Capítulo 15

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Como de costume, após o café da manhã, fomos correr e paramos no caminho para almoçar. Essa rotina estava se tornando um hábito. Meu pai havia saído em uma viagem de negócios e só voltaria no meio da semana. Minha prima estava passando mais tempo com o Amihr do que em casa, então, ao invés de ficar sozinha, decidi passar essa semana com o Kae. Estávamos voltando caminhando para o apartamento quando perguntei a ele sobre isso.

— Posso ficar no apartamento até quarta? — Perguntei, nem me dei mais ao trabalho de chamá-lo de "apartamento dele", várias das minhas coisas já estavam na casa dele, espalhadas por toda parte.

— Não é como se eu fosse te impedir. — Ele falou, olhando para mim e sorrindo.

— Quero saber se vou atrapalhar.

— Não mais do que o normal. — Soquei o braço dele. — Ai, você é mais forte do que eu esperava.

— Imaginou que, por ter sangue humano, sou mais fraca? Não esquece que por muito pouco não te superei no ranking militar.

— Mesmo que eu quisesse, você não me deixaria esquecer, mas no fim o fato é que você não me superou. — Soquei o braço dele novamente. — Ai, por que isso agora?

— Você precisa aprender a ser um cavalheiro!

— Apenas quando estou falando com uma dama.

— Você está dizendo que não sou uma dama? — Prevendo o que iria acontecer, ele corre na minha frente enquanto tento alcançá-lo.

Por fim, chegamos ao apartamento. Depois que o Kae termina o banho vou tomar o meu, quando estou secando meu cabelo, ele bate na porta do banheiro.

— Velitha, vai se enrolar muito ainda? Preciso pegar a roupa pra lavar.

Abro a porta do banheiro. Estou apenas de lingerie e segurando o secador de cabelo nas mãos.

— O que você está fazendo? — Ele pergunta, desviando o olhar.

— Secando o cabelo, você não queria pegar as roupas?

— Você não pode secar os cabelos vestida?

— Eu estou vestida, não está vendo?

— Se chama roupa de baixo por um motivo, não é para ser vista pelos outros. — Ele fala.

— Vai entrar e pegar as roupas ou vai se enrolar muito? — Ele entra no banheiro e pega as roupas que estão jogadas no chão. — Além do mais, tudo o que aparece aqui seria visto se eu estivesse usando um biquíni na praia.

— Situações completamente diferentes, Velitha.

— Por quê? Minha lingerie é maior que a maioria dos meus biquínis. — Falo, me virando para ele que me olha pela primeira vez.

— Existe uma grande diferença entre estar de biquíni na praia e estar sozinha dentro de um banheiro com um cara.

— Mas não é um cara. É você. — Falo, me aproximando dele. Sei que o estou provocando, mas não consigo evitar.

— Ainda sou homem, Velitha.

— Durmo agarrada em você todas as noites, se fosse tentar alguma coisa já teria feito. — Ele bufa e sai do banheiro. Termino de secar meus cabelos e coloco um vestido para ficar em casa. Vou atrás dele até a lavanderia.

— Você lava a roupa?

— Quem você acha que lava? — Ele me olha incrédulo. — Melhor, quem você acha que limpa sua bagunça?

— Sendo bem sincera, não pensei muito sobre isso. Mas podemos dividir as tarefas.

— Você sabe fazer alguma coisa de serviço doméstico? — Ele me pergunta, enquanto se apoia na lavadora.

— Posso aprender. Se aprendi a abrir e fechar uma pessoa, com certeza posso aprender a usar a lavadora.

— Seria sensato pensar que sim, mas como você sequer consegue acertar o cesto de roupas sujas, vou imaginar que algumas pessoas simplesmente não nasceram para isso.

Saio da lavanderia sem responder e vou para o sofá ligar a televisão. Se ele não quer ajuda eu que não vou reclamar. Nesse momento me ocorre que ele também lava e estende minhas calcinhas. Sei que acabei de ficar na frente dele apenas de lingerie, mas isso me pegou de surpresa. Sou mais devagar no raciocínio do que eu pensava. Se fosse possível, estaria vermelha como um pimentão nesse momento. Devo agradecer ao meu sangue aragoniano que não deixa essa demonstração de vergonha transparecer.

No decorrer da semana, fico na casa do Kae na segunda e na terça. Meu pai volta para casa na quarta, então vou dormir lá com ele. Como não sei quanto tempo vão me permitir ficar aqui na Terra, quero aproveitar ao máximo o tempo que posso passar com ele.

Saio do hospital depois de mais um dia na emergência. Alguns dias são mais tranquilos que outros, e por sorte esse foi um deles. Passo no mercado com uma lista de compras que meu pai pediu. Assim que chego em casa, ele está na cozinha e sua namorada, Amanda, está sentada no balcão enquanto ele prepara o jantar.

— Princesa! — Meu pai exclama assim que me vê. Sei que ele faz isso como uma forma de carinho, e por isso não consigo pedir para que ele não faça, mas "princesa" é um título em Aragon, e isso não me deixa confortável quando o ouço.

— Pai, comprei o que você me pediu.

— Que bom, preciso de algumas coisas para terminar o jantar. — Meu pai vem na minha direção, beija meu rosto e pega as sacolas que estou carregando.

— Velitha, estava com saudades suas e da Brindha. — Ela fala me abraçando.

— Também estava com saudades, deve fazer umas três semanas que não nos vemos. Vou subir tomar um banho para tirar o cheiro de hospital de mim, então podemos conversar mais.

Subo as escadas em direção ao meu quarto. Posso sentir que a Brindha está no quarto dela, se arrumando. Enquanto tomo meu banho, penso no fato de meu pai ter encontrado a Amanda. Eles eram perfeitos um para o outro e estavam juntos há cinco anos. Ela era muito bonita, com cabelos loiros enrolados e olhos azuis, o completo oposto da minha mãe, devo dizer. Eu ficava feliz pelo relacionamento deles e, ao mesmo tempo, queria que eles dessem o próximo passo e se casassem. Eu tinha medo de que meu pai estivesse evitando isso por minha causa.

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