Restart - Jikook

Capítulo 3

Jungkook

Ter essa reação depois de horas se embebedando e se chapando é normal, sei bem como é isso. Chegar em casa tropeçando e se segurando em tudo, com a cabeça girando, sem nem mesmo lembrar qual é o seu próprio nome. Já aconteceu comigo inúmeras vezes.

A coisa mais óbvia que eu deveria fazer seria virar o corpo pro lado e voltar a dormir, ignorando os barulhos de Jimin no banheiro. Mas ele está a tempo demais vomitando, e isso é muito preocupante, -- e eu deveria me preocupar?
Incerto do que eu deveria ou não fazer, eu me levanto da cama e caminho devagar até o banheiro.

O corpo pequeno de Jimin está encolhido perto do vaso e ele apoia as mãos uma de cada lado do mesmo, com a cabeça quase inteira dentro do vaso. É uma cena deplorável.

Ele vira sua cabeça na minha direção por perceber minha aproximação. Seu rosto é uma mistura de amarelo e vermelho, por conta do enjôo e das lágrimas. Ele me olha de cima em baixo arqueando uma das sobrancelhas, -- por um momento eu me esqueci que estou só de cueca, porque é assim que eu durmo.

- O que você quer? - Jimin pergunta.

- Você me acordou.- Respondo. E logo percebo que essa é a primeira vez que eu direciono palavras para ele, depois de muitos anos.

Isso é tão estranho...

Ele se levanta do chão com dificuldade e vai até uma das pias.

- Certo, já acabei, pode voltar a dormir, prometo não te acordar de novo.

Não sei o fazer. Não sei se eu devo mesmo voltar para o quarto e ignora-lo, ou ajuda-lo em alguma coisa, -- na realidade eu não sei nem se eu deveria estar me preocupando com ele. -- até porque essa não deve ser a primeira vez que ele chega botando os bofes pra fora depois de uma festa. Ele vai ficar bem.

Estou prestes a me virar para voltar pra minha cama, mas penso direito. É óbvio que se ele continuar assim ele não vai ficar bem, quem estou querendo enganar? Eu já estive no lugar dele cacete.
Por isso reúno toda a coragem que não tenho e caminho pra mais perto dele, -- ainda somente de cueca, qual é meu problema?

- Você não precisa de nada? Uma água? Remédio?

Jimin apoia seu quadril na beirada da pia enquanto cruza os braço e me encara, desce seu olhar pelo meu peito, abdômen, outras partes -- do qual não preciso específicar -- e sobe o olhar novamente para meus olhos.

- Está preocupado comigo? - Ele pergunta arqueando as sobrancelhas.

É óbvio que -- acho -- que estou preocupado com ele, ele tá com cara de morte caramba! O que ele queria que fizesse?

- O que você quer que eu sinta Jimin? Você tava quase vomitando suas tripas! Pelo amor de Deus! - Perco a paciência.

Ele abaixa a cabeça e vira o corpo de frente ao espelho, liga a torneira e começa a lavar o rosto. E o canalha está com um sorrisinho nos lábios. Ele solta uma risada pelo nariz e se vira novamente para mim.

- Eu nunca pensei que nossa primeira conversa depois de alguns anos seria com você preocupado comigo, e ainda por cima só de cueca. - Ele diz com um sorrisinho sacana nos lábios.

Inacreditável. Não sei porque pensei que ter uma conversa racional e agir de uma maneira normal diante de uma situação dessas faria o Jimin agir como uma pessoa normal.

- Vá pro inferno. - É a única coisa que digo, me viro e volto pra minha cama.

Como eu disse, Park Jimin é perigoso, venenoso e sorrateiro.