Soltei a Biwa sabendo que seria absorvida pelo Ofanim enquanto corria o mais rápido que podia, trazendo para minha mão esquerda, justamente o Redentor para golpear os deploráveis zumbis que ousavam se por entre a corrida e a entrada da terceira casa.
— Pare de ser covarde e me enfrente! — Urrei enquanto cruzava a entrada em passos apressados.
A luz da manhã refletia em todas as coisas ali presentes, tudo feito do mais puro ouro, ou então adornado com a coloração roxa em que tanto ostentava, de início pensei que Diocleciano fosse a representação do anti-orgulho, ou seja, a Humildade, porém o homem não se mostrava alguém que tinha algum orgulho.
— Você quer me enfrentar? Que assim seja. — O imperador gargalhou enquanto segurava a lança de ouro com firmeza.
Apesar de ser um zumbi, ele era rápido, rápido o suficiente para me causar dificuldades na hora do embate, dificuldades estas centradas em golpear os eixos das asas daquela lança, evitando que o objeto dourado tivesse algum sucesso em me atingir, golpes na horizontal eram feitos em uma tentativa de abrir minha guarda, algo que reagia com rápidas passadas, tentando violentamente flanquear as laterais de Diocleciano a medida que nossos golpes só atingiam nossas armas em um barulho de impacto alto, ou apenas acertavam o ar.
— Você é bom, muito melhor do que aquele imprestável! Vou adorar matar você e usar seu corpo para integrar o meu exército!
Não respondi, estava voltando toda a minha atenção em tentar superar a velocidade de reação do imperador, o que me fez usar minha energia arcana novamente naquele estranho feitiço de lentidão, aquilo funcionou por breves dois segundos, o suficiente para conseguir saltar acima do corpo do romano e enfiar a lâmina contra as costas do oponente, forçando o tempo a correr normalmente ao mesmo tempo em que um grito de horror tinha sido feito. Diocleciano agora estava no chão, seu corpo ressecado estava começando a murchar, tornando traços de mumificação e aos poucos, se dissolvendo em poeira, restando um item no solo, a lança de ouro.
Meu corpo ainda estava tenso, sentia a mesma sensação de uma presença demoníaca ameaçadora, foi quando uma lufada de ar carregando aquelas cinzas se chocou contra minhas costas, sem oferecer dano algum, eu apenas era um obstáculo para a poeira se reunir no centro daquele improvisado palácio, aquela poeira estava ganhando massa, uma forma que remetia um animal quadrúpede, com cabeças de distintos animais divididos em pescoços longos como uma serpente, aquilo era um demônio da mesma espécie Legião.
— Esse é o poder que nem mesmo Jorge conseguiu enfrentar! Morra ante o poder dos antigos deuses! — Urram várias vozes unidas, juntamente com a voz de Diocleciano. — Se renda ao luxo de se tornar meu!
O monstro não avançou, apenas abriu suas bocas em minha direção, aquilo com certeza não era um bom sinal, sem enrolação, pego a lança de ouro disparando em uma corrida para a lateral, seguido por projéteis de energia arcana que atingiam o chão ou então os objetos de ouro daquele ambiente, por sorte, o aumento de tamanho significou uma redução na velocidade do oponente mas, aquilo não iria impedir deste usar uma de suas inúmeras cabeças para me distrair enquanto as outras sei lá poderiam me desmembrar por completo em segundos. Selar aquela lança era inviável levando em conta de que estava em pleno combate, ou seja, não podia me dar ao luxo de perder o objeto descartando-o como normalmente faço com os outros objetos, sabendo que antes mesmo de tocarem o solo, já estariam preservadas no inventário do Ofanim. Com o objeto em mãos usei de sua ponta dourada para rebater os feixes amarelos que eram disparados em minha direção por aquela centena de cabeças, a cada golpe repelido, podia sentir o calor opressor do poderio bruto do demônio tomar conta do lugar a cada vez que errava um dos golpes, derretendo alguma parte daquela estrutura dourada ao invés de me pulverizar. A criatura não estava me testando, aquilo com certeza era vingança pessoal, os pensamentos acelerados me deram a solução necessária para enfrentar a criatura, precisava testar algo outrora instruído por Salem. Avancei com tudo em um ataque direto, minha velocidade era o suficiente para evadir dos botes e responder com movimentos velozes da lança, ora atingindo com a área da haste atordoando as respectivas cabeças ou então as retaliando quando ao invés da haste, era a lâmina em formato de águia atingia seus alvos, literalmente cabeças rolaram pelo solo enquanto as remanescentes gritaram em ódio, forçando Legião se apoiar em suas patas traseiras apenas para usar as dianteiras em uma tentativa de me dar uma patada, me dando a oportunidade para abaixar o corpo, segurando a haste da lança com ambas as mãos e erguendo o corpo assim que a pata apenas atingisse o ar, resultando em fincar o objeto dourado contra o tórax da criatura, fazendo cinzas explodirem do ferimento, constantemente sendo levadas pelo ar enquanto ao mesmo tempo a criatura tentava me retaliar com suas garras, sem sucesso visto a carga de dor que causava no oponente. Por fim saí debaixo da criatura enquanto o corpo agora sem vida estava se desfazendo, apenas deixando a lança no chão, mais uma vez, porém, sabia que aquilo não tinha acabado.
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Os Contos de Nova Atlântica II: A Provação dos Sete
Fantasia"Hey, pessoal! Animados para mais uma jornada de tirar o fôlego? Depois de uma luta épica com um boneco de borracha que se achava o próprio pecado em forma de brinquedo, a gente nem teve tempo pra tomar uma coquinha gelada. A vida de caçador de mist...