Capítulo 22

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Aviso de Gatilhos: Suicídio, Violência e Abuso infantil.

Bamberg - Alemanha

Pietro corria pelas ruas de Bamberg, o garoto precisava buscar sua irmã na escola e levá-los para casa. A pequena Wanda estudava a cinco ruas da escola do irmão, a garotinha de cabelos castanhos ficava no portão, esperando o momento de ir para sua casa.

A cidade não era muito grande, quem morava nas redondezas conheciam Anna e Luka Richter, os pais das duas crianças. O casal sempre estava na boca do povo, principalmente pelo fato de que o filho de 12 anos, mais parecia pai do que irmão da garotinha de 8. Mas eles não se importavam. Luka tinha seu emprego na fábrica de cerveja, já Anna passava todos os seus dias escondida em seu quarto, tentando lidar com seus próprios problemas que não envolviam os dois filhos pequenos. Para ser honesta, ninguém se importava muito com os irmãos Richter.

Assim que Pietro vira a última esquina, Wanda corre até seu encontro e se joga nos braços do irmão. O garoto faz força para conseguir carrega-la juntamente com as mochilas e o taco de beisebol:

- Você estava jogando, por isso demorou - a morena faz um bico de emburrada, Pietro revira os olhos.

- Nem demorei muito, foi pouca coisa, não seja manhosa - Wanda se debate em seu colo e pede para descer, o irmão faz sua vontade - Como foi na escola? - ele estende a mão para que a garota pegue.

- Foi chato, não gosto de vir para a escola.

- Se não for para a escola, não vai ter trabalho e vai passar o dia inteiro dormindo, igual a mamãe - a morena dá de ombros e finge não se importar.

- Não tem problema, gosto de dormir.

- Você está sendo muito mal criada hoje...sabe qual é a o castigo para esse tipo de criança? - Wanda nega com a cabeça - Cosquinha infinita - Pietro se joga contra o corpo da irmã e a puxa pela cintura, prendendo a garota entre suas pernas que começa a fazer cosquinhas onde conseguia. Wanda dava gargalhadas e tenta se desvencilhar das mãos do irmão, mas Pietro era forte e a mantém quieta imóvel.

- Pi...para...por favor - sua voz saia cortada pelas risadas, Pietro solta a irmã e arruma sua própria franja e pega as mochilas que haviam caído no chão - Você é chato - a mais nova coloca a língua para o irmão.

- Chega, vamos para casa. O pai fica bravo se chegar e o jantar não estiver pronto, você sabe disso - Wanda busca pela mão do irmão e não se opõe a voltar para casa.

Mesmo que sua vontade seja correr por alguns quarteirões, brincar na praça em frente a escola, a criança de apenas oito anos sabia que ela e o irmão tinham responsabilidades para cumprir em casa. Seu pai trabalhava o dia inteiro e a sua mãe passava dias trancada no quarto sem conversar com ninguém, apenas sucumbindo em sua própria depressão, permitindo que a doença a consuma.

Os dois entram na casa de paredes verdes, estava tudo quieto, não tinha ninguém em casa, além de Anna, que dormia no quarto principal no andar de cima. Pietro se senta na mesa com Wanda e os dois tiram uma hora do dia para fazer as atividades da escola. Apesar de não ter muita paciência para ensina-la, o garoto ajuda a mais nova com a atividade de matemática, suspirando fundo e tentando buscar um grau de paciência que não era esperada por um garoto de doze anos. Assim que terminam as atividades do dia, Pietro abre a geladeira na procura de algo que poderia ser transformado em comida:

- Posso tomar banho? - Wanda pergunta ao irmão enquanto limpava a mesa para ele.

- Uhum...mas não molha o cabelo, não vou te ajudar hoje - a criança não responde, apenas sobe as escadas correndo, arrancando um suspiro cansado do mais velho - Ela vai molhar o cabelo...

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