Capítulo 1

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— E então? Decidiu o que vai fazer? — pergunta minha prima.

— Que escolha tenho? Eles não exigem muito de mim, então vou obedecer.

— Você detesta esses encontros.

— Detesto, mas sou grata por poder passar tempo com meu pai. Não me custa ir. — respondo.

— E se ele gostar de você?

— Pelo visto, ele é só mais um babaca. Vou encontrá-lo e avisar minha família que não deu certo, não consigo imaginar que ele seja muito diferente dos outros homens que tive que encontrar em Aragon.

— E se você estiver errada e ele quiser se encontrar novamente?

— Me encontro com ele algumas vezes e depois digo que infelizmente não deu certo. Pronto.

— Quem ouve assim pensa que você tem tudo sob controle. Pena que eu sei exatamente o que você está sentindo.

— Que bom que ele não vai saber então. O que importa é passar a impressão correta.

— Onde vão se encontrar?

— Estava esperando eles me responderem, mas pelo visto ele deve ser pior do que eu imaginava. Quero acabar logo com isso, então acho que vou até a empresa dele.

— Você está louca? E se ele se recusar a te encontrar?

— Estou contando com isso. Aí nem preciso de um segundo encontro. — seria muita sorte se isso acontecesse.

— Certo, vou me arrumar para ir com você. Esse cara pode ser um lunático, por isso a família deve tê-lo expulsado.

— Acho pouco provável que minha família tentasse me arrumar um casamento com um lunático.

— Você não sabe, eles podem ter sido enganados. Afinal de contas, o que esse cara está fazendo na Terra?

— Talvez a mesma coisa que a gente? —respondo.

— Você quer dizer que a mãe dele veio para a Terra, namorou com um humano, voltou para Aragon grávida, casou-se com outro homem, criou ele e agora ele veio para a Terra viver com o pai? — Ela está relatando exatamente a historia da minha vida.

— Já te disseram que você não é muito engraçada?

— Frequentemente.

— Ele é o quarto príncipe de Avar, não pode ser tão maluco assim. — Tento ser otimista.

— Você sabe algo mais sobre ele além do que estava escrito no perfil que te enviaram?

— Não, ele é dez anos mais velho que eu, então nunca estudamos juntos. Ele tem algumas conquistas impressionantes em Aragon. Lembro de ver o nome no ranking geral. Ele veio para a Terra no ano em que comecei o serviço militar obrigatório. Pelo que li na carta de apresentação, ele estudou Direito aqui na Terra e hoje trabalha para uma das maiores empresas de advocacia da cidade. E aqui ele tem 30 anos, não 38.

— Faz sentido. Se ele chegou aqui com 30 anos e começou a estudar novamente, fingir ser mais novo é melhor. Assim, ele poderia ficar mais tempo. Caso contrário, precisaria se mudar logo, ou as pessoas começariam a perceber que ele não envelheceu.

— Sim, o mesmo vai acontecer conosco. Temos um tempo limitado aqui. Então, vamos terminar logo com isso, para que eu possa aproveitar o tempo que me resta.

********

Começo a me arrumar, pensando no que está por vir. Meu nome é Velitha Hailecke, pelo menos aqui na Terra. Faz um ano que moro aqui com meu pai e minha prima Brindha. Na verdade, meu verdadeiro nome é Velitha de Tessaro e Aragon. Minha mãe conheceu meu pai quando veio em uma missão à Terra. Eles se apaixonaram, mas a paixão logo se dissipou, e minha mãe voltou para casa com algo inesperado: um bebê crescendo em seu ventre. Ela se casou com meu padrasto, a quem chamo e considero meu pai, já que ele me criou com muito amor e carinho. Ele se ofereceu para se casar com minha mãe quando ela descobriu que estava grávida, e eles continuam juntos até hoje. Sou imensamente grata por as coisas terem dado certo para eles.

Vim para conhecer meu pai e me apaixonei por este lugar. Pedi permissão para poder viver aqui por um tempo e aproveitar a companhia dele. Afinal, diferente dos aragonianos, que vivem em média trezentos anos, meu pai, na melhor das hipóteses, tem mais uns quarenta ou cinquenta anos para que eu possa ficar com ele.

Depois de tomar banho, visto uma blusa branca justa no corpo, com mangas bufantes, e uma calça pantalona azul escura, a cor de Tessaro, o reino em que nasci e do qual sou princesa. Em Aragon, existem muitos principados, e as famílias nobres organizam encontros para os filhos, com o objetivo de fazer bons casamentos. A pessoa que vou encontrar é o quarto filho de uma das principais famílias de Aragon, o quarto príncipe de Avar. Ele tem fama de ser rebelde, mas quem sou eu para julgar? Minha fama não é muito melhor que a dele. Avar é o segundo maior principado de Aragon, governado pelo segundo irmão do Rei, que é meu avô. Ou seja, a pessoa que vou encontrar é meu primo em segundo grau.

Pode parecer estranho aos olhos de um humano, mas para os aragonianos, casamentos entre primos são algo comum. Como temos dons que são transmitidos hereditariamente de pais para filhos, casar com primos aumenta as chances de que isso ocorra. Além disso, ao contrário da Terra, doenças hereditárias são praticamente inexistentes em Aragon.

Termino de me vestir e me olho no espelho. A roupa ficou bem. Tenho a pele extremamente clara, uma característica marcante dos aragonianos, assim como o cabelo preto, tão escuro que chega a ser azulado. No entanto, diferentemente dos meus conterrâneos, que têm olhos sempre pretos, os meus são verdes, a única característica que entrega à primeira vista que não sou completamente aragoniana.

Quando comecei a frequentar a escola em Aragon, usava lentes de contato para que meus olhos ficassem da mesma cor que os dos demais. Na Terra, pelo menos nesse aspecto, tenho mais liberdade e posso sair na rua sem chamar tanta atenção. Meu pai é loiro de olhos verdes, então os olhos são a única característica que puxei dele. No mais, as pessoas adoram me lembrar que sou uma cópia da minha mãe.

Termino de me arrumar e encontro minha prima na sala. Ela está usando uma calça de alfaiataria verde escura, a cor de Avalon, reino do qual ela é princesa, a quinta princesa, como ela gosta de lembrar. Ela complementa o look com uma blusa mais larga bege e os cabelos cacheados, que são marca registrada das filhas de Avalon.

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