Os Contos de Nova Atlântica II: A Provação dos Sete

V: Mais uma vez, apareço na TV.

Mais uma vez, um evento entre os amigos de outra pessoa e mais uma vez eu me senti um intruso. Arrependi-me amargamente de ter dado uma ideia na qual não queria lidar ao invés de ter apenas tentado passar aquelas horas só com a bruxa com participação especial da meia elfa, abraços desconfortáveis, apertos de mãos fracos, sorrisos forçados e olhar desinteressado, minha atenção estava praticamente na televisão quando Niko decidiu apresentar cada um de seus amigos. Eram tantos nomes e rostos que minha mente avoada até se lembraria deles, mas minha distração para o que acontecia na televisão provavelmente tinha sido o fator que me "desligou". Eles comeram, jogaram, riram e conversaram um monte, enquanto eu apenas, existia no ambiente, por vezes respondia alguma coisa acerca de minha condição vampírica ou alguma coisa sobre eles criarem uma agência de combate ao sobrenatural ou ingressarem em alguma já existente. Vocês com certeza devem estar se questionando o motivo de eu estar tão avoado e lhes dou a resposta com a maior sinceridade... Não faço ideia.

— Mas você ficou treinando por muito tempo, Sírius. — Me perguntou um dos amigos, este tinha cabelos encaracolados que escondiam as pontas dos chifres, olhos amarelos, feições jovens e pele clara, o odor de enxofre mascarado por um monte de perfumes diferentes, este era Astolfo, eu sei, nome velho para um adolescente, mas quem sou eu para julgar? Minha mãe me pôs com o mesmo nome de uma personagem de Senhor dos Anéis. — O que me diz de sei lá qualquer dia desses você topar sair com a gente caçar algum monstro grande e essas coisas?

— Não muito, os vampiros tem uma boa capacidade de reter informações úteis, meio que a gente consegue aprender e usar qualquer aprendizado obtido com maestria, caso a gente treine isto, é óbvio. Quanto ao tempo que fiquei treinando, acho que uns... oito ou nove meses. — Respondi ao demônio com imprecisão, para ser sincero não conseguia me lembrar exatamente acerca do tempo que fiquei treinando na A.R.E.S.

— E como era na sua agência? — A garota ao lado dele perguntou, ela tinha cabelos crespos em um "black power", pele negra, delicadas feições e um olhar curioso, aparentemente era uma humana que havia decidido se tornar caçadora.

— Olha Mally, no começo? Foi difícil, eu mal sabia a diferença entre segurar uma espada ou um martelo, não tinha técnica alguma e ainda por cima borrava de medo até para os diabretes. — Todos riram. — Hoje até tenho certa amizade com alguns. — Completei.

Estranhamente estar perdendo um pouco de tempo ali estava me deixando um pouco mais animado de também ficar conversando com os amigos de Niko, por sua vez, a garota tinha saído por um momento. Foi quando um outro também parecia me questionar algo, seu nome era Marcus e tinha cabelos lisos presos em um rabo de cavalo, um físico mais sedentário que os outros ali e uma expressão que com certeza era de alguém que deveria estar desconfiado, era um sorriso seguro demais, expressões em que claramente parecia que estava se forçando a fazer aquilo. Este se sentou ao meu lado enquanto Gwyn ainda não voltava, para me questionar algo.

— Então Sírius, a gente meio que está estudando na Academia de Vera Cruz, e fazemos parte de um projeto para conseguirmos passar para uma matéria extra, a qualificação para nos tornarmos Caçadores.

— Certo e vocês tem alguma experiência com isto? Suponho que antes de serem aprovados haverá um teste ou algo assim, correto? — Questionei.

— Isso mesmo, mas a gente não tem experiência alguma com o combate contra monstros ou então contra esse pessoal que fica fazendo essas besteiras. — O jeito que Marcus falava me fazia achar o contexto um pouco engraçado, me lembrava um personagem de desenho antigo. Mas aquilo me deu uma ideia, era perigoso mas, podia usar eles para contra o Equinócio...

— Voltei gente, olha o que o Sírius fez! — A voz de Gwyn pareceu tomar destaque enquanto vinha segurando o tabuleiro com a pizza.

— Sério? Eu adoro pizza! — Disse Astolfo, prontamente apanhando um pedaço. — Caramba, isso tá muito bom mesmo cara!