Capítulo 6

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LARA BRACHMANN

— Eu gostaria de saber o motivo para o senhor designar seu executor para fazer a minha segurança. — Acomodo adequadamente minha saia ao me sentar na cadeira diante de sua mesa.

Meu pai me olha com desconfiança e arqueia sua sobrancelha. Acostumada a lidar com ele, arqueio minha sobrancelha também e cruzo meus dedos em meu colo enquanto espero que ele me responda. São muitos anos como a princesinha do papai para aprender a obter as respostas que eu quero dele, mesmo que eu não use essas habilidades com tanta frequência.

— Werden está sendo um problema para você?

— Não! — Eu não seria louca de confessar meus pensamentos lascivos sobre Sebastian. — Meu único problema são as muitas rondas que ele faz por dia.

Um sorriso muito satisfeito cresceu em seu rosto com a minha resposta. Meu pai se recostou em sua poltrona parecendo relaxado, quase renovado com a informação, mas eu não mudo minha postura. Preciso me manter firme se quiser respostas concretas.

— Ele é muito cuidadoso. Por isso é tão bom no que faz.

— O que ele "faz" é matar pessoas, pai. Como ele foi parar na segurança?

— Precaução. — Dá de ombros.

— Eu gostaria que o senhor fosse sincero comigo.

— Um de nossos cassinos foi atacado recentemente. Com seu tio fora e eu no comando, as coisas podem ficar complicadas. Werden está com você para garantir que não esteja em perigo. Assim que seu tio retornar de viagem, Werden retomará suas atividades e você estará livre das rondas.

— Por que sinto que esse não é o único problema que rodeia sua mente?

Meu pai se reacomoda em sua cadeira, parecendo desconfortável agora e afrouxa a gravata. Da última vez que o vi tão desconfortável assim foi quando minha mãe, minha avó e minha tia organizaram um baile para comemorar a minha maioridade às escondidas quando completei dezoito anos. Na época, elas achavam que seria uma boa ideia me aproximar dos jovens da Organização. Não preciso dizer que essa ideia se provou um grande erro já que, aparentemente, as muitas teorias sobre minha mãe e e as circunstâncias do meu nascimento são de conhecimento geral.

Junte uma garota com inabilidade social e jovens abutres desesperados por mais influência e renome que é possível imaginar o desastre que foi esse baile. As pessoas me cumprimentavam e dez minutos depois eu podia ouvi-los pelos cantos me julgando ou trocando conhecimentos sobre a minha família.

— Estrelinha, as coisas que faço são para o seu bem e não quero que fique chateada.

— Sebastian Werden não é um problema, pai. Não estou costumada a ter alguém fazendo rondas constantes dentro da nossa casa, mas se ele está garantindo a minha segurança, não há qualquer incômodo.

— Isso é ótimo, Estrelinha. — Meu pai abre um meio sorriso tenso. — Eu gostaria de conversar sobre algo importante com você.

— Tudo bem. — Me preparo para o que ele realmente quer expor.

— Os Becker nos convidaram para um jantar. Você sabe, eles têm um filho em idade para se casar.

— O senhor espera que eu aceite o convite? — Pergunto genuinamente confusa.

— Eu inverti o convite. Disse que nos encontraríamos com eles apenas se o jantar fosse aqui.

— Pai, eu não tenho a intenção de me comprometer com alguém agora.

Estou ocupada alimentando uma paixão platônica pelo Executor!

— Eu não a submeterei a um casamento forçado, Estrelinha. Aceitei a proposta pensando em uma manipulação social.

— Que tipo de manipulação?

— Minha filha, mesmo que me mate lentamente admitir isso, você é uma mulher belíssima; é uma Brachmann e desperta a curiosidade dos homens. Eu sei que toda essa atenção te incomoda e que você não se sente bem sobre as inifinitas propostas de casamento que recebe, mas aceitarmos um jantar com uma família respeitada da Organização pode gerar boatos de que você já esteja comprometida e as falácias cessarão por um tempo.

— O senhor acha mesmo que pode funcionar?

— Pelo que conheço dos abutres fofoqueiros, sim. Os Becker se ocuparão em aproveitar os rumores de estarem mais próximos da liderança e você terá algum tempo de paz sobre as cobranças de matrimônio.

— Eu não sei o que pensar sobre isso. — Respondo com sinceridade.

— É uma solução de curto prazo eficiente. Eu não me importo com fofocas e boatos, mas sei que te afetam de alguma forma e quero evitar que isso aconteça.

— Falarei com a mamãe antes de ir. — Me levanto com um pouco mais de pressa do que deveria. Culpo o nervosismo por isso. — Quero visitar a vovó ainda hoje também.

— Tem certeza de que não quer ficar aqui conosco, Estrelinha?

— Não, papai. Estou finalizando algumas pinturas encomendadas e preciso do meu estúdio para trabalhar.

— Eu entendo. — Enquanto ele fala, contorno a mesa para depositar um beijo em sua bochecha. — Eu te amo, querida.

— Eu também te amo, pai.

Saio da biblioteca e praticamente corro até as escadas, dominada pela pressa para encontrar a minha mãe. Não foi uma surpresa quando vi Sebastian parado próximo à porta principal, mas tê-lo me olhando foi o suficiente para me ter descendo as escadas com mais calma. Hoje suas tatuagens estão cobertas com uma blusa azul de mangas longas e eu internamente lamento por isso. Gosto de observar a tinta em sua pele.

Quando eu já estava nos últimos degraus, minha mãe entrou na sala acompanhada por Lucy, a governanta da casa que está com a família há decadas e com quem minha mãe tem uma relação muito próxima.

— Lara! — Minha mãe me chama assim que nota minha presença. — Conseguiu conversar com o seu pai, querida?

— Sim, mãe. — Acaricio o corrimão da escada tentando controlar um pouco da ansiedade que estou sentindo. — Ele me contou sobre o jantar com os Becker.

— O que há com os Becker? — Lucy pergunta.

— O filho dos Becker está interessado em uma certa moça. — Minha mãe responde com um sorrisinho brincalhão. — Mas cabe à ela decidir o que será feito sobre isso.

Por sua expressão, posso afirmar que minha mãe já sabe qual será a minha resposta. Não é a primeira proposta que eu recuso. Minha mãe sempre me disse que eu não deveria me contentar com qualquer um que demonstrasse interesse porque sou especial demais para isso. Minha família me coloca em uma posição privilegiada e o homem com quem eu me casar terá acesso a esse poder também, por isso devo escolher com sabedoria.

Meu eleito não será um desconhecido que se prontifica para estar comigo. Ele não me conhecesse, como pode ter pedido minha mão em casamento ao meu pai? Coisa que ele certamente o fez quando contatou meu pai ou papai não teria armado todo esse plano maluco.

A Artista - Série Mafiosos 0.5Onde histórias criam vida. Descubra agora