Capítulo Três

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Megumi e eu tivemos a mesma reação ao ver Toji parado bem na nossa porta. Sem ter muito o que fazer, Megumi pediu para que ele entrasse.

Eu fui até o fogão e coloquei uma água para esquentar.
Era cozinha americana, mas mesmo assim eu não escutava nada do que os dois falavam, pareciam cochichar.

Eu percebi uma gota de suor descer pelo rosto de Megumi, vi Toji serrar os punhos e tentar suavizar a expressão diversas vezes.

Fui tirada de minha atenção com o apito da chaleira, ela pareceu chamar a atenção dos dois homens que me olharam.

Dei um sorriso pequeno enquanto pegava duas xícaras.

Servi os chás e levei até eles, Megumi pegou e já levou a xícara até a boca, parece querer qualquer motivo para não ter que falar. Diferente do mais velho, que pegou a xícara e apenas a segurou, olhando fixamente para o filho.

- Eu preciso respirar.- Megumi falou de repente e saiu e se trancou no quarto, simplesmente me deixando plantada com o pai dele na sala.

Eu baixei o olhar, encarava meus pés na tentativa falha de pedir silenciosamente que o homem também se retirasse.

- Seu nome é como, mesmo?- Ele perguntou e voltou a se sentar na poltrona.

- Não tive a oportunidade de me apresentar direito, senhor. Prazer, sou Anne Campbell. Aluna do terceiro semestre de medicina.- Fiz uma mesura respeitosa.

O homem finalmente tomou um gole de sua xícara, em seguida soltou um riso nasal.

- Deixe disso, sente-se e me acompanhe. É muito chato ser novo em algum lugar...- Ele parecia querer desabafar.

Eu fui até a cozinha e peguei outra xícara, sentei-me à frente dele e esperei que ele prosseguisse.

- Eu fiquei feliz ao saber que daria aula na mesma faculdade do Megumi, achei que finalmente teria a oportunidade de me aproximar dele... Que tolice a minha.- Ele riu fraco.

- Magina, eu acho que o Megumi também gostaria de se aproximar de você!- Falei contente.

Ele ergueu a cabeça e me olhou nos olhos.
Que olhar, meus amigos, que olhar...

- Eu tento me aproximar do meu filho a anos... Desde que a mãe dele me trocou por outro cara, o Megumi parou de me ver como um herói, mas sim como um fracassado, como se fosse minha culpa da mãe dele ter ido embora... Eu fiz e faço de tudo para tentar ter ele ao meu lado, mas não importa o que eu faça, ele tem uma barreira comigo.- Toji soltou tudo de uma vez.

Eu fiquei boquiaberta, até então eu não sabia nada a respeito da relação de Megumi e o pai.

- Isso é esquisito... O Megumi não parece este tipo de cara!- Defendi.

- Eu também queria achar isso... Bom, eu já vou indo, obrigada pelo chá, senhorita Campbell!- Ele sorriu triste.

Me levantei para me despedir com um aperto de mão, mas me surpreendi ao ver o homem se aproximar e depositar um beijo na minha bochecha.

- Esqueci de perguntar qual sua matéria aqui...- Ele disse com o rosto ainda próximo ao meu.

Eu conseguia sentir o hálito mentolado que saía de sua boca, aquilo era levemente desconfortável! Ter o pai de um amigo tão próximo daquele jeito...

- Medicina.- Falei sem piscar, talvez até sem respirar!

Ele sorriu.

- Prazer, eu sou seu novo professor de traumatologia!- Ele sorriu ladino e pegou uma de minhas mãos.- Espero que você se dê bem comigo, vou adorar te dar algumas aulas!- Ele se inclinou e beijou minha mão.

Eu fiquei parada com a mão no ar.

É impressão minha ou o Toji acabou de falar algo de forma sensual para mim?!

- Ah, se não se incomodar, por favor não comente com o Megumi sobre o meu pequeno desabafo!

Nem tive como responder, o Fushiguro foi embora.

Com o bater da porta de entrada, a do quarto se abriu e por ela saiu um Megumi que foi direto ao forno para o desligar antes que a pizza queimasse.

Anatomia - Toji Fushiguro (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora