Capítulo 18

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         Acordo com as piores olheiras possíveis. Se é que dá para dizer que sequer dormi alguma vez essa noite para conseguir ter acordado. Ontem todo mundo ficou meio desnorteado e, principalmente, cansado depois de tudo que aconteceu, que nem devemos ter visto quando já estávamos todos em casa e, supostamente, dormindo. O xerife pediu que um policial nos desse carona. Nem sei se o Theo foi em outra viatura ou na sua camionete, na verdade.

         Sei que, antes disso acontecer, demos uma olhada mais a fundo naquele lugar escondido, no meio da floresta, e tudo aquilo me deixou bastante enjoado. Fotos nossas. Fotos de lobos. Amostras de unhas e dentes. Órgãos dissecados. Armas. Balas. Acônito.

         E, agora, estamos nos arrumando para mais um dia de aula, como se nada tivesse acontecido. Estou andando pelos corredores da escola, procurando por meus amigos e, à medida que passo pelos outros alunos, penso muito sobre o fato de que ninguém nem fazia ideia. Ninguém nunca fazia ideia.

         Vejo Mase pegando algo em seu armário, à frente, e me vem a cabeça que ele também não tinha ideia do que aconteceu ontem, antes do caos real começar. Isso foi outro motivo para eu não ter conseguido dormir nada, e estar parecendo um zumbi agora. O Theo me beijou. Eu o beijei de volta.

         Eu já sou uma grande confusão suficiente, então, no fundo, eu sabia que precisava contar isso pro Mason o mais rápido possível.

         -- E aí, conseguiu dormir algo? – pergunto.

         -- Só porque Corey foi lá pra casa comigo. – ele fecha o armário e me encara. - Acho que nem preciso perguntar, né?

         -- Ainda bem que me conhece. – respiro fundo e continuo. – Falando nisso..

         O sinal toca e me interrompe.

         -- Se importa de terminar no intervalo? Tenho que correr pra aula de física, já tô meio atrás nessa matéria.

         -- Ah, de boa. Vai lá. – digo meio desconcertado.

         Com minha cabeça a mil, as aulas passam bem rápido. Nem vi meus amigos direito e, muito menos, Theo. Quando coloco minha mochila nas costas e estou indo para o ponto de ônibus, recebo uma mensagem de Scott dizendo para eu ir para sua casa. Desvio um pouco o caminho e, chegando lá, percebo que se tratava de uma reunião. Mase chega ao mesmo tempo que eu e, enquanto estamos entrando na casa ele pergunta:

         -- Hoje a gente se desencontrou, né? O que você ia me falar mesmo?

         Scott abre a porta para nós com um sorriso e, assim que piso na sala, meu olhar encontra o de Theo. Ele sorri, também. Me viro para Mason e respondo confuso:
          -- O quê?

         -- Hoje cedo..

         -- Ah, nem lembro o que era. – minto.

         Alguém bate na porta atrás de nós e logo Corey e Alec estão aqui também.

         -- Como vocês estão? – Scott pergunta, enquanto nos acomodamos nos sofás e poltronas.

         -- Olha, desde que você não tenha nos chamado aqui porque tem mais um doido à solta em Beacon Hills, acho que tá tudo nos eixos. – digo, apesar de eu saber que não era totalmente verdade.

         Nós todos rimos e, então, percebo que um sentimento de alívio nos envolvia. Estava tudo bem. Estávamos seguros aqui.

         -- Stiles, Lydia e Malia mandaram um "oi". Eles queriam ter vindo, também. Sentimos falta disso aqui. – conta Scott.

Do Outro Lado da Porta de Uma Camionete EnferrujadaOnde histórias criam vida. Descubra agora