Capítulo 1

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Quatro anos depois

Jungkook

Fotografia. É o que eu faço. Tiro fotos de pessoas, lugares e objetos, eternizando momentos. Ganhei uma câmera da minha mãe no meu aniversário de dezessete anos.

No começo, não entendi bem o porquê daquele presente. Na realidade eu não acho que sempre ganhei presentes que eu realmente queria nos meus aniversários, minha mãe -- apesar de ser minha mãe -- não sabe exatamente do que eu gosto. Acho que nunca fomos tão comunicativos, mas isso não significa que ela me criou mal, de maneira nenhuma. E eu a amo, muito.

Quando eu recebi o presente, fiquei curioso em saber o porquê de uma câmera, sendo que nunca me interessei por isso -- até aquele momento -- fiquei preocupado com o possível preço, porque não temos dinheiro suficiente para tal coisa, e como todo mundo sabe, câmeras são caras demais.

Perguntei para ela onde ela havia arrumado dinheiro pra tal coisa, ela só me respondeu dizendo que não tinha comprado, falou que a câmera era de uma amiga que trabalha com ela, e que essa amiga não usava mais a câmera e simplesmente deu pra minha mãe. Não fiquei surpreso pela sinceridade dela, e nem mesmo fiquei surpreso por ela não ter comprado a câmera, até porque todos os anos eu ganhava camisetas, todas pretas -- pelo menos minha mãe sabe que eu gosto de preto -- e ainda ganho, meu aniversário de dezessete foi uma raridade, na qual eu considero uma benção.

Uma benção porque, depois disso, comecei a tirar fotos aleatórias, de tudo, desde por do sol, até mendigos deitados em bancos das praças. Esse se tornou meu passa tempo favorito, fotografar o cotidiano. E meu amor pela fotografia crescia cada vez mais sem eu perceber.

Fotografar se encaixa em coisas silenciosas da vida, e esse é quem eu sou, silencioso, não gosto de o centro das atenções, sempre fui tímido e reservado. A quatro anos atrás eu achava isso um peso, odiava ser anti-social, excluído. Fiz coisas que me arrependo por tentar se "encaixar" no meio de pessoas que eu acreditava serem as pessoas certas. E isso me destruiu.

Experimentei coisas que não devia. E hoje, infelizmente carrego o peso das consequências de ser influenciado. Eu fumo, não com frequência, mas sempre que me sinto tenso, busco consolo em um cigarro. Mas já foi pior ...

Já me droguei de verdade, já me droguei tanto ao ponto de desmaiar e ir para o hospital. Depois de ver o desespero da minha mãe -- coisa que não acontece sempre, porque ela não é de expressar sentimentos -- eu me dei conta do quanto eu cheguei no fundo do poço.

Eu era tão novo, me perdi e não conseguia me encontrar de novo.

Hoje em dia não uso mais drogas, mas como eu disse, as vezes ainda preciso de um cigarro.

Eu acho que finalmente me encontrei quando comecei a perceber que fotografar é muito mais que apertar o botão e tirar uma foto. Fotografia é paciência, e você tem que ter um relacionamento com a sua câmera -- nem tô brincando -- você tem que conhecer ela por inteira, tem que criar um laço, só assim as fotos saem boas.

Me encontrei quando comecei a apreciar as pequenas coisas da vida, coisas que parecem tão pequenas, mas se olhar com atenção, se você focar com a sua lente certo nisso, essas pequenas coisas se tornam grandes, e tudo se torna uma bela foto, tirada no momento exato e capturando o que realmente importa.

Me encontrei na arte, na arte de usar tintas para expressar qualquer coisa que eu esteja sentindo -- descontar em pinturas também me ajudou a largar as drogas.

Restart - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora