Capítulo 19

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   A mente é traiçoeira, ela te faz acreditar em coisas impossíveis, com o simples objetivo: Te trazer de volta para a realidade de uma forma extremamente dolorosa.

Tudo comigo aconteceu dessa forma. Eu acreditei, me apeguei, fui destruído, precisei me reconstruir. Era um ciclo infinito, até que eu cansei.

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Você ainda chorava desesperadamente, agora jogada no chão do seu quarto com Megumi que andava para lá e para cá, visto que não conseguia te ajudar de nenhuma forma.

— Ele sempre foi assim. Sempre faz alguém se apegar a ele, para sumir sem deixar rastros. Agora você entende por que eu não gosto dele?!

Você tentou engolir o choro, passando o antebraço nos olhos.

— Ele era tão sincero comigo... Parecia tão real, Megumi!- Você se levantou, aceitando a ajuda da mão dele.

Um toque soou na porta.

Vocês dois olharam.

— Olha, eu sei que não sou tão íntima de você, mas quero te ajudar...- Yuri disse ainda sem abrir a porta.

Megumi te encarou, como se perguntasse se podia abrir, você assentiu.

Ela entrou, ficando devastada ao ver seu estado.

— Megumi já tinha me contado que o Toji era desse jeito, eu confesso que quis por muitos dias te parar para conversar, tomar um café...- ela veio até você e segurou sua mão.

Ela parecia tão triste quanto você, como se compartilhasse de sua dor.

— Me desculpa...- Yuri te olhou nos olhos.

Você soltou um riso sem humor, apertando a mão dela com carinho.

— Você não tinha culpa, eu provavelmente não acreditaria e nós iriamos apenas discutir... mas valeu pela intenção.

Ela sorriu para você.

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Ele andava pelo aeroporto, a essas horas já estaria com a passagem comprada, mas agora...

Ah, mas que merda.

— Eu não quero...- sua voz era abafada e pesarosa.

Ela iria fazer igual a Eliz!

Elas não são a mesma mulher...

É nisso que você acredita? Rs.
Ah, claro que acredita.

Você é fraco. Você é irritante. Inútil. Substituível. Quem em sã consciência se interessaria por você?!

Vá embora!

Oh, pensamentos obsessivos.

Tão costumeiros, tão ruins, tão... seus.

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Dois dias se passaram, você não tinha notícias dele.

Estava praticamente sem dormir também, visto que ao fechar os olhos, a única coisa que você via era o rosto bonito, sorrindo ladino e te provocando.

Era tão difícil acreditar que ele era assim? Ah, sim.

Respirou fundo, mais uma vez indo até o contato dele, admirando a foto de perfil onde ele está no terraço de algum prédio.

Seus cabelos voando, os olhos vazios e os ombros largos. Tudo isso foi seu por um curto período de tempo.

Se é que você realmente pode dizer que o teve algum dia.

Anatomia - Toji Fushiguro (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora