sabe-tudo. No fim das contas, Finch não disse uma palavra sobre o padrão de manchas ser como uma digital, e ainda assim eu sabia disso.

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaOnde histórias criam vida. Descubra agora