Capítulo 30

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LARA BRACHMANN

Pego dois abanicos, três redondos, um angular, quatro stipplers e continuo em minha aventura pelo mágico mundo dos pincéis e suas variedades. Preciso de espessuras distintas também.

Recebi mais uma encomenda de tela, dessa vez com uma praia de paisagem inspirada nas praias brasileiras. Devo me apressar em minha pesquisa, observar o maior número de fotos possíveis para que eu possa criar meu próprio paraíso tropical na tela.

Já solicitei os tamanhos de telas que quero e estou seriamente pensando em levar tintas à oleo para testar algumas técnicas. Cada quadro é único à sua maneira e me esforço muito para entregar tudo perfeito.

Fazer compras em uma loja de arte é a forma perfeita de me acalmar. Meu pai solicitou um encontro com Sebastian e não tenho ideia do que se trata, mas sei que casamento será um dos tópicos debatidos e não tenho ideia do que esperar.

Estou nervosa por Sebastian, ele é o homem de confiança do meu pai e foi rigorosamente escolhido para fazer a minha segurança. Como meu pai reagirá quando receber a proposta?

O som de risadas atrai a minha atenção e vejo um grupo de jovens conversando e rindo enquanto escolhem tintas. Os uniformes entregam os estudantes e, a julgar pelo que consigo ouvir da interação, eles têm um trabalho difícil de Artes para ser feito. Sorrio ao observar o grupo. É notório que eles estão perdidos sobre o tipo de material que desejam. O vendedor tenta se aproximar para auxiliar, mas um pequeno caos já foi instalado.

Minha atenção foi redobrada quando notei uma mulher passar a mãos pelas cerdas dos pincéis. Não consigo determinar o que me alarmou sobre ela, talvez a forma como caminha despreocupadamente para perto de mim sem pegar qualquer pincel de fato. Tento me distanciar discretamente, porém sua mão segura meu braço e ela exibe a arma em sua outra mão.

— É melhor você sair daqui comigo ou vou atirar em todo mundo aqui.

— Eu sugiro que você me solte. — Tento libertar meu braço e seu aperto aumenta. — Meu segurança está na porta e tenho mais uma equipe do lado de fora. É melhor me soltar.

— Eu tenho uma equipe também. — Um sorriso ameaçador domina seu rosto. Seu sotaque é tão forte que preciso me esforçar um pouco para compreender o que está dizendo. — O segurança na porta será o primeiro a morrer. É melhor não tentar escapar, Brachmann.

— O que quer de mim? — Os pincéis que eu segurava caem no chão quando ela me puxa com força para começarmos a andar, a larga jaqueta jeans que ela está usando serve como camuflagem para a arma que a mulher mantém pressionada contra as minhas costelas.

— Eu não vou te contar aqui. — Continuamos caminhando pela loja, cada vez mais longe da vista do segurança.

— Você não pode me levar. — Forço minha voz o mais calma possível. Meu coração está batendo como um louco e sinto que já não consigo captar ar suficiente para respirar. — Meu pai te caçaria.

— Não se ele encontrar partes da filhinha preciosa a cada vez que tentar se aproximar. — Sua risada é sombria e meus braços se arrepiam.

Eu quero ir para casa.

— Com licença, senhorita. — O segurança que estava na porta chama enquanto caminha até nós. Meus olhos saltam quando ele nota a mulher segurando meu braço e com a outra mão dentro do casaco.

Tudo foi tão rápido.

Ele fez menção de pegar sua arma, mas a mulher foi mais rápida e atirou em seu rosto. O barulho assustou a todos na loja, o grupo de jovens se encolheu e o vendedor se jogou contra todos eles, levando-os ao chão. A mulher disse algo em seu idioma que soou como um palavrão antes de me arrastar pela loja na direção da entrada.

À medida que nos aproximávamos da saída tiros começaram a ser ouvidos. Meus olhos não conseguiram desviar do segurança caído no chão com uma enorme mancha de sangue em seu rosto, o líquido viscoso escorrendo pelo chão.

A minha falta de atenção no caminho me fez tropeçar em meus pés, mas a mulher não soltou meu braço em momento algum. Sua arma estava erguida quando ela nos tirou da loja. Ignorando os sons de disparos e gritos na rua, a desconhecida me arrastou até o meio da pista, onde uma van preta nos esperava com a porta aberta.

Minha mente finalmente recobrou o controle do meu corpo e finquei meus pés do chão, joguei meus quadris para trás e fiz o máximo de esforço possível para me soltar de seu aperto. No momento não me importava nada, a troca de fogo, o risco de ser atingida ou de ter alguém de longe com a mira em mim. Eu só queria me soltar e fugir.

— Não! — Luto para me soltar de seu aperto. Suas unhas se fincam em minha pele ao ponto da dor, o que alimenta mais o meu desespero. — Me solte!

— É melhor você entrar nesse carro! — Fala apontando sua arma para o meu rosto. — Ou vou estourar a sua cara!

— Não! — Balanço a cabeça, sentindo meus olhos queimarem de lágrimas.

A mulher soltou uma mistura de rugido com suspiro raivoso antes de aumentar seu aperto e me impulsionar na direção da van, onde um homem havia aparecido para me segurar quando eu entrasse. Senti o momento que suas unhas rasgaram a minha pele e o filete de sangue escorreu por meu braço.

Tento lutar novamente, mas já estou perto o suficiente para que o homem possa me segurar. A mulher tenta me empurrar para dentro enquanto me debato como louca para me soltar. Em meio ao desespero, chutei sua perna e sua barriga, o que a fez praguejar novamente em sua língua.

Minhas lágrimas escorregam por meu rosto sem controle e meu desespero se eleva quando o homem tapa a minha boca. Eu nem mesmo percebi que estava gritando. Fui empurrada para dentro da van e a mulher embarcou em seguida.

Minha última visão antes da porta ser fechada, foi de Sebastian correndo em minha direção com uma arma em mãos. Ele parecia refletir meu próprio desespero e a expressão de pânico em seu rosto foi a última coisa que pensei quando coloram um pano com cheiro forte em meu nariz e minha boca.

A Artista - Série Mafiosos 0.5Onde histórias criam vida. Descubra agora