☠ Companhia policial. ☠

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"Para onde vamos?" 

A minha voz trémula e frustrada era a única coisa que se ouvia naquele carro que em silêncio se movia a toda a velocidade uma vez que as fortes mãos de Caio se encontravam a prender o volante que girava bruscamente com cada curva.

"Para longe daqui."

"Vocês...Isto é rapto." Rosnei enquanto encarava os dois morenos que pareciam não dar importância às palavras que escapavam por entre os meus lábios. 

Olhei para o meu colo, movendo as minhas mãos de um jeito brusco numa tentativa falhada de soltar as minhas pequenas mãos do pedaço ruim de metal.

"Mais um crime para colecionar no nosso cadastro." Ouvi o comentário sarcástico de Renato que logo revirou os seus olhos esmeralda, continuando focado na estrada.

"Porque é que eles vos procuravam?" Engoli a seco quando o silêncio e a tensão se instalaram novamente no veículo.

"Tráfico." Caio murmurou enquanto observava o ponteiro que indicava a velocidade a que o carro se movimentava aumentar drasticamente.

"De pessoas?"

"Não." Foi Caio que desta vez revirou os seus olhos azuis enquanto continuava a conduzir.

"De orgãos?" 

"De mulheres chatas como tu!" O berro de Renato fez o meu corpo estremecer enquanto eu me forçava para me ajeitar no meu lugar desconfortável, encarando logo de seguida ,com frustração, o moreno que vasculhava o carro roubado.

"De droga?" Engoli a seco, observando o olhar azulado de Caio encontrar o meu através do retrovisor do carro.

"Exatamente."

Permanecendo em silêncio,assenti sem dizer mais nada enquanto olhava para a paisagem que passava a uma grande velocidade em frente da janela fechada do meu lado. A viagem foi longa e abrindo suavemente os meus olhos, encarei os olhos azuis que me observavam com intensidade.

"Chegamos." Um pequeno sorriso sincero surgiu nos seus lábios enquanto o mesmo pegava nas chaves presentes no seu bolso, direcionando a sua atenção para as minhas mãos ainda algemadas.

"Porquê soltar-me agora?" Sussurrei.

"Não tinhas para onde fugir." 

Senti o meu corpo estremecer e escutando o som estridente das algemas, massajei os meus pulsos doridos enquanto os meus olhos castanhos observavam o enorme armazém à minha frente.

"Onde estamos?" 

Senti a presença de Caio ao meu lado enquanto a forte figura de Renato destrancava as portas, sendo abraçado por um grupo de pessoas. Clareei a minha garganta, sentindo a mão reconfortante de Caio sobre um dos meus ombros.

"Estamos no país onde nascemos. Espanha." 

"E aqueles são?" 

"São como família." Caio tentou explicar-me enquanto a sua grande mão descia dos meus ombros para o fundo das minhas costas, guiando-me com ele.

Os meus olhos castanhos permaneceram focados nas quatro figuras em volta do corpo de Renato que logo me encararam com alguma curiosidade.

"Quem é ela?" Um dos homens murmurou com a sua voz um pouco mais masculina e encarando-o com olhos curiosos, logo senti o braço protetor de Caio circular os meus ombros de um jeito um pouco reconfortante.

"Ela, bem ela é da família agora."

"É a sua namorada ou algo assim?" Um dos homens murmurou de um jeito desconfiado e engoli a seco quando o olhar esmeralda de Renato nos encarou deu um jeito intenso e indecifrável.

"Nada disso." Caio passou a sua mão pelos seus cabelos escuros e pude jurar que escutei um suspiro escapar por entre os lábios de Renato que sinceramente parecia se importar menos do que o moreno que falava.

Um momento de tensão surgiu no grupo e engolindo a seco, escutei as várias vozes masculinas falarem sobre assuntos dos quais não entendia nada. A minha língua passou por entre os meus lábios rosados e já cansada de apenas observar e engolir a seco a atitude completamente mudada do homem que amava, tomei coragem para caminhar para perto do moreno que logo me encarou um pouco surpreso com os seus olhos esmeralda.

"Precisas de algo?" Rosnou, permanecendo com os seus braços trabalhados cruzados sobre o seu peito.

"Preciso de falar contigo. Agora Joshua." Tive dificuldade em pronunciar o verdadeiro nome do forte moreno que pensava amar e engolindo a seco, observei o seu rosto surpreso enquanto o mesmo tinha a decência de pelo menos se afastar do grupo, indicando-me um sitio calmo dentro do armazém.

Por alguma razão o meu peito tornara-se inquieto enquanto os nossos passos eram ouvidos pelo velho estabelecimento e fechando as minhas mãos em forma de punhos bem apertados, contive a minha raiva ao observar a figura forte de Renato parar mesmo à minha frente, acabando por me olhar com uma expressão hipócrita no seu rosto.

Não aguentei e o eco logo foi notável pelo local vazio quando a minha mão colidiu com o rosto de Renato.

"Renato, eu...Eu odeio-te!" Gaguejando com alguma dificuldade, tentei admitir e mostrar a frustração que sentia mas antes que pudesse continuar com o meu discurso, senti uma forte mão prender os meus cabelos escuros.

Grunhi quando as minhas costas foram pressionadas bruscamente contra a parede gelada do armazém e sentindo o rosto de Renato demasiado perto do meu, cerrei os meus olhos castanhos com o medo que sentia daquele homem.

Ao contrário do seu toque brusco, os lábios de Renato que roçavam contra os meus eram suaves, talvez calorosos até. Mas os sentimentos pareciam ter desaparecido quando a verdade veio à tona.

"Caladinha."

Rosnei com a sua ameaça mas fui obrigada a gemer quando senti o aperto que os seus dedos faziam nos meus cabelos escuros aumentar. Os meus lábios separaram-se lentamente com a dor que sentia e antes que pudesse protestar, senti os lábios carnudos do moreno pressionarem-se contra os meus.

O meu corpo estremeceu com as lembranças e tentando fugir ao beijo, senti lágrimas dançarem nos meus olhos castanhos que ainda estavam fechados.

"Rita..." 

O meu corpo pareceu parar de se debater com aquele simples sussurro contra os meus lábios trémulos e necessitados.

"Eu estou a fazer o que é melhor para ti."

"A sério?" Revirei os meus olhos castanhos que logo deixaram lágrimas deslizarem pelas minhas bochechas. "Como? Raptando-me? Mentindo-me até sobre o teu nome?!"

"Eu tive razões..."

"Claro que tiveste."

Renato encarava-me de um jeito furioso enquanto o músculo do seu maxilar enrijecia e o mesmo prendia o seu lábio inferior com uma força exagerada.

"Tu não entendes.." Renato murmurou e eu apenas neguei silenciosamente com a minha cabeça, as minhas mãos sacudindo o seu aperto para longe da minha figura trémula.

"Eu já nem sei o que tu és." Rosnei, empurrando a sua figura.

"Sou o homem que amas. Que te ama." A voz de Renato soou mais alto assim que a sua mão capturou o meu braço, colidindo o meu corpo mais uma vez contra a parede gelada por detrás do meu corpo.

"Solta-me."

"Tu não vais a lado nenhum." O moreno rosnou, a sua mão capturando o meu rosto.

Quero os votos e comentários das minhas verdadeiras leitoras. Faz a diferença e mostra-me o que estás a achar da história! Próximo capitulo brevemente bolachinhas, estejam atentas. Beijos!!

'O traficante espanhol.'Onde histórias criam vida. Descubra agora