Capítulo Um

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  Não passava de mais um dia comum. Você, Anne Campbell, estava jogada no chão. O cigarro da sua mão esquerda exalava um cheiro mentolado, na mão direita estava a costumeira taça de vinho tinto.

— Droga...- Você murmurou, fechando os olhos com força e pressionando o cigarro aceso contra a sua perna. A dor instantanea do ardor era como um analgésico.

— Você deveria tomar um remédio. Suas dores de cabeça estão cada dia mais frequentes.- Megumi, um colega de quarto, me alertou.

Apenas murmurei um "fique tranquilo" enquanto o observava guardar alguns livros na escrivaninha.

— Ouvi dizer que teremos dois novos professores. É verdade?- Questionei.

O garoto me olhou pelo campo de visão, depois soltou um suspiro pesado.

— Sim, e um deles é o meu pai.- Ele respondeu, mas não parecia nenhum pouco animado.

— Sério? E por que isso não te anima?

Ele terminou de guardar suas coisas, levantou e pegou seu celular que carregava em cima da mesma escrivaninha. Ele foi a passos rápidos até a porta, mas antes de sair, ele disse:

— Isso provavelmente não vai animar ninguém, espere e veja.- Falou ríspido.

Não entendi direito - na verdade não entendi nada - mas também não liguei.

Terminei a taça de vinho, me levantei do chão e fui até a pia.

Teria aula de anatomia em alguns minutos, também conheceria um dos novos professores.

Caminhei em direção ao chuveiro.
Entrei na ducha, senti as gotas geladas caírem sob meu corpo. Meus cabelos longos e negros se misturavam com as gotas e se espalhavam pelo meu corpo.

Fechei os olhos apreciando a sensação. Minhas mãos deslizavam pelo meu corpo trazendo conforto. Aquilo era reconfortante, a dor de cabeça parecia diminuir.

Ensaboei meu corpo, depois peguei um frasco de shampoo e aproveitei para lavar o cabelo.

Sai do box, pegando o roupão e envolvendo meu corpo. Sequei meus pés num tapete e caminhei até o quarto em seguida.

Abri o guarda roupas e comecei a procurar algo.

— O que essa peça está fazendo aqui?- Me questionei ao notar uma blusa que não me pertencia.

Um sorriso inconsciente surgiu em meus lábios no instante que reconheci ser de Megumi. O homem é muito organizado - e lindo também, se me permite dizer - então como ele confundiu os lados do guarda roupa?

Estralei a língua e resolvi apenas ignorar, dobrei a blusa e me virei para guarda-la no lado dele.

— Mexendo no meu guarda roupa, Anne?- De repente a voz máscula soou.

Me virei pelo susto e então dei de cara com Megumi parado a poucos passos de mim.

— Primeiro, este guarda roupa é nosso, não só seu. Segundo, tinha uma peça sua do meu lado, eu estava apenas guardando.- Meus olhos ficaram fixos nos seus.

Ele deu um sorriso ladino, deu dois passos em minha direção e eu recuei.

— Que engraçado, eu voltei justamente para trocar de blusa.- Ele deu mais um passo, eu tentei recuar, mas minhas pernas foram de encontro com o guarda-roupas, me fazendo cair sentada no móvel que estava aberto.

Ele riu fraco enquanto eu gritei um palavrão.

— Obrigado, irei usar essa mesma.- Ele falou, se ajoelhou e pegou a blusa que eu ainda segurava.

Suas mãos passaram pelas minhas, claramente foi intensional. Seus olhos se mantinham fixos no meu corpo coberto apenas por um roupão.

— Vou deixar você se trocar, te vejo na aula.- Ele sorri e sai, como se não houvesse dito ou feito nada.

O desgraçado tem consciência do efeito que causa em mim. Desde o primeiro semestre, quando acidentalmente cai sentada no colo dele, ele não para de me provocar.

Vesti minha roupa, peguei uma mochila com o notebook e saí.

Peguei meu celular no bolso e liguei o bluetooth, conectei os fones e coloquei uma música que estou bem viciada nos últimos dias.

Passava pelos corredores e muitos dos alunos me davam "oi" ou comentavam algo.

Cheguei na minha sala e percebi todos os alunos em um rodinha.

Estranhei aquilo, nunca haviam feito isto antes.
Retirei um dos fones e guardei na caixinha, logo caminhei até o circulo, percebendo que todos conversam animados com alguém que está no centro.

Olhei em todos os cantos a procura de Megumi, mas logo percebi que o Fushiguro ainda não estava lá.

Adentrei o círculo e todos me cumprimentaram, até que meus olhos caíram no centro - lá estava a pessoa que causava todo aquele alvoroço entre os alunos. -

— Ah, oi! Prazer, meu nome é Satoru Gojo, sou seu novo professor de anatomia!- Ele me estendeu a mão.

Prontamente peguei-a e sorri.

— Prazer, Gojo! Meu nome é Anne. Suponho que você seja o pai do Megumi, correto?- Falei com uma certa estranheza, afinal o albino não tinha nenhum traço de Megumi.

Ele riu fraco.

— Desculpa, você deve estar me confundindo. Eu nem sequer tenho filhos...- Ele disse.

Me senti corar, no mesmo instante percebi que não havia soltado a mão dele ainda.

Puxei minha mão e sorri envergonhada.

— Que deselegância da minha parte!- Ri e fui acompanhada por outros alunos.- Soube que um dos dois novos professores era pai de um amigo meu, achei que poderia ser você.

— Aah!- Ele pareceu entender.- Você deve estar se referindo ao Toji. Já o conheci hoje mais cedo.

Dei um sorriso para ele que retribuiu.

A porta foi aberta e por ela entrou um Megumi apressado.

— Desculpa!- Ele disse antes de se juntar a nós.

— Que nada, nem começamos a aula ainda!- O professor disse feliz.- Uau!

Todos o encararam confusos, por que do "uau"?

— Você é a cópia exata do Toji... Deve ser o filho que a Anne acabará de dizer...- Ele disse sorridente.

O sorriso que Megumi trazia no rosto murchou no mesmo instante.

— É, sou eu sim.- Falou e caminhou até a carteira que ele senta.

O Gojo pareceu ficar confuso, então aproveitou a deixa para caminhar até a frente da sala e dar sua aula, agora que já havia se apresentado para todos.

Olhei para a carteira atrás de mim onde o Fushiguro estava, percebi de imediato que ele não parecia muito bem. Vou tentar conversar com ele após a aula...

Anatomia - Toji Fushiguro (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora