Capítulo 24

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SEBASTIAN WERDEN

Filho da puta.

Vejo Lara se inclinar sobre a mesa para alcançar o azeite e o bastardo aproveitar a oportunidade para espalmar suas costas enquanto todos riem sobre o assunto da conversa. Não me atento sobre o que estão falando, minha atenção está focada na mão que quero arrancar dedo por dedo.

Becker coloca a sua mão por cima da mão de Lara e se inclina para falar algo em seu ouvido. Respiro fundo e movo meu pescoço na tentativa de aliviar um pouco o incômodo. Não seria inteligente pegar uma das facas de mesa e afundá-la no olho do filho da puta por tocá-la.

Não consigo resistir ao pensamento sobre qual seria a minha sentença se eu matasse o herdeiro de um Koordinator durante um jantar com o Subchefe da Organização. Infelizmente, não acho que haveria outro perdão para mim, mas estou certo de que morreria feliz por saber que ele não a tocará outra vez.

 Mantenho minhas mãos firmemente unidas para trás porque se elas estiverem livres, alguém morrerá hoje e esse alguém está vestindo um fodido termino azul. Como ficaria um tecido tão bem trabalhado sujo de sangue? Talvez eu possa deixar a faca fixada em seu olho antes de espetar um garfo em sua jugular.

Eu poderia desmembrá-lo e queimar os pedaços em uma grande fogueira para celebrar sua morte.

Eles se afastam e Lara ri de algo que ele diz. Sinto como se ácido puro descesse por minha garganta. Eu não posso acreditar que cogitam esse infeliz do caralho para ser o marido dela. O garotinho não seria bom o suficiente, isso é claro como o dia para mim.

Ele nunca notaria sobre o hábitos dela. Não saberia que ela costuma comer pouco pela manhã, algo como iogurte com frutas ou granola. Não compreenderia que ela pinta durante toda a manhã e, se não for chamada, dificilmente nota que já passou da hora do almoço e continua seu trabalho tarde a dentro. Ele se atentaria à preferência dela por pintar nos jardins, próxima ao chafariz, perto do entardecer? E os laços? Ele a presentaria com frequência? Quanto tempo levaria para perceber que seu estilo de pintura favorito é aquarela?

Ele não a conhece. Não é bom o suficiente e, definitivamente, não deveria tocá-la. Como está fazendo em suas costas novamente. Neste momento. Juro, por tudo que há de sagrado, que se ele continuar com a mão sobre ela, eu servirei seus dedos como petiscos aos cachorroros.

Estou ansioso para enviá-lo ao inferno.

— Estamos de guarda. — Fagner Hertel fala sussurrando próximo a mim. — Não há necessidade de parecer um homicida.

— Talvez eu tenha vontade de matar alguém.

— Este não é o momento. Controle-se.

Não o respondo mais. Eu sei que não é apropriado, que essa família é convidada do Subchefe para jantar em sua casa e isso é motivo de honra, mas não gosto da maneira como o Becker mais novo tem sua cadeira tão próxima de Lara, como seus braços se encostam enquanto eles comem e como ele ousa fazê-la rir.

Esse sorriso costuma ser direcionado a mim, não a um filho da puta qualquer. É apenas um jantar e ela está sendo educada, no fundo da minha mente eu sei disso, mas a ideia dos Becker considerarem sua educação um passe livre para insistir em um casamento me enlouquece. Ou pior, ele poderia tentar conquistá-la.

Não.

Fodidamente não.

Eu posso me conter enquanto ele se limita a toques "inocentes", mas não permitiria que ele a levasse. Quem esse desgraçado pensa ser? Ela se casaria com ele? Não, eu duvido muito. Aposto a minha moto que ela não aceitaria.

Ela está apaixonada por mim, porra! O que é um fodido Becker?

Quando Lara sorri e toca o braço dele sinto vontade de arrancar meus cabelos. A sensação é próxima a de fogo líquido correndo por minhas veias. Nunca imaginei que precisaria de tanto autocontrole para não fazer uma merda grande. Eu passei uma semana do inferno com ela me ignorando, me contentando com vislumbres de sua figura, sem conversar com ela, para um arrombado ter toda a sua atenção?

Eu não gosto da maneira como ele a olha. Não gosto do interesse que vejo nele. Não o quero perto dela. Sei que não deveria sentir esse tipo de reivindicação sobre ela. Lara é solteira, desempedida e está chateada comigo, mas não quero um adolescente hormonal tocando-a dessa forma.

Ele não sabe manter as mãos para si?

— O vinho não está do seu agrado? — Ouço Becker perguntar a Lara.

— Está ótimo! — A princesa dá um pequeno gole em sua taça, a bebida praticamente intacta. — Não estou com vontade de beber estar noite.

— Eu posso acompanhá-la, se desejar.

Desgraçado do caralho.

— Agradeço a gentileza, mas não há necessidade.

— É uma pena. — Ele graceja e consegue outro sorriso dela.

Tentando preservar a pouca sanidade que me resta, me obrigo a desviar a atenção dos dois e me distrair com qualquer outra coisa da sala, como a conversar do senhor Brachmann. Levo um certo tempo para entender qual é o assunto e em que momento da conversa eles estão, mas então compreendo que o debate trata-se do surgimento dos cassinos virtuais e como eles não possuem finalidade nenhuma, uma vez que os cassinos físicos vendem a experiência de estar em um cassino enquanto o virtual se limita em roubar o dinheiro dos apostadores.

Será que ninguém está notando que o loiro idiota está cobiçando a minha mulher?

Penso seriamente em implorar a qualquer divindade que esteja disposta me ouvir que faça esse jantar não se estender por muito mais tempo. Eu quero sair daqui, levar Lara para longe desse idiota e pensar no que está acontecendo comigo. Preciso entender em que momento perdi o controle sobre mim e deixei que minhas emoções assumissem o comando. Eu não costumo ser dessa forma, mas ver outro homem tocando e cobiçando o que é meu me deixa puto.

Lara é linda por natureza e está maravilhosa esta noite, mas ela não se arrumou assim para ele! O bastardo acha que não notei como ele olhou para a bunda dela quando Lara entrou na sala de jantar e ele se levantou para puxar a cadeira para ela?

Imbecil.

A Artista - Série Mafiosos 0.5Onde histórias criam vida. Descubra agora