'O traficante espanhol.'

✪Entendimentos ou desentendimentos.✪

"Isso não interessa.." Murmurei, cerrando os meus olhos quando senti a respiração de Caio tornar-se mais pesada.

"Achas que não interessa?!" Falou com raiva e tentando ignorar o moreno atrás de mim, caminhei para dentro do bar onde trabalhava, despindo o avental e ajeitando o meu cabelo, pegando nas minhas malas e despedindo-me dos meus superiores.

Por sua vez, Caio decidiu não deixar a nossa conversa em aberto. Quando saí do bar, lá estava o belo moreno fixado em mim, com um cigarro preso entre os seus lábios. Respirou fundo, libertando uma fumaça proveniente do cigarro antes de caminhar na minha direção.

Parei e observei-o caminhar para mais perto. Não o iria ignorar, afinal ele precisava e queria respostas sobre a noite anterior.

"Outro homem pôs as suas mãos em ti?" Perguntou, parando à minha frente. Os seus olhos fixaram-se nos meus e engolindo a seco, senti o seu cheiro masculino.

"E se tiver posto?" Perguntei e notei as belas feições do seu rosto tornarem-se rígidas. "Não somos apenas colegas Caio?" Rosnei brevemente, arregalando os meus olhos estupefacta quando a mão de Caio bateu contra a parede atrás de mim de um jeito furioso. De repente encontrei-me presa entre o seu corpo trabalhado e uma simples parede fria na qual tinha apoiadas as minhas costas.

"Não somos!" berrou contra os meus lábios, a sua mão dando mais um soco contra a parede atrás de mim. Sustive a minha respiração, encarando os seus olhos azuis que agora transcendiam mágoa. " Não somos amigos, na verdade nem sei o que somos Rita!" Tentei não me focar nos seus lábios que continuavam a roçar contra os meus enquanto ele desabafava o que realmente sentia.

Gostava desse lado de Caio. O seu lado verdadeiro, onde ele se aproximava e dizia o que verdadeiramente sentia em relação a mim. A forma como os ciúmes o afetavam daquela maneira...Mas escolher entre Caio e Renato era uma decisão que eu não podia tomar. Não agora..

"Apenas sei..." Ambos murmuramos simultaneamente, encarando-nos com um olhar um pouco surpreso. Sorri quando um pequeno sorriso surgiu nos seus lábios.

"Que eu gosto de ti." Completou. Observei Caio e senti as minhas bochechas ferverem com timidez. A sua mão e as suas feições tornaram-se calorosas e senti o meu peito tornar-se inquieto.

"E eu gosto de ti." Humedeci os meus lábios, esperando uma reação do moreno à minha frente. Na verdade, nem sabia que reação esperar de Caio, pois embora o conhecesse não sabia o que aquele homem realmente sentia. O facto de não ter a mínima ideia dos seus sentimentos deixava-me confusa, insegura.

"Ponto final." Segurou firmemente no meu queixo, aproximando os nossos lábios. Cerrei os meus olhos mas permaneci em silêncio quando as pontas dos meus dedos acariciaram a mão de Caio.

"Mas...." Sussurrei interrompendo o seu movimento, olhando diretamente para os seus olhos azuis. "Eu também gosto do Renato. Não o vou negar ou omitir." Murmurei contra os seus lábios.

Caio permaneceu estático, cerrando os seus olhos azuis e deixando um grande suspiro escapar por entre os seus lábios. Sabia que estava magoado, desiludido. Até receei o facto de ele se afastar, de arranjar outro amor que não eu.

"Entendo." A sua resposta apanhou-me de surpresa. Não esperava que Caio entendesse, esperava uma reação completamente contrária.

"Entendes...?" Murmurei confusa, vendo-o assentir com a sua cabeça sem sombra de dúvidas.

"Ah, que é isso Rita?" Humedeceu a sua boca, deixando uma gargalhada escapar por entre os seus lábios enquanto os seus longos dedos mexiam nos seus cabelos claros. "Não era essa a resposta que querias?" Perguntou de um jeito frio e engoli a seco, encarando-o.

"Era..." Gaguejei sem certezas, observando o seu sorriso uma ultima vez.

"Então, eu vou indo." Falou e eu permaneci calada. Não sabia o que deveria de dizer ou de fazer ou até como agir, enquanto notava o corpo forte de Caio afastar-se de mim.

"Caio!" Suspirei alto demais, dando alguns passos vagarosos na sua direção.

"Vejo-te por aí." Falou já na distância, sem sequer se dar ao trabalho de olhar para trás, para mim.