SEBASTIAN WERDEN
Faz uma semana que estou esperando por uma oportunidade para conversar com o senhor Brachmann. Lara já enviou as pinturas encomendadas e decidiu ir ao centro hoje para comprar novas tintas, telas e pincéis. Uma equipe de segurança a está acompanhando e eu não pude ir porque o próprio Brachmann me convocou para uma reunião.
Estou de pé em seu escritório, minhas mãos unidas em minhas costas enquanto espero pacientemente que Luke termine seu copo de conhaque e finalmente me diga o motivo pelo qual me chamou aqui. Ele não está observando a janela, nem parece exepcionalmente irritado, o que é um bom indicador para que eu possa conversar com ele.
— Tenho mais um serviço para você. Uma devedora. Francesa. — Fala ao terminar sua bebida e escorregar um envelope amarelo por sua mesa. — Aí está a ficha dela. A dívida é grande e a imbecil decidiu ignorar os avisos anteriores. Preciso que o recado seja bastante claro.
— Sim, senhor.
— Ótimo! Você embarca amanhã, quero que a cobrança seja feita o mais rápido possível. — Se recosta em sua cadeira com sorriso no rosto. — Está dispensado.
— Eu gostaria de falar sobre algo mais com o senhor.
Luke franze as sobrancelhas e volta a se inclinar para frente, apoiando os cotovelos sobre a mesa de mogno. Seus olhos encaram os meus como se procurasse por qualquer indício do que pode estar errado.
— Estou ouvindo.
— Meu intuito não é que duvide da minha lealdade ao senhor ou ao seu irmão. Eu sempre soube quais eram as minhas atribuições e sempre fiz o meu trabalho com excelência. Sou grato pelo perdão que recebi e sou feliz com o meu trabalho, mas agora eu penso além.
— O que quer dizer, Werden? — Seus olhos semicerram para mim.
— O senhor sabe que nunca tive a pretenção de me casar ou construir uma família, sempre fui claro em meu posicionamento.
— Sim.
— Eu encontrei alguém que me fez repensar a minha decisão. Não era a minha intenção, tudo começou como um trabalho, mas eu desenvolvi um interesse genuíno pela sua filha, senhor. Estou aqui para pedir permissão para a propor em casamento.
— É assim que você demonstra a sua lealdade e a sua gratidão, Werden? — Se reclina em sua cadeira novamente. Seu rosto tem uma expressão fria, mas os olhos brilham de raiva. — Desejando a minha filha?
— Não estou me escondendo atrás de um telefone para manifestar meu interesse, assim como não preciso de Lara aqui para me esconder atrás dela. Tenho ciência de que não tenho qualquer cargo de interesse na Organização, sei da nossa grande diferença de idade e imagino que o senhor não a queira com um assassino, mas eu posso garantir que as minhas intenções com a sua filha são as melhores e que eu faria qualquer coisa por ela.
— Inclusive me dar a sua vida? — Pega sua arma e a coloca em sua mesa. O metal prateado e lustrado brilhando pelo reflexo da luz que atravessa os vidros da janela.
— Se assim for necessário.
Um momento de silêncio e tensão se segue. Eu não sei dizer se foram segundos, minutos ou horas. O senhor Brachmann apenas me olhou, como se estivesse esperando pelo menor sinal de fraqueza. Eu me mantenho firme. É uma batalha de vontades e interesses, eu preciso convencê-lo de que sou a melhor escolha.
— O que o faz pensar que é bom o suficiente para ela?
— Eu sou homem para admitir meu interesse, manifestar minhas intenções e reconhecer meus defeitos. Além disso, Lara já sabe que eu conversaria com o senhor.
— Ela se opôs a essa conversa?
— Não, senhor.
— Sempre achei que ela conversaria comigo antes para me preparar quando chegasse a hora. — Um meio sorriso nasce em seus lábios. É como se um interruptor fosse ligado e ele se mostrasse muito satisfeito com a notícia, toda a raiva e desconfiança em seu olhar se foram. — Devo admitir que demorou mais do que eu esperava.
— Perdão?
— Werden, os filhos nos fazem cometer loucuras para vê-los felizes. Minha filha há um bom tempo se mostrava interessada em você, mesmo que acreditasse ser discreta. Sei que também a observava, não sou idiota.
— O senhor me designou para a segurança dela de propósito?
— É claro. Eu precisava que vocês se aproximassem, como aconteceria de outra maneira? Minha filha não sai do estúdio e você está sempre viajando. Não se engane, a ameaça dos cassinos é real. Há um grupo tentando nos roubar. — Dá de ombros. — Eu apenas aproveitei a oportunidade.
— Por que eu?
— Que outro homem seria bom o suficiente para a minha filha? Aquele fraco do jantar? Outro covarde que pede ao pai para me fazer uma proposta em seu nome? — Seu sorriso agora é completo. — O escolhi porque é leal e não um subordinado. Eu não menti em momento algum. Você sempre foi a melhor escolha. Minha filha precisa de um homem de verdade ao lado dela, alguém que se preocupe com a segurança e o bem-estar, que não hesite em avançar para defendê-la.
— Isso é... inesperado, senhor.
— Se bem me lembro, você me prometeu cuidar bem dela, Werden.
— É o que farei, senhor.
— Eu sei disso.
— Como o senhor planejou tudo?
— Manipular pessoas é uma arte, Werden. Os negócios não seriam tão frutíferos se eu não soubesse conduzi-los, não acha?
O choque não me permitiu elucidar uma resposta. Ele manipulou nossa aproximação, mas eu não fui manipulado para gostar dela. Antes de Lara não havia qualquer pretenção de relacionamentos em minha vida, muito menos a ideia de ter uma família. O medo de ter uma casa disfuncional como a minha me assombrou por muito tempo.
Posso trabalhar com a morte, mas não é como se eu fosse uma cópia viva do meu pai. A maneira errônea que ele conduziu seu casamento e sua paternidade não tem relação comigo. Não por acaso, pude viver minha vida sem sua assombração constante. Eu me sinto pronto para o próximo passo. Não há mais desculpas que possam dificultar meu caminho até Lara.
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A Artista - Série Mafiosos 0.5
RomanceAdaptações não são permitidas! Plágio é crime conforme a lei 9.610 de 1998. Lara Brachmann é uma mulher importante e sabe disso. Filha e sobrinha dos líderes da Organização alemã, ela é sinônimo de alianças e privilégios para todos que buscam proxim...