Medo da verdade.

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Negando rapidamente com a cabeça procurei responder ao homem com quem pensava ter uma relação. "Não.." Gaguejei quando os olhos de ambos encontraram os meus escuros e apertando a beira da janela por detrás de mim, encarei as suas fortes figuras que logo desviaram a sua atenção para os corpos masculinos que permaneciam deitados sobre o chão da minha sala.

"Tendo remorsos?" A minha voz saiu por entre os meus lábios antes que eu pensasse no que estava a dizer e logo encontrei os olhos azuis de Caio que despia as roupas de um dos agentes.

"Na verdade acho que não. Tu?" Ouvi o riso sarcástico dos dois primos que vestindo e apertando o casaco, agarraram no distintivo de cada agente e guardaram as armas juntamente com o resto dos pertencentes de cada um.

"Agora acabando com a brincadeira. Está na hora de irmos." Renato finalmente falou e pondo a sua arma escondida, rapidamente me encarou com os seus olhos esmeralda de um jeito intenso. " Vamos." O moreno rosnou de um jeito que me fez apertar a beira da janela ainda mais.

O meu corpo estremeceu e clareando a minha garganta de um jeito nervoso, dei alguns passos para trás, negando suavemente com a minha cabeça. " Eu não vou a lado nenhum." Sussurrei quase num tom de voz inaudivel mas logo percebi que o moreno à minha frente tinha escutado a minha voz quando os seus olhos encararam os meus e os seus passos se dirigiram na minha direção.

"Renato!" Assustada e com o meu corpo completamente trémulo, olhei para trás de mim, vendo a vista de uma grande altitude. "Renato, por favor..." Murmurei quando o corpo dele se encontrou pressionado contra o meu e engolindo a seco, encarei o moreno que deixou a sua mão tocar no meu pescoço.

Um sorriso surgiu nos seus lábios carnudos e não pude evitar o gemido que deixou os meus lábios quando com alguma força Renato prendeu o meu pescoço, a sua outra mão sendo pressionada no fundo das minhas costas de forma a debruçar o meu corpo sobre a janela partida de um jeito ameaçador.

"O meu nome não é Renato." 

Sustive a minha respiração enquanto encarava os olhos esmeralda que me olhavam com intensidade.

"E o homem que eu beijei? O homem por quem me apaixonei, qual era o nome dele?" Rosnei enquanto o medo pulsava nas minhas veias. Humedeci os meus lábios trémulos e secos quando observei a expressão maliciosa no rosto de Renato mudar um pouco e sem esperar, notei o rosto dele aproximar-se do meu de um momento para o outro.

"Esse homem nunca existiu." 

Arregalando os meus olhos castanhos em choque, apenas respirei contra o rosto de Renato que sorrindo, obrigou-me a arquear as costas. Rosnando, apenas prendi o casaco do polícia com as minhas mãos e cerrando os meus olhos, senti a brisa bater contra o meu rosto.

"Se eu caio, levo-te comigo." 

"Joshua, despacha-te. Temos que sair daqui a nada antes que a polícia apareça mais uma vez." Caio falou por detrás da forte figura de Renato que clareando a sua garganta, fez um movimento brusco com a sua mão, obrigando a que quase todo o meu corpo estivesse debruçado sobre a janela.

Encarando o moreno à minha frente, sustive a respiração e apertei o casaco do mesmo com toda a força que me restava. O tempo passava e olhando em minha volta, observei a vista para a cidade.

"Renato..."

"O meu nome não é..." Interrompi-o antes que o moreno pudesse voltar novamente com o seu discurso.

"O que nós tivemos foi uma mentira também?" Perguntei, encarando os olhos esmeralda que me observavam com intensidade.

"Alguma vez disse isso?" Rosnou contra os meus lábios.

"Não." Concluí.

"Pensei..." A sua voz parecia um pouco alterada e respirando fundo, senti a mão forte que me apertava o pescoço desaparecer, agarrando o meu braço com a mesma força que utilizara no meu pescoço.

"Mas nunca me disseste o contrário." A pequena mão que agarrava o casaco de Renato prendeu o rosto do moreno, cujos olhos esmeralda logo me encararam com intensidade.

Renato permaneceu em silêncio, como se não soubesse o que dizer ou como reagir à situação que decorria mesmo à sua frente.

"Tu amas-me? Amaste-me?" A minha perguntou soou num tom baixo contra os lábios do moreno que logo entreabriu os seus carnudos, prestes a falar.

"Vamos." 

A mão pressionada contra o fundo das minhas costas rapidamente me puxou para dentro da minha própria casa e observando Caio encarar-me com um olhar indecifrável, o moreno caminhou até mim enquanto segurava umas algemas de metal nas suas mãos.

"Vocês vão mesmo fazer isso..." Sussurrei num tom desapontado, sentindo o metal frio contra os meus pulsos ser fechado, apertando as minhas mãos.

"Temos que tomar os nossos cuidados Rita." 

Assim que escutei a voz de Caio, suspirei não sabendo o que esperar mais dos dois morenos. 

Um som metálico foi escutado novamente e pude observar Renato pegar numas chaves, tilintando as mesmas entre os seus dedos. 

"Vamos de carro." O forte moreno que eu pensava amar retorquiu num tom frio, agarrando e apertando as chaves na sua forte mão enquanto saía para fora. Caio, agora também disfarçado de agente logo empurrou o meu corpo suavemente, obrigando-me a acompanhá-lo.


'O traficante espanhol.'Onde histórias criam vida. Descubra agora