I: Treze de Agosto

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Sabe quando vocês acordam no maior susto com o maior caos acontecendo ao seu redor? Isso é o mais rápido que dá para descrever o modo que fui retirado de meus sonhos mais abstratos para a realidade por circunstância de um grito de sua última paixonite no seu ouvido.

— Cacete! Jen?! — Voltei o rosto em sua direção, que estava portando Caliburn, indicando que estava realmente acontecendo alguma coisa, então só me joguei da cama levantando ainda zonzo, ao ponto de quase bater de cara em uma mesinha de canto.

— Gael, vamos logo! Estão te procurando, Salem está lutando! -- Não entender nada que a jovem havia dito só me havia deixado muito mais alerta, aguçando os sentidos.

— O que?! — Mal tive tempo de responder quando sou impedido por uma explosão ao lado da parede em que estava a cama, se tivesse demorado mais alguns segundos, com certeza teria sido esmagado.

Da parede que havia ruído, estavam entrando um bando de criaturas esverdeadas, com os olhos coléricos brilhando em vermelho. Um deles tentou me agarrar com suas pequenas garras, mas apenas atingiu a mesa em que iria bater o rosto instantes antes, quebrando o objeto com seu corpo. Jennifer apontou para a porta ao lado enquanto teve seu corpo engolido pelas sombras, bem que ela podia ter me transportado junto. E lá fui eu correr, abusando de minha condição ainda recém adquirida para passar da porta e notar que tinha ultrapassado uma das Portas de Pedro, saindo direto da porta de um banheiro químico, dando de cara com um casal de idosos, o homem cobriu os olhos de sua companheira e gritou:

— TARADO, PERVERTIDO! — Ambos saíram correndo como se não houvesse um amanhã, confesso que tinha ficado confuso até... olhar para baixo e notar que estava vestindo literalmente uma samba canção.

A vergonha e desespero tomaram conta dos meus pensamentos, que tipo de ideia idiota tinha sido aquela de só me deixar com uma única peça de roupa?! Sério, assim que estivesse com a Jennifer novamente, iria construir um triplex na cabeça dela! Mal tive tempo de aproveitar o agradável "ventinho" sem que tivesse sido surpreendido por um projétil flamejante.

— Capitão Cueca?! Eu sou sua maior fã! — Zombou a voz.

Virando meu rosto em sua direção pude notar que era um adulto de físico corpulento e completamente coberto por uma armadura que de algum modo tinha saído diretamente de algum jogo SoulsLike, sério... ele era IGUAL ao Soul of Cinder, será que eu tomo copyright só por compará-la à um boss? Naaah, eles vão entender que é só uma referência.

— E você, é? — Dei de ombros. — Juninho do Gás?!

— Muito engraçado. Você agora é meu. — O indivíduo apontou sua arma em minha direção, se tratava de um bidente. — Puxe sua espada, Capitão Cueca!

Não contive uma risada, sério, o cara tá realmente me chamando de Capitão Cueca como se eu fosse o arqui-inimigo dele.

— Tá querendo ver meu espadão é?! — Levantei a sobrancelha esquerda claramente tirando sarro da situação. — Primeiro você tem que ajoelhar e me dar uma-

O homem avançou tão rápido quanto a minha percepção, assustando os meus sentidos e obrigando meu corpo a dar um salto para a esquerda, desviando por pouco de uma estocada que este havia executado em sua arrancada, por pouco me atingindo.

— Cara, a gente pode resolver isso de um jeito muito mais tranquilo do que-

Ele girou a haste, batendo com o cabo da arma diretamente contra meu rosto, senti o corpo perder o peso até que um baque surdo indicou que tinha sido lançado até bater em uma árvore, mal tive tempo de me recuperar, rolando para a lateral para desviar de uma segunda estocada, que atingiu em cheio o caule do que sei lá tipo de árvore que o homem havia acertado, me dando a brecha para me levantar.

Os Contos de Nova Atlântica II: A Provação dos SeteOnde histórias criam vida. Descubra agora